O MESTRE DEVE SER MEIO SÉRIO PARA DAR AUTORIDADE À LIÇÃO E MEIO RISONHO PARA OBTER O PERDÃO DA CORREÇÃO.
Embora seja avesso a ostentações, Bill Gates mora numa “choupana” de US$ 125 milhões (foto) e se desloca num jatinho particular Bombardier BD-700 Global Express, capaz de acomodar confortavelmente 19 pessoas, que custa cerca de US$ 40 milhões. Em 2010, ele e Warren Buffet (então o terceiro homem mais rico do mundo segundo a Forbes) fundaram a instituição de caridade The Giving Pledge, que incentiva milionários a doar parte de suas fortunas. O próprio Gates doou mais de US$ 35 bilhões para a Fundação Bill & Melinda Gates — a maior organização de caridade do mundo, que, somente em 2017, investiu US$ 50 milhões em pesquisas sobre o mal de Alzheimer — e, em agosto de 2019, outros US$ 150 milhões para distribuição da vacina de Covid-19 em países em desenvolvimento.
Longe de mim menosprezar
a benemerência desses atos. Mas se a cada ano que passa os americanos doam mais
e mais dinheiro para centros de pesquisa, instituições de caridade, igrejas,
sinagogas, mesquitas, orfanatos e universidades, entre outros, não o fazem
apenas porque têm bom coração. Praticar
o bem sem olhar a quem, como diz o ditado, é para pessoas muito especiais.
Nos EUA, essas
doações podem ser, digamos, “lucrativas”. Como diz outro velho ditado, é “unir
o útil ao agradável”. Quando os norte-americanos fazem uma doação para uma
instituição classificada como ONG e
que se encaixe na seção 501(c)(3) do código de
imposto de renda do Internal Revenue Services, o valor doado pode ser
deduzido do montante de imposto a pagar. Logo, quanto maior a a doação, maior
a dedução.
Imagine, por exemplo, que você participe de um jantar beneficente cujo lucro dos ingressos é revertido em auxílio para crianças de baixa renda que nasceram com deficiência motora. Suponha que essa organização seja certificada e se encaixe na seção 501(c)(3), e que o ingresso para o jantar custe US$ 85. Se você pagar US$ 385 pelo ingresso, poderá deduzir US$ 300 do imposto a pagar no ano seguinte (isso pode ser feito mesmo que você não compareça pessoalmente à efeméride).
Explicando
melhor: sua renda tributável será reduzida em US$ 300. Se sua renda estava na
faixa de tributação de 35% antes e depois da dedução, a sua obrigação fiscal,
ou seja, o montante dos impostos devidos ao governo, será reduzida em US$ 105.
Se você for um grande empresário, faça as contas e veja quanto poderá
“economizar” caso fazendo doações.
Além de
dinheiro, é possível doar propriedades ou serviços. Se você doar um terreno
para a construção de uma escola pública, por exemplo, o valor total da
propriedade poderá ser deduzido do total de imposto a pagar. E, se doar
serviços, poderá deduzir também valor dos gastos que teve para doar o serviço, como
despesas com combustível, hospedagem em hotel etc.
Claro que há
limites sobre a dedução de doações de caridade, baseadas no rendimento bruto do
doador ou de seu rendimento bruto total após o abatimento de deduções fiscais
específicas. Com doações em dinheiro para instituições de caridade, pode-se
geralmente deduzir até 50% da renda bruta, e com doações de propriedade, até
30%.
Em suma: em não
havendo como escapar da tributação — como dizem os gringos, “há duas certezas nesta
vida: a morte e os impostos” —, recorrer às doações é uma maneira de garantir
que o valor pago seja mais bem empregado.