segunda-feira, 21 de junho de 2021

AINDA SOBRE CIBERSEGURANÇA — FINAL

PÉ DE GALINHA NÃO MATA PINTO

Como vimos nos capítulos anteriores, há ataques que não podem ser impedidos, mas isso não significa que não possam ser desestimulados. Traçando um paralelo com o furto de automóveis, uma trava muito popular nos anos 1980/90 prendia o volante ao pedal do freio. Ainda que a fechadura ou cadeado não fosse à prova de arrombamento, essa camada a mais de proteção desestimulava a ação do amigo do alheio.

Em outras palavras, dificultar ao máximo a ação dos agressores é a melhor maneira de afugentá-los. Isso nem sempre funciona no âmbito corporativo, mas costuma dar certo contra agressores oportunistas — categoria na qual se enquadra a maioria dos crackers que invadem computadores domésticos.

Na falta de uma solução mais efetiva, o arsenal de defesa é ainda é melhor (ou a única) maneira de fazer frente aos cibercriminosos. Mesmo que não garantam 100% de proteção, as suítes comumente chamadas de Internet Security, compostas por antimalware, firewall, VPN, antispam e que tais, são de grande ajuda para impedir ou neutralizar a maioria dos ataques. Mas nunca é demais repetir: o elemento humano tende a ser o elo mais fraco da corrente — ou, como se dizia antigamente, a peça mais problemática do computador é a que fica entre a cadeira e o monitor.  

Não existe solução de segurança capaz de neutralizar o viés otimista do usuário que não se vê como alvo em potencial da bandidagem. Assim, basta um email com um anexo suspeito ou um link malicioso para pôr tudo a perder. Sem mencionar que qualquer dispositivo capaz de acessar a Internet pode ser invadido através da Rede, e tudo o que é controlado por um aplicativo pode ser comprometido por um bug no código desse aplicativo (ou pela configuração inadequada do dito-cujo). A Alexa, uma smart TV, ou mesmo uma geladeira conectada não são vistas pelo usuário como portas de entrada para cibercriminosos — mas são, daí precisarem de proteção (voltaremos a falar sobre a “internet das coisas” numa próxima oportunidade).

Além de utilizar ferramentas de segurança para defender o PC — e o smartphone, que nada mais é senão um computador pessoal ultraportátil —, é preciso manter-se alerta. O phishing é — e provavelmente continuará sendo — a principal estratégia utilizada pelos cibercriminosos, que se valem da engenharia social para persuadir as vítimas a clicar nos links maliciosos ou abrir os anexos mal intencionados que lhes concederão acesso remoto ao sistema alvo. Daí a importância de seguir as velhas, mas eficazes, dicas de segurança, entre as quais:

— Manter o sistema operacional atualizado e migrar para as versões mais recentes dos aplicativos — além de incorporar novas funções e recursos, atualizações de software costumam corrigir bugs e vulnerabilidades (para saber mais, leia a sequência iniciada por esta postagem).

— Jamais abrir arquivos ou clicar em links recebidos por email ou através de redes sociais, programas mensageiros e assemelhados sem antes verificar se eles são realmente o que parecem ser e se o remetente é realmente quem ele diz ser. Isso porque é fácil (para quem sabe) mascarar o nome/endereço eletrônico que aparece no campo from:/de: numa mensagem de correio eletrônico, e perfis em redes sociais e no WhatsApp podem ser “roubados”.

— Instalar somente aplicativos necessários e recorrer a webservices (serviços baseados na Web, que rodam a partir do navegador e, portanto, dispensam instalação) sempre que possível. A fartura de freewares (programas gratuitos) faz com que muita gente pendure no sistema dezenas ou centenas de “inutilitários”, e cada um deles ocupa espaço e consome recursos do computador/smartphone, além de ser comum eles virem acompanhados de elementos indesejáveis ou mal intencionados (para saber mais acesse esta postagem).  

— Fazer o download dos apps a partir do site do fabricante ou de páginas de download renomadas (como Baixaki, Softpedia, FileHippo, MajorGeeks etc.). No caso do smartphone, só baixe aplicativos do Google Play e da App Store, conforme a plataforma.

Observação: Segundo uma pesquisa divulgada pelo App Annie, os brasileiros são os usuários de smartphone que mais baixam aplicativos no mundo (média de 11 apps por dia), o que potencializa o risco de instalar programas maliciosos travestidos de aplicativos úteis. E mesmo apps legítimos que solicitam permissões muito invasivas podem rastrear suas atividades, razão pela qual é importante você avaliar caso a caso (inclusive pesquisando no Google a reputação da empresa desenvolvedora do programa), instalar somente o que for estritamente necessário e só fazer o download a partir da Google Play Store (no caso do Android) ou do App Store (no caso do iOS), que não garantem 100% de segurança, mas diminuem consideravelmente o risco de levar gato por lebre.

Recorrer sempre que possível a serviços baseados na Web, que rodam a partir do navegador (desde que você tenha uma conexão com largura de banda razoável, naturalmente). Você pode localizá-los fazendo uma pesquisa no Google ou outro mecanismo de buscas de sua preferência (digite “editor de imagens online” em vez de simplesmente “editor de imagens”, por exemplo). E não deixe de conhecer o SPOON. Nesse caso, basta instalar o plug-in, criar sua conta e escolher o software desejado — há desde navegadores a games, passando por comunicadores, programinhas de conversão, plataformas de emails, editores, diagramadores, e muito mais. Como tudo roda virtualmente, não haverá consumo de espaço nem sobras indesejáveis que costumam se acumular do HDD após a desinstalação de programas.

— Usar senhas “fortes” e, na impossibilidade de memorizá-las, recorrer a um gerenciador de senhas.

Para mais dicas de segurança, acesse esta postagem.