terça-feira, 31 de agosto de 2021

MAIS SOBRE INSEGURANÇA DIGITAL (PARTE VII) — AINDA SOBRE CARTÕES DE CRÉDITO

MUITO PROMETER É SINAL DE POUCO DAR.

Vimos que tanto os cartões recarregáveis quanto os virtuais são opções "mais seguras", e que os primeiros, a exemplo dos celulares pré-pagos, "funcionam enquanto houver crédito".

Isso faz deles uma alternativa interessante ao cartão físico convencional e ao dinheiro "em espécie", dada a possibilidade de serem utilizados em compras ou saques em diferentes moedas e países. Sem mencionar o viés "educacional", pois seu uso evita que consumidores compulsivos se esbaldem como não houvesse amanhã — para depois descobrirem que o amanhã não só existe como reclama o pagamento da fatura do cartão convencional.

Segundo dados da CNC, a proporção das famílias que apontam o cartão de crédito como principal tipo de dívida alcançou um recorde de 81,8% em junho passado (maior patamar desde o início da pesquisa, em 2010). Assim, sendo o descontrole financeiro a principal causa da inadimplência do brasileiro, os cartões pré-pagos auxiliam no controle orçamentário, já que, como dito, a dinâmica é basicamente a mesma do telefone pré-pago: você faz um aporte condizente com suas possibilidades e gasta apenas o valor programado (a menos que faça um novo aporte, mas isso é outra conversa).

Já os cartões virtuais são como que versões temporárias dos cartões físicos (aos quais eles geralmente estão atrelados, embora haja exceções, como veremos mais adiante). Mas sua finalidade não é servir de instrumento de educação financeira, e sim evitar fraudes online.

Diferentemente dos cartões pré-pagos, que funcionam tanto em lojas físicas como em sites, os virtuais destinam-se apenas a compras pela Internet. No mais das vezes, eles podem ser usados tanto em sites nacionais como internacionais, além de permitirem parcelar as compras normalmente. O "pulo do gato", por assim dizer, é que sua numeração, CVV (ou código de segurança) e validade mudam a cada transação — ou seja, funcionam apenas para uma compra, por um prazo determinado ou para um número limitado de compras, conforme o caso.

Os principais bancos comerciais disponibilizam seus próprios cartões virtuais, e utilizá-los costuma ser muito simples. Na maioria dos casos, é o próprio usuário quem gera os dados (através do app do banco ou do serviço de netbanking). O limite continua sendo o do cartão físico, e as transações são lançadas na mesma fatura — o que permite centralizar o controle dos gastos.

As regras de utilização costumam variar de um banco para outro — se as informações disponibilizadas no site não forem suficientes, esclareça as dúvidas com seu gerente. O Itaú, por exemplo, emite um cartão de crédito virtual para cada transação online, e sua validade é limitada a 48 horas. Findo esse prazo, o serial deixa de funcionar, inibindo a ação de fraudadores e assemelhados. 

Via de regra, você pode gerar um cartão virtual sempre que precisar e cancelá-lo se desistir de usar, pois isso não envolve custos adicionais. Tampouco há limite quanto ao número de vezes que o recurso pode ser utilizado.

Até não muito tempo atrás, ter um cartão de crédito convencional era conditio sine qua non para se obter uma versão virtual, mas isso mudou com o lançamento das versões virtuais pré-pagas, como veremos no próximo capitulo.