Até não muito tempo atrás, ter um cartão de crédito
convencional era indispensável para quem quisesse obter uma versão virtual. Mas
isso mudou com o lançamento dos cartões virtuais pré-pagos, que são um
pouco diferentes da modalidade que abordamos no capítulo anterior, já que não
existe vínculo com um cartão físico. Para utilizar essa modalidade de
cartão, geralmente basta solicitar a emissão online e definir o valor que se
pretende gastar.
Com o cartão virtual pré-pago, é possível fazer compras
no crédito em lojas no brasil e no exterior, bem como utilizá-lo no pagamento
de serviços — Netflix, Spotify, iFood, Uber, entre
outros. Da mesma forma que na versão virtual convencional, a pré-paga garante
total controle sobre os gastos, embora não permita o parcelamento das compras.
Você pode efetuar recargas sempre que quiser, e
resgatar o saldo remanescente para sua conta, se assim o desejar. Note que as
despesas são descontadas diretamente do saldo do cartão, já que não existe
vínculo entre ele e um cartão de crédito físico — nem, consequentemente, a possiblidade
de lançar as despesas na mesma fatura. Isso não só dispensa o pagamento de
faturas como evitar a armadilha representada pelo malfadado crédito rotativo.
Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga as instituições a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão para o parcelado, a juros mais baixos. A ideia era fazer com que a taxa de juros para o rotativo recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado. Na prática, no entanto, a teoria costuma ser outra.
Observação: A título de curiosidade, no
apagar das luzes de 2016 as
aéreas alteraram as regras que versam sobre a franquia de bagagens e
limitaram a 10 kg o peso das malas/mochilas que poderiam ser levadas na
cabine sem custo adicional. Na época, a Associação Brasileira das Empresas
Aéreas estimava reduções entre 7% e 30% no valor dos bilhetes como
resultado da cobrança pelas bagagens despachadas. Como isto aqui é Brasil, não
houve redução alguma.
A exemplo do cheque especial, o rotativo do cartão é
uma modalidade de crédito emergencial, mas que muitas pessoas utilizam
para não ficar inadimplente quando não têm como quitar o total da fatura na
data do vencimento. O diabo é que efetuar o pagamento mínimo e rolar o restante
da dívida é o caminho mais curto para o abismo financeiro.
Parcelar as compras no cartão de crédito só é
interessante se e quando essa possiblidade é oferecida pela loja, já que no
"preço à vista em "x" parcelas sem juros" os juros e
demais custos financeiros estão embutidos no preço à vista. Assim, não deixe de
negociar um desconto para pagamento à vista — se a loja negar, sugiro dividir o
valor da compra no maior número possível de parcelas (desde que não haja
acréscimos). Mas fique esperto: segundo o Código
de Defesa do Consumidor, pagamentos efetuados com cartão de crédito
em uma única parcela são considerados pagamentos à vista.
Observação: Médicos, dentistas e outros
profissionais liberais chegam a dar descontos de até 10% se o pagamento é feito
em dinheiro vivo (desde que o cliente abra mão do recibo, mas isso é outra conversa).
Hipermercados e grandes magazines costumam tratar ampliar o número de parcelas
ou oferecer outras vantagens quando o consumidor utiliza o cartão da própria
loja — caso do Extra, Carrefour, Magalu, etc., o que, em
determinadas situações, pode ser compensador.
O resto fica para o próximo capítulo.