Atualização: Edson Fachin e Luís Roberto Barroso votaram neste domingo contra a possibilidade de Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia se reelegerem no comando do Senado e da Câmara.Com isso, formou-se maioria para barrar a recondução para um mandato subsequente, dentro da mesma legislatura, na Mesa Diretora das duas casas. Já haviam votado nesse sentido os ministros Luiz Fux, Marco Aurélio, Cármen Lúcia e Rosa Weber.
“Respeitar os limites do texto nada tem que ver com tolher a autonomia do Poder Legislativo: cuida-se simplesmente de indicar o melhor caminho para o aprofundamento de nossa democracia”, afirmou em seu voto Edson Fachin.
Resta saber, agora, se Artur Lira, o candidato do capitão-cloroquina à presidência da Câmara, é "o melhor caminho". Que Deus nos ajude a todos (a ter condições de deixar esta republiqueta de almanaque, em vida, naturalmente, e não voltar nem para fazer visita).
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Não sei se é porque os escândalos se sucedem sem cessar nesta republiqueta
de almanaque ou porque os brasileiros perderam a capacidade de se indignar, mas sei que a denúncia feita pelo O Estado de São Paulo no dia 22 do mês passado, sobre
o risco de quase
sete milhões de testes RT-PCR estocados num depósito em Guarulhos (SP) irem
para o lixo — e com eles R$ 290 milhões do suado dinheiro dos
contribuintes —, já migrou da primeira página para uma nota de
rodapé no segundo caderno.
Infelizmente, no Brasil é assim: o que não sucumbe ao apetite pantagruélico dos políticos corruptos é malversado por gestores chinfrins, incapazes de encontrar o próprio rabo usando ambas as mãos e uma lanterna.
A despeito de o Conselho Nacional de Secretários de Saúde ter alertado
para a falta de kits de testagem em vários Estados, o ministério da Saúde justificou
o descalabro dizendo que a distribuição dos testes dependia da requisição
para estados e municípios. Em qualquer país que se dê ao
respeito, os responsáveis por um descalabro desses seriam afastados do cargo e
submetidos a processo. Aqui, não.
Na avaliação de cientistas, imunologistas, infectologistas e
outros “istas”, a testagem em massa é fundamental para controlar a
disseminação do vírus e reduzir o número de vítimas. Mas o governo prefere culpar a
população, que não vem respeitando as medidas de isolamento social, uso de
máscaras e outras profilaxias, embora seja exatamente isso que Bolsonaro sempre desde sempre. Isolamento, só para maiores de 80 anos que moram
com os pais. Os demais precisam trabalhar, que o Brasil não pode parar.
Graças ao negacionismo atávico e a teimosia asinina desta
gestão (se é que se pode chamar este descalabro de “gestão”), a maior pandemia
sanitária dos últimos 100 anos — que o capitão não só chama
de “gripezinha”, mas também insulta nossa inteligência dizendo que nunca disse
isso, embora não
faltarem vídeos provando que ele disse, sim, e não uma, mas várias
vezes — já produziu quase 180 mil cadáveres no país.
Lamentavelmente, a “democracia
consolidada” do ministro Luís Roberto Barroso é na verdade uma
administração perdulária, comandada por um mandatário que comete toda sorte de
crimes de responsabilidade porque
sabe que impunidade está assegurada e protegida pelo esquecimento fácil e
rápido. E é a certeza da impunidade que permite ao clã presidencial não só
desconsiderar os interesses nacionais como agir contra eles.
Eduardo Bolsonaro é um bom exemplo. Não é de hoje que
suas declarações criam problemas para o país. Integrantes do governo reconhecem
que o filho do presidente é um estorvo, e que o pai deveria despachá-lo para a Cochinchina.
O problema é que ele dificilmente seria aprovado pelo Senado para um posto fora
do país.
Em março passado, o pimpolho causou um “incidente
diplomático” ao atribuir à China a pandemia da Covid-19 e comparar
o caso a Chernobyl. O embaixador chinês exigiu desculpas, mas o
chanceler Ernesto Araújo endossou a crítica. O vice-presidente
minimizou o imbróglio. “Se
o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha não era problema nenhum”, disse
o general.
Na semana passada, Bananinha
voltou a atacara a China. Dessa vez levou uma carraspana do Bananão. Apagou a mensagem, mas não foi afastado da Comissão de Relações
Exteriores da Câmara nem submetido a processo disciplinar. Ficou impune, a
exemplo de tantos outros que agem contra os interesses do Brasil.
Pense em qualquer dos autores e envolvidos nas
monstruosidades da gestão em curso, incluídas as do próprio mandachuva de turno,
e tente encontrar entre eles um único que tenha sofrido as consequências
devidas. É o governo da impunidade.