O imbróglio
do 5G no Brasil é uma novela de muitos capítulos graças a luminares
colocados no Itamaraty pelo luminar que uma récua de muares munidos de
título eleitoral nos obrigou a colocar no Palácio do Planalto. Mesmo assim, a indústria
das telecomunicações já prepara o 6G. Apple, Google e LG passaram
a integrar a Next G Alliance (composto por AT&T, Bell,
Facebook, Microsoft, NOKIA Qualcomm e Ericsson,
entre outros gigantes), que lidera o desenvolvimento da sexta geração com
dominância norte-americana.
A briga pela dominância do 6G faz sentido:
os Estados
Unidos mantêm um conflito com a China por conta da presença da Huawei
no mundo e acusam a empresa de espionagem para o Partido Comunista Chinês. Isso
gerou uma série de restrições à fornecedora em diversos países no mundo e um
impasse no Brasil, sobretudo porque a China não só e nosso maior parceiro
comercial, mas também porque vem desse país os insumos para o Butantan e
a Fiocruz produzirem seus imunizantes contra a Covid. E agora, com Joe
Biden em vez do neandertal Donald Trump na Casa Branca, a
coisa mudou bastante por aqui.
A Samsung espera que a conclusão do
padrão para as redes 6G e sua data inicial de comercialização ocorram
em 2028, e a comercialização em massa, em 2030. A expectativa dos pesquisadores
é que a rede móvel utilize frequências na casa dos terahertz, com potencial
para velocidades de até 1 terabit por segundo (ou 1000 Gbps), superando
em muito o atual recorde do 5G (10 Gbps), o que será sopa no
mel para usuários de tecnologias como realidade estendida (XR),
hologramas móveis de alta fidelidade e réplicas digitais, além de cidades
inteligentes, cirurgias remotas, hologramas e fábricas automatizadas.
Um relatório publicado no mês passado pela empresa
chinesa de análises Counterpoint Research dá conta de que a latência na
casa dos microssegundos permitirá o controle em tempo real de maquinários e
robôs, transmissões de mídias em resoluções de até 16K, ou 15360 × 8640 pixels
e transporte sem fio de imagens e vídeos holográficos (conhecido como holoportation), entre outros. Como nada
é perfeito, a novidade exigirá dispositivos com melhor eficiência energética,
canais Line of Sight (LoS), IA adequada
para otimizar as transmissões e metamateriais para a construção das antenas
capazes de trabalhar no espectro planejado da rede, entre 300 GHz e 3 THz
(TeraHertz).
Quem viver verá.