A MELHOR PARTE DA CORAGEM É A PRUDÊNCIA.
Antes de concluir esta sequência, relembro que a
telefonia móvel celular não é tão recente quanto costumamos imaginar. A
tecnologia começou a ser testada experimentalmente no início do século passado,
em trens militares alemães, e os primeiros modelos para automóveis surgiram na
década de 1940 — mesma época em que os Laboratórios
Bell (nos EUA) começaram a desenvolver um sistema de alta capacidade, interligado
por diversas antenas (chamadas de “células”, donde o termo “celular”).
No final da década de 1950, a sueca Ericsson lançou seu Mobilie Telephony A, que pesava 40 kg e
precisava ser acomodado no porta-malas dos carros. Paralelamente, a URSS criou
o "Altay" (serviço
nacional de telefonia móvel civil para carros que, duas décadas depois, era usado
somente em 30 cidades). Em 1973, a americana Motorola apresentou seu DynaTAC
8000X, que media 25 x 7 centímetros e
pesava cerca de 1 kg.
Em 1979, a telefonia celular entrou em operação no
Japão e na Suécia; em 1983, a americana AT&T
criou uma tecnologia específica, usada pela primeira vez na cidade de Chicago,
mas que não se popularizou devido ao tamanho gigantesco dos aparelhos, sem mencionar
que a autonomia da bateria não passava de 30 minutos, mas a recarga levava mais
de 10 horas.
No Brasil, a tecnologia desembarcou em meados da década
de 1980, mas os telefoninhos (força de expressão, pois eram tijolões pesados e
desajeitados) só começaram a se popularizar nos anos 1990. Até a privatização das TELES, em 1998, habilitar
uma linha (tanto móvel quanto fixa) era um processo trabalhoso, demorado e
caro. No caso específico dos celulares, a tecnologia incipiente, a insuficiência
de células (antenas) e a profusão de “áreas de sombra” restringiam o sinal,
limitando o uso dos aparelhos a grandes centros urbanos e, mesmo assim, apenas
em algumas regiões. Sem mencionar que o preço das ligações era proibitivo, e que
até mesmo as chamadas recebidas eram cobradas (ainda que com base num valor
inferior às ligações geradas pelo aparelho. Mas não há nada como o tempo para
passar.
Com o fim do monopólio estatal das telecomunicações, a livre
concorrência entre as operadoras produziu bons frutos para os consumidores. Além
de aparelhos a preços subsidiados (em troca de fidelidade por um ano, sob pena
de multa proporcional em caso de rescisão antecipada do contrato por iniciativa
do usuário), a redução no custo das ligações e a gratuidade nas ligações entre
números da mesma operadora democratizaram e popularizaram os diligentes
telefoninhos. Paralelamente, o hardware ficava cada vez menor, ao passo que a
gama de recursos e funções crescia a passos de gigante.
Em 2007, Steve
Jobs, então CEO da Apple, revolucionou o mercado com o inovador
iPhone. Sem outra opção, os fabricantes
de celulares concorrentes se apressaram em se adequar para produzir smartphones em vez dos dumbphones de até então. Assim, o que
já era bom ficou muito melhor. Só que maior. A miniaturização deixou de fazer
sentido em aparelhos que, aos poucos, foram se transformando em verdadeiros PCs
ultraportáteis. O primeiro telefone celular capaz de acessar a Internet não foi
o iPhone, mas sim o Nokia 9000 Communicator,
lançado em 1996. O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que essa
funcionalidade só estava disponível para quem morasse na Finlândia. Afinal,
nada é perfeito.
Voltaremos aos notebooks
no próximo post. Para saber mais sobre telefonia móvel e a evolução dos
celulares e smartphones, clique aqui e acesse o primeiro capítulo de uma longa sequência que eu publiquei sobre esse tema, poucos meses atrás.