sexta-feira, 18 de junho de 2021

AINDA SOBRE CIBERSEGURANÇA — CONTINUAÇÃO

IMPEDIR BOLSONARO DE FALAR BOBAGENS É COMO PROIBIR O VENTO DE SOPRAR

Muitos consideram o viés otimista como um instinto de sobrevivência, mas o fato de não acreditarmos nos riscos não faz com que eles deixam de existir.

Achar que coisas ruins só acontecem com os outros leva-nos a um desatino que alguns consideram “coragem”, quando na verdade a coragem é o domínio do medo, não a ausência dele.

Em tempos de guerra, audácia combinada com denodo leva à inconsequência e produz mais cadáveres do que heróis (herói é aquele que não teve tempo de fugir); em tempos de paz, produz uma falsa impressão de segurança que leva as pessoas a relativizar ameaças e menosprezar os riscos.

Todo mundo sabe que existem milhões de pragas digitais e que computadores são infectados e invadidos aos milhares, dia sim, outro também. Mesmo assim, muita gente se comporta como se isso não lhe dissesse respeito. O viés do otimismo se torna ainda mais perigoso quando assume a forma de negacionismo. Ao negarmos a existência de uma ameaça, desobrigamo-nos de nos precaver. Como se costuma dizer, a estupidez é uma das duas coisas que enxergamos melhor em retrospecto; a outra são as oportunidades perdidas.

Mesmo não sendo possível evitar certos ataques, um usuário precavido é capaz de repeli-los ou minimizar suas consequências. Para tanto, é preciso contar com um arsenal de defesa responsável e adotar um comportamento igualmente responsável — está para ser criado o software de segurança “idiot proof” a ponto de proteger o usuário de si mesmo.

Os cibercriminosos estão sempre um passo à frente, é verdade, até porque só se cria a vacina depois que se toma conhecimento da existência do vírus (tanto no âmbito da TI quanto da microbiologia). Assim que um novo ataque é detectado em algum lugar do planeta, as empresas de cibersegurança criam mecanismos para evitar que esse ataque se repita — daí a importância de manter atualizados o software em geral e as ferramentas de segurança em particular.

A inteligência artificial (AI) é parte do futuro da cibersegurança — já existem soluções baseadas nessa tecnologia, mas ainda não se conseguiu criar uma rede neural que se comporte como um cérebro humano, podendo antecipar as medidas defensivas com base na maneira como os agressores pensam, e assim bloquear os ataques antes mesmo que eles aconteçam.

Enquanto esse dia não chega, continuamos convivendo com ataques praticamente impossíveis de evitar (note que isso não significa que não devemos tentar). Assim, o jeito é identificar esses ataques o mais rápido possível e adotar o quanto antes medidas capazes de neutralizá-los. Em computadores domésticos, a identificação e o bloqueio de atividades maliciosas dependem quase que totalmente de ferramentas antimalwares, mas nem mesmo as melhores são 100% infalíveis.

Continua na próxima postagem.