quinta-feira, 18 de março de 2021

PESQUISA DATAFOLHA REVELA QUE PRESIDENTE ALIENADO CONSTRUIU CASTELO NO AR E NELE FOI MORAR

 

Quando o brasileiro ainda morria de Covid, o governo federal parecia sem rumo. Agora que o brasileiro morre de falta de vacina, percebe-se que o rumo é o de uma tragédia humanitária sem precedentes.

A mais recente pesquisa do Datafolha revela que a estratégia do presidente de botar a culpa em alguém não está funcionando. Assim como o número de mortos, a rejeição de Bolsonaro também bate recorde: para 54% dos brasileiros, o desempenho do presidentezinho na crise da gripezinha é ruim ou péssimo. Na opinião de 43%, o capitão é o maior culpado pelo avanço da Covid. Já a taxa dos que atribuem a culpa aos governadores (17%) e aos prefeitos (9%), chamados pejorativamente por sua alteza irreal de "turma do fique em casa", é significativamente menor.

O bom senso recomendaria uma correção de rumo, mas Bolsonaro, além de seguir no rumo errado, despreza os inúmeros retornos que a conjuntura vai colocando na estrada. Agora mesmo, instado pelo centrão a trocar a inépcia marcial do general pesadelo por uma marcha científica no Ministério da Saúde, preferiu a "continuidade" que o doutor Marcelo Queiroga topou encarnar, desprezando a guinada sugerida pela doutora Ludhmila Hajjar.

Os observadores mais apressados dizem que Bolsonaro se omite na crise. Engano. Alguém que trama a "continuidade" da gestão Bolzuello sabe muito bem o que não está fazendo. Na sabotagem mais ruinosa, a dupla demorou a entrar na fila das vacinas e exercitou na plenitude máxima a prerrogativa de escolher o caminho dos brasileiros para o inferno. Se o mandato de Bolsonaro fosse um filme, o título seria o seguinte: "Michelle, encolhi a Presidência."

A gripezinha reduz a margem de manobra do presidentezinho, encurtando-lhe os horizontes. Embora ainda detenha o apoio de 30% do eleitorado, ele vê seu projeto de reeleição subir gradativamente no telhado. Imbatíveis no faro das oportunidades políticas, os líderes do centrão começam a olhar de esguelha para o capitão. Já se deram conta de que o presidente lida com duas realidades: a dele e a verdadeira. E se irrita com a constatação de que sobra cloroquina na primeira e faltam vacinas na segunda.

É como se, neurótico, Bolsonaro tivesse construído um castelo no ar. Psicótico, foi morar nele. Esqueceu que a sociedade, na pele de psiquiatra, costuma cobrar caro o aluguel. E o Datafolha informa que a conta do negacionismo começou a chegar.

Com Josias de Souza