Depois que a Anvisa
condenou o tratamento precoce com fármacos sem eficácia comprovada contra a Covid, o capitão-cloroquina apagou todas
as fotos em que aparecia com a caixinha do remédio na mão e um sorriso aparvalhado
no rosto. Em nota, ele declarou que não é coveiro nem muito menos curandeiro, que
quem queria distribuir mamadeiras de cloroquina em creches e escolas era o Lula, mas ele impediu. Numa live,
acusou a bancada do PT na Índia de
atrasar a remessa dos 2 milhões de doses da vacina de Oxford; no
cercadinho, durante a habitual conversa de alcova com apoiadores descerebrados
como ele, confidenciou que agora a prioridade do governo é consertar a relação
com a China... que a Dilma destruiu.
A OMS embarcou na
onda do tratamento precoce, mas, em vez de cloroquina e remédio para piolho, recomendou
o impeachment de Bolsonaro. “Não tem comprovação científica nem que sim
nem que não” — disse o diretor da organização, mas é o melhor remédio contra
verme que conhecemos”, disse o diretor.
Enquanto conversas sobre impeachment ganham corpo, aumenta o número de brasileiros que se dizem dispostos a tomar a vacina. Afinal, o único efeito colateral da CoronaVac é fechar a tramela do capitão, ao passo que o impeachment acarreta a indesejável promoção do vice a presidente.
Assessores palacianos que não quiseram se
identificar disseram que quando o morubixaba ficou mudo por 24 horas, depois
que a Anvisa aprovou a “vacina chinesa do Doria”, o governo
viveu seu melhor momento em dois anos. Estão pensando até e fazer um abaixo-assinado
pedindo à Anvisa que aprove uma vacina
por semana até 2022, para deixar o capitão-falastrão mudo até o fim de seu
indigesto mandato.
Depois que o ministro
Lewandowski encaminhou a Augusto Aras
a notícia-crime protocolada por parlamentares do PCdoB contra o presidente de fancaria e seu ministro de araque, por atos omissivos e comissivos no combate à Covid, o passador de pano geral da banânia despertou de sua habitual
letargia, mas decidiu acusar o pajé e livrar o rabo do cacique. Como se o
que obedece da dupla um
manda, outro obedece tivesse vontade própria, não fosse apenas um
cumpridor de ordens do que manda.
Em sua defesa, o militar expert em logística que não
consegue encontrar o próprio rabo usando as duas mãos e uma lanterna afirmou
que “não teve tempo para comprar vacinas, seringas e agulhas porque estava
envolvido com a fuga de suas duas tartarugas de estimação. “O bicho é rápido demais, não consegui pegar”,
disse ele.
O ministro que, diante do morticínio causada pela falta de
oxigênio hospitalar, inundou a capital do Amazonas com kits-Covid à base de
cloroquina, vai ficar em Manaus “o tempo que for necessário” (não se sabem bem
para quê). Depois, ele irá pessoalmente à Índia buscar as vacinas. Mas só
depois que aprender a amarrar os sapatos. O general prometeu também convocar uma
coletiva para explicar sua expertise em logística assim que achar a saída de
seu escritório, que só tem uma porta.
Enquanto isso, o mito mitômano dos acéfalos descerebrados voltou
a atentar contra a saúde pública numa declaração criminosa em sua cavalgada
contra a vida dos brasileiros e a favor de sua distorcida agenda eleitoral. Contra
as vacinas e a favor do tratamento comprovadamente inútil com
hidroxicloroquina, o garboso cruzado perguntou se não seria melhor investir
na “cura” da Covid do que na
imunização da população.
Um brasileiro que não aguenta mais sofrer na mão do amigo
dos milicianos perguntou se não seria mais barato para a Saúde e Economia do
país investir num processo de impeachment por crimes de responsabilidade do que
esperar as eleições de 2022., embora com a ressalva de que “a impugnação da
chapa seria até melhor”. A aposta do governo num remédio contra parasitas
inspirou esse brasileiro sofredor a recomendar a saída às ruas para todos seus
amigos como remédio contra os vermes que corroem a democracia brasileira.
Last, but not least: o presidente disse ontem que mostrará amanhã
as provas de que ganhou a eleição de 2018 ainda no primeiro turno. Já é o
quadragésimo oitavo crime de responsabilidade que ele comente só nesta semana. Sua
insolência garantiu ainda que tem provas de que seus eleitores acreditam em
qualquer porcaria: “eles acreditam em
mim”. E voltou a dizer que tem provas de que ganhou todas as eleições
presidenciais desde 1985, de que o dólar está a 1,99 e que o PIB privado de sua
família cresceu 450% desde que entraram para a política. Na manhã seguinte, disse
a apoiadores no cercadinho que vai proibir (outra vez) a compra de 46 milhões
de doses de CoronaVac que Pazuello tinha anunciado em outubro, e
que nenhuma vacina será obrigatória. A interlocutores, ele confessou que seu
medo é que a vacina funcione.
Num governo em que a fundação Palmares é racista, o
ministério do Meio Ambiente estimula o desmatamento, o da Justiça protege os
filhos do presidente, o da Educação destrói o ensino público, o da Economia
gera desemprego, o da Mulher e Diversidade é homofóbico e misógino, num governo
assim não se pode correr o risco de uma vacina funcionar.
Com Sensacionalista.