segunda-feira, 26 de outubro de 2020

SOBRE NOTEBOOKS, SUPERAQUECIMENTO ETC. (Parte IV)

A MELHOR PARTE DA CORAGEM É A PRUDÊNCIA.

Antes de concluir esta sequência, relembro que a telefonia móvel celular não é tão recente quanto costumamos imaginar. A tecnologia começou a ser testada experimentalmente no início do século passado, em trens militares alemães, e os primeiros modelos para automóveis surgiram na década de 1940 — mesma época em que os Laboratórios Bell (nos EUA) começaram a desenvolver um sistema de alta capacidade, interligado por diversas antenas (chamadas de “células”, donde o termo “celular”).

No final da década de 1950, a sueca Ericsson lançou seu Mobilie Telephony A, que pesava 40 kg e precisava ser acomodado no porta-malas dos carros. Paralelamente, a URSS criou o "Altay" (serviço nacional de telefonia móvel civil para carros que, duas décadas depois, era usado somente em 30 cidades). Em 1973, a americana Motorola apresentou seu DynaTAC 8000X, que media 25 x 7 centímetros e pesava cerca de 1 kg.

Em 1979, a telefonia celular entrou em operação no Japão e na Suécia; em 1983, a americana AT&T criou uma tecnologia específica, usada pela primeira vez na cidade de Chicago, mas que não se popularizou devido ao tamanho gigantesco dos aparelhos, sem mencionar que a autonomia da bateria não passava de 30 minutos, mas a recarga levava mais de 10 horas.

No Brasil, a tecnologia desembarcou em meados da década de 1980, mas os telefoninhos (força de expressão, pois eram tijolões pesados e desajeitados) só começaram a se popularizar nos anos 1990. Até a privatização das TELES, em 1998, habilitar uma linha (tanto móvel quanto fixa) era um processo trabalhoso, demorado e caro. No caso específico dos celulares, a tecnologia incipiente, a insuficiência de células (antenas) e a profusão de “áreas de sombra” restringiam o sinal, limitando o uso dos aparelhos a grandes centros urbanos e, mesmo assim, apenas em algumas regiões. Sem mencionar que o preço das ligações era proibitivo, e que até mesmo as chamadas recebidas eram cobradas (ainda que com base num valor inferior às ligações geradas pelo aparelho. Mas não há nada como o tempo para passar.

Com o fim do monopólio estatal das telecomunicações, a livre concorrência entre as operadoras produziu bons frutos para os consumidores. Além de aparelhos a preços subsidiados (em troca de fidelidade por um ano, sob pena de multa proporcional em caso de rescisão antecipada do contrato por iniciativa do usuário), a redução no custo das ligações e a gratuidade nas ligações entre números da mesma operadora democratizaram e popularizaram os diligentes telefoninhos. Paralelamente, o hardware ficava cada vez menor, ao passo que a gama de recursos e funções crescia a passos de gigante.

Em 2007, Steve Jobs, então CEO da Apple, revolucionou o mercado com o inovador iPhone. Sem outra opção, os fabricantes de celulares concorrentes se apressaram em se adequar para produzir smartphones em vez dos dumbphones de até então. Assim, o que já era bom ficou muito melhor. Só que maior. A miniaturização deixou de fazer sentido em aparelhos que, aos poucos, foram se transformando em verdadeiros PCs ultraportáteis. O primeiro telefone celular capaz de acessar a Internet não foi o iPhone, mas sim o Nokia 9000 Communicator, lançado em 1996. O detalhe — e o diabo mora nos detalhes — é que essa funcionalidade só estava disponível para quem morasse na Finlândia. Afinal, nada é perfeito.

Voltaremos aos notebooks no próximo post. Para saber mais sobre telefonia móvel e a evolução dos celulares e smartphones, clique aqui e acesse o primeiro capítulo de uma longa sequência que eu publiquei sobre esse tema, poucos meses atrás.