terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

SMARTPHONES — MITOS E VERDADES

TODA TOLICE, POR MAIS GROSSEIRA QUE SEJA, SEMPRE ENCONTRA SEQUAZES.

Para a maioria das pessoas, o smartphone é a opção primária de acesso à Internet. Sendo “ultraportátil”, o telefoninho pode ser levado a toda parte e utilizado a qualquer momento para navegar na Web, pagar contas, fazer compras, acessar redes sociais etc. E até mesmo — pasmem! — para telefonar. 

Tanto é que, mesmo nesta Belíndia chamada Brasil, onde sobra mês no final do salário de quem ainda tem emprego, o número de linhas móveis ativas supera o de habitantes. No entanto, o versátil aparelhinho precisa “comer muito feijão” para aposentar de vez o PC de mesa (que um notebook pode substituir com vantagens, conforme já discutimos em outras oportunidades).

Diferentemente dos celulares da era pré-iPhone, os smartphones são microcomputadores ultraportáteis. Como a maioria de seus recursos e funções é provida pelo sistema operacional (Android ou iOS) e pelos aplicativos, deixou de ser necessário passarmos dias ou semanas “reaprendendo” a usar o aparelho sempre que compramos um modelo novo. A não ser que mudemos do Android para o iOS ou vice-versa. E mesmo assim a ambientação será menos penosa se lermos o manual que o fabricante disponibiliza em seu website. Mas o fato é que muita gente não se ao trabalho de ler , até porque “o Google tem resposta pra tudo”. 

O Google tem resposta para tudo, mas é preciso ter o cuidado de "filtrá-las", pois muitas informações disponíveis na Web (sobre seja lá o que for) não têm respaldo técnico nem embasamento empírico confiável. Isso sem mencionar que um sem-número de dicas que “valiam” no início da década passada já não se aplicam mais.

Remover arranhões da tela usando creme dental é um bom exemplo da exemplo. Esse “truque” funcionava nos tempos de antanho, quando o display exibia apenas ícones monocromáticos indicativos de intensidade do sinal, carga da bateria e correio de voz, além dos números chamados ou que originaram as chamadas, o tempo de duração das ligações e eventuais mensagens de texto curtas (SMS). Nos modelos atuais, o dentifrício pode causar danos nos displays LCD touchscreen, que devem ser protegidas por películas autoadesivas (preferencialmente as de vidro, que são mais resistentes).

A mobilidade favorece o uso do celular em trânsito, o que aumenta o risco de acidentes. Se o aparelho sofrer uma queda e a tela trincar, por exemplo, não existe gambiarra que dê jeito. Ou se manda trocar a tela, ou compra-se um aparelho novo (dependendo do modelo em questão e do tempo de uso, o molho pode ficar mais caro do que o peixe).

O seguro custa caro (a anuidade pode chegar a custar 50% do valor do bem, sem mencionar que ainda há a franquia), não indeniza o segurado em caso de furto ou perda nem tampouco cobre danos físicos e/ou elétricos, a menos que essas coberturas sejam contratadas em separado (o que aumenta ainda mais o valor do prêmio).

Com a possível exceção de modelos water resistant ou water proof, um temporal inesperado pode causar sérios danos ao telefone, daí ser recomendável levar no bolso ou na bolsa uma sacolinha plástica, daquelas de supermercado. Assim, se você for pego no contrapé, bastará colocar o aparelho dentro da sacola e fechá-la com um nó cego.

Já se o celular cair na piscina ou no vaso sanitário, p.ex., quanto menor for o tempo de submersão, maior será a chance de ele sobreviver ao afogamento. Portanto, resgate-o o quanto antes, desligue (mesmo que ele esteja funcionando), remova o chip (SIM-Card) e, se possível, a bateria (caso não saiba abrir o aparelho, consulte o manual ou acesse o site pt.Ifixit.com), seque o melhor que puder com papel toalha e complete o serviço usando um secador de cabelos (ajustado para soprar ar frio ou, no máximo, morno). 

O ideal seria levar o telefone a uma assistência técnica com a máxima urgência, mas isso nem sempre é possível em época de pandemia, com fase vermelha nos finais de semana. E o cenário será ainda pior quando o “afogamento” se der no mar, já que a água salgada não perdoa.

Muita gente desdenha a dica do arroz. Diz que o cereal só absorve a umidade que fica na superfície, que a placa precisa ser submetida a um banho químico e blá, blá, blá. Trata-se de uma gambiarra antiga (eu mesmo a publiquei cerca de 12 anos atrás), que parece coisa do Mundo de Beakman. Mas eu soube de casos de casos em que aparelho voltou a funcionar e jamais apresentou problema algum. Ademais, o que você tem a perder?

Observação: Após secar bem o aparelho, o chip e a bateria, coloque tudo numa tigela, cubra com arroz cru e deixe ficar de 48 a 72 horas. E reze. Se não ajudar, atrapalhar é que não vai.  

No que diz respeito à bateria, sugiro ler a sequência iniciada nesta postagem. Relembro apenas que baterias de íon de lítio (ou polímero de lítio), que substituíram os modelos de níquel-cádmio, não estão sujeitas ao “efeito memória”. Portanto, não é necessário — nem aconselhável — “zerar” a bateria antes de colocá-la na carga, até porque isso pode causar reações químicas que, com o tempo, reduzem a vida útil do componente (para prevenir esse problema, o sistema de gerenciamento da bateria desliga o aparelho quando a reserva de carga atinge 5%).

Você pode carregar a bateria quando bem entender, mas eu sugiro fazê-lo quando o nível de carga estiver entre 50% e 30% e desligar o carregador quando o indicador atingir 100%. Embora o sistema de gerenciamento seja projetado para interromper o fornecimento de energia quando a bateria estiver totalmente carregada, ninguém revogou a lei de Murphy. Se algo der errado com o circuito (o que não é exatamente incomum nos carregadores “xing-ling”), a bateria pode estufar e até explodir. 

Em contato com o oxigênio, o íon de lítio causa a expansão dos componentes internos da bateria, forçando a dilatação de suas paredes, e o vazamento dos compostos pode danificar os frágeis circuitos do aparelho. Um carregador rápido costuma ter 8 vezes mais potência do que o modelo convencional, mas, em condições normais, não causa danos à bateria no longo prazo, pois aplicam um pico de tensão nos primeiros 15/20 minutos (o que fornece de 50% a 70% de carga) e depois desaceleram o processo.

Convém utilizar sempre que possível o carregador e o cabo fornecidos pelo fabricante do aparelho. Misturar ou combinar modelos diferentes não prejudica a bateria, mas altera o tempo de recarga. Já o excesso de calor não só reduz a eficácia da bateria como pode resultar na explosão do componente. Portanto, evite deixar o smartphone exposto ao sol durante muito tempo ou esquecê-lo no porta-luvas do carro em dias de muito calor.