IMPEDIR BOLSONARO DE FALAR BOBAGENS É COMO PROIBIR O VENTO DE SOPRAR
Muitos consideram o viés otimista
como um instinto de sobrevivência, mas o fato de não acreditarmos nos riscos não
faz com que eles deixam de existir.
Achar que coisas ruins só acontecem com os outros
leva-nos a um desatino que alguns consideram “coragem”, quando na verdade a
coragem é o domínio do medo, não a ausência dele.
Em tempos de guerra, audácia combinada com denodo leva
à inconsequência e produz mais cadáveres do que heróis (herói é aquele que não
teve tempo de fugir); em tempos de paz, produz uma falsa impressão de segurança
que leva as pessoas a relativizar ameaças e menosprezar os riscos.
Todo mundo sabe que existem milhões de pragas digitais
e que computadores são infectados e invadidos aos milhares, dia sim, outro também.
Mesmo assim, muita gente se comporta como se isso não lhe dissesse respeito. O viés
do otimismo se torna ainda mais perigoso quando assume a forma de negacionismo.
Ao negarmos a existência de uma ameaça, desobrigamo-nos de nos precaver. Como
se costuma dizer, a
estupidez é uma das duas coisas que enxergamos melhor em retrospecto; a outra
são as oportunidades perdidas.
Mesmo não sendo possível evitar certos ataques, um
usuário precavido é capaz de repeli-los ou minimizar suas consequências. Para
tanto, é preciso contar com um arsenal de defesa responsável e adotar um
comportamento igualmente responsável — está para ser criado o software de
segurança “idiot proof” a ponto de proteger o usuário de si mesmo.
Os cibercriminosos estão sempre um passo à frente, é
verdade, até porque só se cria a vacina depois que se toma conhecimento da
existência do vírus (tanto no âmbito da TI quanto da microbiologia). Assim que
um novo ataque é detectado em algum lugar do planeta, as empresas de cibersegurança
criam mecanismos para evitar que esse ataque se repita — daí a importância de
manter atualizados o software em geral e as ferramentas de segurança em particular.
A inteligência artificial (AI) é parte do futuro
da cibersegurança — já existem soluções baseadas nessa tecnologia, mas ainda
não se conseguiu criar uma rede neural que se comporte como um cérebro humano, podendo
antecipar as medidas defensivas com base na maneira como os agressores pensam,
e assim bloquear os ataques antes mesmo que eles aconteçam.
Enquanto esse dia não chega, continuamos convivendo com
ataques praticamente impossíveis de evitar (note que isso não significa que não
devemos tentar). Assim, o jeito é identificar esses ataques o mais rápido possível
e adotar o quanto antes medidas capazes de neutralizá-los. Em computadores
domésticos, a identificação e o bloqueio de atividades maliciosas dependem
quase que totalmente de ferramentas antimalwares, mas nem mesmo as melhores são
100% infalíveis.
Continua na próxima postagem.