sexta-feira, 28 de maio de 2021

CAUTELA E CANJA DE GALINHA...

EU BATO O PORTÃO SEM FAZER ALARDE, EU LEVO A CARTEIRA DE IDENTIDADE, UMA SAIDEIRA, MUITA SAUDADE E A LEVE IMPRESSÃO DE QUE JÁ VOU TARDE…

Prevenir acidentes é dever de todos, já dizia meu avô. Mas o fato é que os cibercriminosos estão sempre um passo à nossa frente. E mudanças de tática no ataque requerem a devida contrapartida na defesa como bem ensinou o Conselheiro Acácio (personagem do romance “O Primo Basílio”, de Eça de Queiroz), o problema com as consequências é que elas sempre vêm depois

Augusto Schmoisman, especialista em defesa cibernética e CEO da Citadel Brasil, alerta que “uma nova tempestade que se aproxima para as empresas e poder judiciário ao lidar com ataques cibernéticos” e pondera que, com ela, “surgirão mudanças na perspectiva de como se proteger, além de lidar com as consequências de um desastroso vazamento de informações”.

Levantamento feito em 2020 dá conta de que, dos 41 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos havidos em toda a América Latina e Caribe, mais de 8,4 bilhões ocorreram no Brasil. “A partir do segundo semestre, veremos um grande crescimento no monitoramento e extração de dados de smartphones, principalmente de altos executivos, poder judiciário, políticos e jovens”, diz Schmoisman.

O especialista pondera que os ataques aumentarão porque a maioria de usuários de smartphone dá de ombros para as medidas de segurança e proteção, deixando janelas e portas abertas para a bandidagem digital. Como todas as chaves, logins de acesso e senhas são salvos de forma automática, os criminosos podem se apossar dessas informações, além de obter acesso ao microfone e à câmera do celular da vítima, podendo monitorá-la em tempo real.

Além da criptografia, existem os sistemas de telefonia blindada que tornam o smartphone praticamente invulnerável à extração de informações. Como o processo envolve licenças e outros que tais, o custo pode desestimular os usuários, sobretudo porque ferramentas de proteção convencionais podem ser baixadas gratuitamente das lojas de apps dos sistemas Android e iOS

Claro que o investimento deve ser considerado à luz das reais necessidades de cada um — do contrário, seria o mesmo que comprar uma Ferrari Roma, que custa mais de R$ 3 milhões, e usá-la exclusivamente para buscar pão na padaria da esquina.

É possível agregar segurança ao smartphone a partir de algum sistema em que as chaves não fiquem armazenadas no próprio aparelho. Mas sempre existe a possibilidade de malwares capturarem senhas e outras informações sensíveis que são exibidas na quando o usuário as digita. Em outras palavras, segurança absoluta é Conto da Carochinha: mesmo que uma empresa invista em blindagem e criptografia, chamadas ou mensagens trocadas com pessoas que não utilizem o mesmo sistema continuam sujeitas a hackeamento.

Fato é que os riscos de você sofrer um ataque cibernéticos são proporcionais à exposição, importância e valor de seus dados para os criminosos. Em outras palavras, entre um Corcel ’69 desmanchado de podre e a Ferrari do exemplo anterior, um ladrão certamente optaria por esta última, mas se ele não tivesse outra opção, o vetusto fordinho seria a bola da vez. Pense nisso.