sexta-feira, 5 de março de 2021

O CÚMULO DA CANALHICE

 

Vinte e dois meses atrás, ao votar pela prisão de Michel Temer, o desembargador Abel Gomes, do TRF da 2ª Região, sustentou que, pela forma “incisiva, insidiosa, grave e insistente”, o vampiro do Jaburu deveria ficar preso para ser mantida a ordem pública. Nas palavras do magistrado, “se tem rabo de jacaré, couro de jacaré e boca de jacaré, não pode ser um coelho branco”. 

Seguindo essa mesma linha de raciocínio e após tecer as considerações que eu elenco a seguir, o blogueiro, colunista e “contestador por natureza” Ricardo Kertzman concluiu que se Bolsonaro fala como um canalha, age como um canalha e se comporta como um canalha, então Bolsonaro é um canalha.

De acordo com Kertzman, um canalha ataca pelas costas, e Bolsonaro atacou Roberto da Cunha Castello Branco, presidente da Petrobras, da segurança de seu chiqueirinho à porta do Alvorada (ou pelas redes sociais). Disse que o executivo não trabalhava havia 11 meses porque, idoso, está em “home office”. Detalhe: contrariando a previsão de prejuízo dos analistas, a estatal surpreendeu com um lucro recorde R$ 59,9 bilhões no 4º trimestre de 2020, apesar da pandemia.

Um canalha culpa os outros sem nominá-los, e Bolsonaro, outra vez, colocou a culpa da sua própria incapacidade “neles”. Quem? Nunca dirá, pois não existem. Aliás, bem ao estilo Lula de ser, o corrupto que sempre culpava o tal “eles” pelas besteiras que fazia.

Um canalha acusa sem provas, e Bolsonaro é useiro e vezeiro nessa “arte”. Estamos esperando até hoje as provas de fraude nas eleições presidenciais de 2018 e a emocionante revelação de quem são os agentes do mercado que “estavam gostando” da política de preços da Petrobras.

Um canalha sempre agride para se defender, e Bolsonaro, em vez de explicar os famosos “micheques”, parte para ofensas contra quem lhe pergunta a respeito. Dessa vez, mirou suas cretinices contra os executivos da Petrobras, que “ganham muito sem trabalhar”.

Um canalha usa e abusa do diversionismo — e Bolsonaro, para se livrar de assuntos incômodos, como a rachadinhas de Zero Um, inventa factoides como distração — e recorrer frequentemente ao patriotismo — e Bolsonaro, como Samuel Johnson já nos ensinou em 1775, cumpre à máxima: “o patriotismo é o último refúgio do canalha”. Um canalha mente sem remorso, e Bolsonaro é capaz de mentir sobre qualquer coisa para se livrar de responsabilidades, como a falta de vacinas. E mente ao dizer que não irá interferir na estatal. Ou o que significa “meter o dedo”? Tirar meleca do nariz?

Um canalha não tem piedade, e Bolsonaro jamais se solidarizou de forma honesta com quem perdeu amigos e familiares para a Covid. Afinal, “e daí”, né? (Fico aqui a imaginar o desespero de milhares de pequenos investidores que acreditaram no mito do mito liberal.)

Um canalha é egoísta, só pensa em si mesmo; Bolsonaro não se importa com ninguém e não hesita em atropelar quem se coloca no caminho de sua obsessiva reeleição. Foi assim com Sergio Moro e assim será em breve com Paulo Guedes.

Um canalha vive cercado de canalhas, e Bolsonaro cerca-se de Sara Winter, Daniel Silveira, Collor de Mello, Arthur Lira, Valdemar Costa Neto, Eduardo Bananinha, Carluxo Bolsonaro, Flávio Rachadinha e outros bolsonaristas canalhas.