segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

VOCÊ SABIA? (FINAL)

O MESTRE DEVE SER MEIO SÉRIO PARA DAR AUTORIDADE À LIÇÃO E MEIO RISONHO PARA OBTER O PERDÃO DA CORREÇÃO.

Embora seja avesso a ostentações, Bill Gates mora numa “choupana” de US$ 125 milhões (foto) e se desloca num jatinho particular Bombardier BD-700 Global Express, capaz de acomodar confortavelmente 19 pessoas, que custa cerca de US$ 40 milhõesEm 2010, ele e Warren Buffet (então o terceiro homem mais rico do mundo segundo a Forbes) fundaram a instituição de caridade The Giving Pledge, que incentiva milionários a doar parte de suas fortunas. O próprio Gates doou mais de US$ 35 bilhões para a Fundação Bill & Melinda Gates — a maior organização de caridade do mundo, que, somente em 2017, investiu US$ 50 milhões em pesquisas sobre o mal de Alzheimer — e, em agosto de 2019, outros US$ 150 milhões para distribuição da vacina de Covid-19 em países em desenvolvimento.

Longe de mim menosprezar a benemerência desses atos. Mas se a cada ano que passa os americanos doam mais e mais dinheiro para centros de pesquisa, instituições de caridade, igrejas, sinagogas, mesquitas, orfanatos e universidades, entre outros, não o fazem apenas porque têm bom coração. Praticar o bem sem olhar a quem, como diz o ditado, é para pessoas muito especiais.

Nos EUA, essas doações podem ser, digamos, “lucrativas”. Como diz outro velho ditado, é “unir o útil ao agradável”. Quando os norte-americanos fazem uma doação para uma instituição classificada como ONG e que se encaixe na seção 501(c)(3) do código de imposto de renda do Internal Revenue Services, o valor doado pode ser deduzido do montante de imposto a pagar. Logo, quanto maior a a doação, maior a dedução.

Imagine, por exemplo, que você participe de um jantar beneficente cujo lucro dos ingressos é revertido em auxílio para crianças de baixa renda que nasceram com deficiência motora. Suponha que essa organização seja certificada e se encaixe na seção 501(c)(3), e que o ingresso para o jantar custe US$ 85. Se você pagar US$ 385 pelo ingresso, poderá deduzir US$ 300 do imposto a pagar no ano seguinte (isso pode ser feito mesmo que você não compareça pessoalmente à efeméride). 

Explicando melhor: sua renda tributável será reduzida em US$ 300. Se sua renda estava na faixa de tributação de 35% antes e depois da dedução, a sua obrigação fiscal, ou seja, o montante dos impostos devidos ao governo, será reduzida em US$ 105. Se você for um grande empresário, faça as contas e veja quanto poderá “economizar” caso fazendo doações.

Além de dinheiro, é possível doar propriedades ou serviços. Se você doar um terreno para a construção de uma escola pública, por exemplo, o valor total da propriedade poderá ser deduzido do total de imposto a pagar. E, se doar serviços, poderá deduzir também valor dos gastos que teve para doar o serviço, como despesas com combustível, hospedagem em hotel etc.

Claro que há limites sobre a dedução de doações de caridade, baseadas no rendimento bruto do doador ou de seu rendimento bruto total após o abatimento de deduções fiscais específicas. Com doações em dinheiro para instituições de caridade, pode-se geralmente deduzir até 50% da renda bruta, e com doações de propriedade, até 30%.

Em suma: em não havendo como escapar da tributação — como dizem os gringos, “há duas certezas nesta vida: a morte e os impostos” —, recorrer às doações é uma maneira de garantir que o valor pago seja mais bem empregado.