sábado, 9 de janeiro de 2021

VAI SOBRAR VACINA E FALTAR TEMPO PARA O IMPEACHMENT DE TRUMP


Com um napoleão de hospício brincando de presidente e vituperando estultices para levar ao delírio sua récua de apoiadores descerebrados — numa das mais recentes, chamou Willian Bonner de canalha —, não era de esperar que o autodeclarado expert em logística, nomeado ministro para bancar o boneco de ventríloquo e, en passant, transformar a pasta em cabide de fardas para os amigos do rei, gestasse e parisse um cronograma de vacinação que não fosse uma quizumba.

Curiosamente, dias depois que o governador João Doria anunciou que a imunização dos paulistas começa no próximo dia 25, o ministro general (que até recentemente não tinha vacina, seringa, agulha nem algodão em quantidade suficiente para vacinar meia dúzia de gatos pingados) declarou que o governo federá começará a vacinar todos os brasileiros no dia 20. Vá ser eficiente assim no mato!

Existe “muita incompreensão” por parte da imprensa em relação às medidas que o governo vem tomando para o enfrentamento da pandemia, disse o general, que também reclamou de ter sido chamado de “fracassado” e dos repórteres fotográficos, que batem fotos suas toda vez que ele se move. 

Ainda sobre as vacinas, o Instituto Butantan finalmente encaminhou à Anvisa o pedido de autorização temporária de uso emergencial e em caráter experimental da CoronaVac. Trata-se do primeiro pedido de uso de uma vacina contra a Covid feito à agência, que deve levar cerca de 10 dias para decidir se autoriza ou não. Sem detalhar os dados, o diretor do instituto afirmou que o imunizante tem eficácia de 78% para evitar casos leves e de 100% para quadros moderados e graves.

A compra da "vacina chinesa do Doria" é assunto delicado no governo federal. Por disputa política com o governador paulista, Bolsonaro fez seu preposto a recuar de uma proposta de aquisição do imunizante em outubro. "Senhores, é simples assim. Um manda e outro obedece", explicou, constrangido, o subserviente general, que agora pretende comprar 100 milhões de doses da CoronaVac — ou seja, toda a produção do instituto prevista para este ano.

Na quinta-feira, ao apresentar parte dos dados à Anvisa, o governador paulista cobrou que a agência mantenha a "independência" na análise: "E em nenhum momento, mas em nenhum momento pense em atender a qualquer tipo de pressão de ordem ideológica ou de outro tipo de pressão para prejudicar a velocidade imperativa de oferecer a essa vacina a oportunidade de salvar vida de brasileiros em nosso País", disse ele.

De acordo com Pazuello, toda a produção do Butantã será incorporada ao plano nacional de imunização coordenado pelo governo federal. Doria, porém, tem outros planos — como dito, a ideia é iniciar a vacinação em São Paulo no dia 25 de janeiro, com foco em profissionais de saúde, e imunizar a população com 60 anos ou mais até 28 de março. O tucano recorreu ao STF e o ministro Lewandowski concedeu uma liminar garantindo que o comandante da Saúde não ponha as patas nos insumos comprados pelo Estado de São Paulo.

Observação: O contrato que o governo assinou com o Butantan prevê a entrega de 8,7 milhões de doses da CoronaVac até o próximo dia 31. Ao todo, são 100 milhões de doses —, segundo Pazuello, "toda a produção" será incorporada ao Plano Nacional de Imunização, o que gera novo impasse com o governo paulista. Doria não abre mão de iniciar a vacinação no estado em 25 de janeiro e prevê 60 milhões até o fim de março — leia na coluna de Thais Arbex

O governo federal ainda tem contrato com a Fiocruz para a produção e distribuição distribuir de 210,4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford a partir de fevereiro. A fundação articula a importação de 2 milhões de doses prontas, provenientes da fábrica indiana, para aplicar ainda em janeiro, e, a exemplo do Butantan, solicitou nesta sexta-feira o registro de uso emergencial do imunizante.

Last but not least, deputados democratas devem apresentar nesta segunda-feira um pedido de impeachment contra Donald Trump. Eles solicitaram ao vice-presidente Mike Pence e ao gabinete de Trump que invoquem a 25ª Emenda, visando à destituição do presidente doidivanas. 

Os principais democratas da Câmara dizem que há amplo consenso para a ação, que, se bem-sucedida, seria um marco histórico: nenhum presidente americano jamais sofreu impeachment duas vezes. Para além disso, a única alternativa para depor o troglodita laranja antes da posse de Biden, marcada para o próximo dia 20, é sua exoneração pelo legislativo.

A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, chamou Trump de “desequilibrado” (ela deveria conhecer a versão tropicalizada desse merda) e reforçou que é dever do Congresso proteger os americanos. Em carta a seus pares, Pelosi diz que procurou o presidente do Estado-Maior Conjunto, Mark Milley, para “discutir as precauções disponíveis para evitar que um presidente instável inicie hostilidades militares ou acesse os códigos de lançamento e ordenando um ataque nuclear”. A parlamentar afirma que “A situação deste presidente desequilibrado não poderia ser mais perigosa e devemos fazer tudo o que pudermos para proteger o povo americano de seu ataque desequilibrado ao nosso país e à nossa democracia”. 

Todavia, é improvável que o Senado, controlado pelo Partido Republicano, aja antes que Trump deixe o cargo. O impeachment anterior, por abuso de poder e obstrução do legislativo, foi um processo de quase cinco meses.

Trump deixou claro sua incapacidade ao propagar mentiras e tentar manipular funcionários públicos para reverter os resultados das eleições. Os democratas o acusam de incitar a multidão que tomou de assalto o Capitólio na última quarta-feira, com o objetivo de interromper a certificação da vitória eleitoral do presidente eleito. Segundo a líder da Câmara, ele se comportou de maneira “sediciosa”.

A ver que bicho dá.