terça-feira, 17 de agosto de 2021

DE VOLTA À BENDITA AUTONOMIA DAS BATERIAS (CONTINUAÇÃO)

QUEM NÃO MIRA O FUTURO ESTÁ FADADO A VIVER ETERNAMENTE A REPETIÇÃO DE SEU PASSADO.

Conforme foi dito no capítulo anterior, a autonomia (e o desempenho, vale destacar) dos veículos elétricos aumentou consideravelmente nos últimos anos. Em 2015 o Nissan Leaf e o BMW i3 tinham uma bateria de 22 kWh e uma autonomia máxima de 135 km. Avançando o relógio em apenas quatro anos, encontramos veículos elétricos com baterias de 62 kWh e autonomia de 384 km. Hoje, o Ford Mustang Mach-E Extended Range — que pode ser equipado com um ou dois motores elétricos e tração traseira ou integral — oferece, na variante de maior autonomia, a bateria de 98,7 kWh, que lhe permite rodar até 610 km por carga.

O Lucid Air, apresentado em 2016 ainda como um conceito, está à venda nos EUA por preços que partem de US$ 80 mil (cerca de R$ 432.700 na cotação atual) e chegam a US$ 169 mil (R$ 914 mil), dependendo da versão. O modelo é movido por dois motores alimentados por um conjunto de baterias de 113 kWh. A potência do conjunto varia de 620 cv (com autonomia de 653 km por carga) a 1.080 cv (809 km por carga). Mas é na versão intermediária, de 800 cv, que o sedã elétrico consegue rodar uma distância maior: 832 km.

Soma-se ao aumento significativo da autonomia a redução expressiva do tempo de recarga das baterias. Em 2015, 30 minutos de carga permitia rodar cerca 107 km; atualmente, é possível percorrer 450 km com os mesmos 30 minutos de carga. Em suma, o volume (físico) das baterias pouco mudou, mas sua capacidade de armazenar energia mais que dobrou. Dito isso, relembro o que salientei no final do capítulo anterior: nem toda evolução tecnicamente possível é necessariamente viável do ponto de vista econômico. Nos carros elétricos, porém, esse "detalhe" é menos impactante do que em celulares e assemelhados.

Traçando outro paralelo, desta feita com veículos movidos a gasolina, quem compra um Ford Mustang Eleanor (*), que custava R$ 1,5 milhão em setembro do ano passado, dificilmente estará preocupado com o consumo de combustível, a despeito dos constantes aumentos no preço da gasolina (que somaram 51% no primeiro semestre deste ano).

(*) O Mustang Eleanor, celebrizado no filme 60 Segundos, foi recriado pela restauradora de clássicos californiana Classic Recreations. O modelo é uma réplica fiel do icônico muscle car de 1967 usado no longa estrelado por Nicolas Cage, mas com chassi de fibra de carbono, que proporciona uma redução de 270 kg na comparação com o carro original (para mais detalhes, clique aqui)

Voltando ao smartphone, é preciso ter em mente que a autonomia é apenas um dos diversos parâmetros que devem ser levados em conta na escolha do aparelho. O mercado está repleto de opções para todos os gostos e bolsos, o que é bom, mas pode causar confusão na hora da compra, e não só para "marinheiros de primeira viagem". Afinal, o que priorizar? Câmeras de boa qualidade? Tela de alta resolução? A resposta é: depende. O melhor celular (ou computador, ou seja lá o que for) é aquele que atende plenamente suas necessidade e "cabe" no seu orçamento. Simples assim. Claro que, se dinheiro não for problema, nada melhor que ter o melhor. Mas, de novo, "melhor" e "pior" são conceitos relativos.

No que concerne especificamente à autonomia, o Samsung Galaxy M12 com armazenamento interno de 64 GB (expansível até 1 TB via cartão MicroSD) custa por volta de R$ 1 mil e promete mais de 30 horas de autonomia graças a sua bateria de impressionantes 5.000 mAh. Já um iPhone 12 com os mesmos 64 GB de memória interna custa cinco vezes mais e vem com uma bateria de apenas 2.815 mAh. E não oferece suporte a cartão de memória.

Claro que existem outras vantagens e desvantagens de parte a parte, mas uma coisa é certa: se você optar pelo modelo da Samsung, não terá de reduzir o brilho da tela e o tempo de timeout, desativar o disparo automático do flash, desabilitar as conexões sem fio, o serviço de GPS, os alertas sonoros/vibratórios e nem recorrer a um gerenciador de energia passar o dia inteiro com o aparelho ativo e operante.

Amanhã a gente continua.