ENQUANTO A VERDADE CALÇA OS SAPATOS, A MENTIRA DÁ A VOLTA AO MUNDO.
Segundo o Gênesis (do grego Γένεσις, que significa "origem", "criação", "início"), “no princípio era o Caos, e do Caos Deus criou o Céu e a Terra (...).
Em apenas
6 dias o Criador transformou o Caos em
ordem. Criou a luz e separou-a em duas (uma, grande, para governar o dia, e
outra, menor, para governar a noite). Criou as águas e separou-as em duas (e
juntou as da porção inferior num só lugar, para que ali emergisse parte seca).
Cobriu a terra de plantas, povoou-a com todo tipo de seres vivos e no sexto
dia, disse o Senhor das Esferas: “Agora vamos fazer os seres humanos, que
serão como nós, que se parecerão conosco. Eles terão poder sobre os peixes,
sobre as aves, sobre os animais domésticos e selvagens e sobre os animais que
se arrastam pelo chão”. E após concluir Sua obra e ver que tudo era bom
(?!), abençoou e santificou o sétimo dia, quando então descansou.
Observação: A primeira versão escrita
do Antigo Testamento remonta ao século 10 a.C. Desde então, seus relatos foram copiados, editados e reescritos um sem-número de vezes, até
que alguém teve a ideia de juntar a essa compilação o Novo Testamento.
E assim formou-se a síntese da mitologia cristã, composta por 66 livros, sendo
39 do A.T. e 27 do N.T., que ficou
conhecida mundialmente como Bíblia(do grego
"biblion", que significa "livro", "rolo").
Do Gênesis bíblico à teoria do Big
Bang, diversos povos construíram versões próprias da origem do universo. Na
maioria delas, o Caos seria uma matéria sem forma definida. Mas
nenhuma trouxe a lume o detalhe que ora lhes revelo: Antes do Caos, já havia
políticos, pois certamente foram eles que criaram o Caos!
Com os políticos, surgiu a vigarice. Em Juízes
12: 1-15, o Antigo Testamento registra que a palavra “xibolete”
(do hebraico שבולת,
que significa “espiga”) funcionava como “senha linguística”
para identificar um grupo de indivíduos. Séculos depois, durante o massacre
das Vésperas Sicilianas (1282 d.C.), os
franceses eram reconhecidos pela forma como pronunciavam “cìciri” (grão
de bico, no dialeto siciliano). Assim, engana-se quem imagina que as
senhas surgiram com a popularização da Internet, embora a popularização da
Internet as tenha popularizado e multiplicado.
Em 1961, para evitar que alguns estudantes monopolizassem o computador, o MIT desenvolveu o Compatible Time-Sharing System, mas os nerds logo descobriram como burlar a exigência da senha e se livrar da incomodativa limitação de tempo. No âmbito das transações financeiras, a autenticação por senha foi implementada no Brasil no início dos anos 1980, com o advento dos caixas eletrônicos ― a primeira máquina foi instalada pelo Itaú no município paulista de Campinas, em 1983. O cartão de crédito surgiu muito antes, inicialmente como alternativa para clientes de redes de hotéis e petroleiras comprarem a crédito nos próprios estabelecimentos (a primeira versão para uso no comércio em geral foi o Diners Club Card, que desembarcou no Brasil em meados dos anos 1950).
No início dos anos 1980, os fraudadores recuperavam os dados do papel-carbono dos formulários usados nas maquininhas manuais para lesar as operadoras, que contra-atacaram com mídias providas de tarjas magnéticas. Quando os vigaristas responderam com os “chupa-cabras”, a tarja deu lagar ao microchip e a autenticação por assinatura foi substituída pela senha. E o resto é história recente.
Quando os PCs se tornaram populares (embora inicialmente não passassem de caríssimos substitutos das máquinas de escreve e de calcular e do console de videogame), era comum a mesma máquina ser compartilhada por todos os membros da família ― uma solução economicamente interessante, mas desastrosa do ponto de vista da privacidade. Sensível ao problema, a Microsoft tornou o Windows “multiusuário” e implementou uma política de contas e senhas de acesso. Com isso, cada membro da família se logava no sistema e meio que “tinha um Windows só para ele”.
Embora essa solução não pusesse fim à disputa pelo uso da máquina, ao impedia o acesso a pastas e arquivos alheios, o que já não era pouco. Mas os usuários do Windows ME — edição lançada pela Microsoft a toque de caixa para aproveitar o apelo mercadológico da “virada do milênio” — logo descobriram que bastava pressionar a tecla Esc para "pular" a tela de logon (essa falha foi sanada no XP, que foi desenvolvido a partir do kernel do WinNT).
Reminiscências à parte, interessa dizer (de novo) que
segurança absoluta no âmbito digital é conversa para boi dormir. E da feita que
comodidade e segurança são como água e azeite, senhas difíceis de quebrar costumam
ser virtualmente impossíveis de memorizar. E como usamos dezenas delas no dia a
dia, tendemos a padronizar os acessos, ou seja, recorrer à mesma password para
desbloquear a tela do smartphone, fazer logon no Windows, acessar redes sociais
e contas de email, fazer compras online, transações financeiras via netbanking
e por aí vai.
É possível criar senhas complexas e, ao mesmo tempo, fáceis de memorizar, como veremos na próxima postagem.