SE VOCÊ QUER OS ACERTOS, ESTEJA PREPARADO PARA OS ERROS.
Vimos que o ábaco é considerado o antepassado mais remoto do computador, embora seja mais apropriado associá-lo à máquina de calcular.
Por outro lado, se “computar” é sinônimo de "calcular", o computador é, basicamente, uma calculadora capaz de efetuar um número astronômico de cálculos numa velocidade absurda.
Isso se deve em grande medida
à CPU, que sempre foi vista (e não
sem razão) como o cérebro do PC. Tanto que, até recentemente, referíamo-nos ao aparelho pelo modelo/velocidade do seu processador. Assim,
fulano tinha um “386” (referência ao
chip Intel 80386); sicrano, um “Pentium 200” (200 MHz, no caso, que correspondem a 200 milhões de
ciclos por segundo); beltrano, um K6
II (modelo da AMD que
antecedeu ao Athlon e
concorreu diretamente com o festejado Pentium
II) e por aí afora.
Aqui cabe abrir um parêntese para esclarecer que CPU — sigla de Central Processing Unit — designa o processador principal do computador, e não a caixa que abriga a placa-mãe e seus agregados (à qual se convencionou chamar de gabinete, case ou torre). E que chamamos de “velocidade” da CPU é, na verdade, a frequência de operação do chip — grandeza expressa em Hertz e seus múltiplos (nos modelos atuais, utiliza-se o GHz).
Muitos usuários — hoje menos que antigamente, é verdade — costumam avaliar a performance do PC pela frequência de operação da CPU que o integra, sem levar em conta que essa grandeza, tomada isoladamente, não reflete o “poder de fogo” do processador nem (muito menos) o do computador como um todo.
A associação direta deixou de fazer sentido quando as arquirrivais Intel e AMD desenvolveram tecnologias inovadoras para aumentar o poder de processamento de seus chips, tais como o coprocessador matemático, o cache de memória, o multiplicador de clock etc. Assim, dois processadores de marcas e/ou modelos distintos, mesmo operando à mesma frequência, podiam (e continuam podendo) ter desempenhos diferentes.
Para entender isso melhor, tenha em mente que a velocidade do processador corresponde à sua frequência de operação, que é medida em ciclos de clock por segundo e expressa em múltiplos do Hertz. Em tese, quanto maior a velocidade, tanto melhor o desempenho. Na prática, porém, um chip operando a 3 GHz, por exemplo, realiza 3 bilhões de ciclos por segundo, mas o que ele consegue fazer a cada ciclo é outra conversa.
O melhor aproveitamento do clock permitiu aos processadores da AMD superar o desempenho de modelos da Intel, que operavam a frequências mais elevadas. O difícil foi convencer os consumidores, até porque a famosa Lei de Moore (Gordon Moore foi um dos fundadores da Intel) estabeleceu que o poder de processamento dos computadores dobra a cada 18 meses (*). Assim, aos olhos dos menos iniciados, a CPU mais “veloz” era necessariamente a melhor, e o mesmo raciocínio se estendia ao computador.
(*) A rigor, o que Gordon Moore (co-fundador da Intel) previu em 1965 foi que a densidade de transistores nos chips usados por computadores (e hoje smartphones) dobraria a cada 18 meses (ou 1,5 ano). Isso significa que os transistores (minúsculos interruptores) diminuiriam de tamanho e duplicariam em quantidade nos chips, aumentando sua capacidade de processamento e promovendo o avanço de sistemas tecnológicos. A projeção se mostrou real e padronizou os avanços exponenciais das tecnologias de computação, mas esse avanço frenético deixou de acontecer, pelo menos como acontecia até algum tempo atrás. Desde os anos 1970 que o silício foi adotado como matéria-prima para a produção dos circuitos integrados que formam os chips, e o avanço dos processadores, que já foi de 10 vezes a cada cinco anos e 100 vezes a cada 10 anos, caiu para pequenos porcentuais anuais. Em última análise, a Lei de Moore foi "ficando mais lenta" conforme as coisas ficaram menores.
Observação: Como aprendi com o mestre Carlos Morimoto,
“todo computador é tão rápido quanto o dispositivo mais lento que ele integra.”
Isso significa que um 386, abastecido com uma quantidade suficiente de memória
RAM e tendo espaço suficiente no HD, poderia rodar o Windows 95 e a maioria dos
programas daquela época, até mesmo jogos, só que muuuuuuuuuito devagar.
Continua...