Com a CPI da Pandemia prorrogada por mais três meses, os membros da comissão farejam o rastro de Bolsonaro & Filhos através das empresas envolvidas nas negociatas. O dublê de advogado e mafioso de comédia Frederic Wassef também entrou no radar.
Os parlamentares buscam as conexões nos dados de quebras de sigilo da Precisa Medicamentos, revela Bela Megale, e avaliam usar as duas semanas do recesso parlamentar para fazer diligências no Paraguai e no Rio de Janeiro. Também está na mira a a participação de uma empresa não listada pelo Banco Central como emissora da apólice de fiança bancária do contrato da Precisa para a venda da Covaxin.
Quando o presidente da Comissão o pressionou Dias para dizer se tinha feito mesmo um dossiê, ele não confirmou, mas tampouco negou. A todo momento, empurrava as responsabilidades para o 02 de Pazuello.
Dias também revelou que teve os principais subordinados substituídos por militares assim que o fantoche do capitão assumiu a pasta, deixando claro que havia uma rixa entre ele e a ala dos fardados, que, nas palavras de um membro da CPI, "chegaram ao ministério da Saúde e constataram que o território já estava ocupado pelo Centrão".
Em todos os casos de denúncias de propina ou irregularidades nos processos de compra de vacina há fardados envolvidos. Cedo ou tarde, seus chefes terão de decidir se continuarão fingindo não ver tais denúncias ou se os punem por eventuais falcatruas. Considerando que Pazuello levou pelo menos 30 militares da ativa e da reserva para cargos de confiança no Ministério da Saúde, o risco de se descobrir que um ou mais milicos estão envolvidos em malfeitos é grande. No Congresso, não são poucos os que desconfiam que, quando chegar a sua vez, o deputado Ricardo Barros vai mirar na mesma direção, deixando claro que na Saúde operou um consórcio entre o Centrão e os militares. E quando isso acontecer, o que farão os comandantes? Vão cortar na carne ou emitir uma nota de repúdio?
Observação: Militares de todas as patentes acreditam genuinamente que
está sendo urdida uma fraude eleitoral para eleger Lula. O próprio
ministro da Defesa compactua com a ideia fixa bolsonarista de que a urna
eletrônica é suscetível a burla e não pode ser auditada — mesmo que nenhuma
fraude tenha sido comprovada até hoje e ainda que várias rodadas de auditoria
digital das urnas eletrônicas tenham sido feitas sem sobressaltos em eleições
passadas. Os fardados que orbitam ideologicamente em torno do presidente
consideram desproporcional a resistência do TSE ao voto impresso e, a
exemplo de Bolsonaro, veem o ministro Barroso como inimigo e as digitais
dos também ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes na
recente manifestação pública de líderes de 11 partidos contra o voto em papel. Por
enquanto, a tensão está controlada. Mas nada indica que nova crise não emergirá,
trazida por alguma nota ou declaração ameaçadora de um dos comandantes das
Forças, como aconteceu dias atrás.
Em todos os casos de denúncias de propina ou irregularidades nos processos de compra de vacina há fardados envolvidos. Cedo ou tarde, seus chefes terão de decidir se continuarão fingindo não ver tais denúncias ou se os punem por eventuais falcatruas. Considerando que Pazuello levou pelo menos 30 militares da ativa e da reserva para cargos de confiança no Ministério da Saúde, o risco de se descobrir que um ou mais milicos estão envolvidos em malfeitos é grande. No Congresso, não são poucos os que desconfiam que, quando chegar a sua vez, o deputado Ricardo Barros vai mirar na mesma direção, deixando claro que na Saúde operou um consórcio entre o Centrão e os militares. E quando isso acontecer, o que farão os comandantes? Vão cortar na carne ou emitir uma nota de repúdio?
Nesta terça-feira, o relator da CPI disse que o depoimento do ministro da Defesa, general Braga Netto, é “fundamental” para os trabalhos da Comissão. O senador Rogério Carvalho apoiou a convocação e destacou a necessidade de acessar todas as comunicações de general com a pasta da Saúde no período em que ele era chefe da Casa Civil. Se a convocação for confirmada, novos atritos poderão surgir entre o Congresso e as Forças Armadas.
Para integrantes do alto comando, tudo vai depender de como Braga Netto for “tratado” pelos senadores e se “associações genéricas” serão feitas entre as Forças e denúncias de corrupção. Eles voltaram a dizer que não são contra investigações de seus quadros, mas afirmam que o tema não pode ser abordado como se envolvesse a instituição como um todo (vale lembrar que o presidente da CPI deixou claro que não se referiu a todos os membros das Forças). Os requerimentos de convocação do general só serão votados no mês que vem, após o recesso. Ontem, estrelado foi convidado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para explicar nota das Forças Armadas tornada pública contra Aziz. Ele deve comparecer no dia 10 de agosto.
No início do governo Bolsonaro, o general Hamilton Mourão disse: "se o nosso governo errar demais, essa conta irá para as Forças Armadas". A fatura chegou. Ao entrar de cabeça no governo, o Exército não cedeu apenas quadros, mas também a credibilidade a Bolsonaro . E o capitão, à medida que forçou os limites da separação entre a instituição e a política, minou esses ativos e diminuiu as Forças Armadas.
A demissão dos comandantes que se recusavam a atacar o Supremo, a não punição de Pazuello e, agora, a nota contra a fala do senador Omar Aziz (segundo a qual os escândalos das vacinas revelaram o "lado podre" dos militares) mostram que as Forças Armadas aceitaram o papel de guardas dos interesses pessoais de Bolsonaro (o "meu Exército").
A demissão dos comandantes que se recusavam a atacar o Supremo, a não punição de Pazuello e, agora, a nota contra a fala do senador Omar Aziz (segundo a qual os escândalos das vacinas revelaram o "lado podre" dos militares) mostram que as Forças Armadas aceitaram o papel de guardas dos interesses pessoais de Bolsonaro (o "meu Exército").
Na sessão de ontem, Cristiano Carvalho detalhou a participação de diversas autoridades do Ministério da Saúde que teriam atuado para agilizar a negociação de vacinas com a Davati. Da lista, pelo menos oito são militares:
Élcio Franco, coronel da reserva do Exército e
ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde (ele foi exonerado em 26 de
março e hoje ocupa cargo no Palácio do Planalto);
Roberto Ferreira Dias,
sargento reformado da Aeronáutica e ex-diretor de Logística do Ministério
da Saúde;
Marcelo Blanco da Costa, tenente-coronel da reserva e
ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde;
Cleverson
Boechat Tinoco Ponciano, coronel da reserva do Exército e
coordenador-geral de Planejamento do Ministério da Saúde;
Marcelo Bento
Pires, coronel da reserva do Exército e ex-coordenador do Plano
Nacional de Operacionalização das Vacinas contra a Covid;
Gláucio Octaviano
Guerra, coronel reformado da Aeronáutica e, segundo Randolfe
Rodrigues, assessor do adido militar da embaixada do Brasil nos Estados
Unidos;
Guilherme Filho Odilon, apontado como coronel pelo senador Randolfe
Rodrigues;
Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil.
As denúncias colocaram os militares diante da encruzilhada que eles mesmos criaram, e o caminho que tomarem dirá o tamanho do desafio que teremos para nos reconstruir como nação quando tudo isso acabar.