quarta-feira, 1 de setembro de 2021

AINDA SOBRE SEGURANÇA DIGITAL (PARTE VIII) -- CARTÕES DE CRÉDITO VIRTUAIS PRÉ-PAGOS

BOLSONARO E A PRESIDÊNCIA SÃO COMO MORTADELA E SALADA DE FRUTAS. NÃO COMBINAM.

Até não muito tempo atrás, ter um cartão de crédito convencional era indispensável para quem quisesse obter uma versão virtual. Mas isso mudou com o lançamento dos cartões virtuais pré-pagos, que são um pouco diferentes da modalidade que abordamos no capítulo anterior, já que não existe vínculo com um cartão físico. Para utilizar essa modalidade de cartão, geralmente basta solicitar a emissão online e definir o valor que se pretende gastar.

Com o cartão virtual pré-pago, é possível fazer compras no crédito em lojas no brasil e no exterior, bem como utilizá-lo no pagamento de serviços — Netflix, Spotify, iFood, Uber, entre outros. Da mesma forma que na versão virtual convencional, a pré-paga garante total controle sobre os gastos, embora não permita o parcelamento das compras.

Você pode efetuar recargas sempre que quiser, e resgatar o saldo remanescente para sua conta, se assim o desejar. Note que as despesas são descontadas diretamente do saldo do cartão, já que não existe vínculo entre ele e um cartão de crédito físico — nem, consequentemente, a possiblidade de lançar as despesas na mesma fatura. Isso não só dispensa o pagamento de faturas como evitar a armadilha representada pelo malfadado crédito rotativo.

Os juros cobrados pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiram 4 pontos porcentuais de junho para julho, passando de 327,5% para 331,5% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central na última sexta-feira. Curiosamente, não é bem isso que consta da fatura do cartão do Banco Panamericano. Caso você não esteja sentado, sente-se e então repare na imagem à direita:

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga as instituições a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão para o parcelado, a juros mais baixos. A ideia era fazer com que a taxa de juros para o rotativo recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado. Na prática, no entanto, a teoria costuma ser outra.

Observação: A título de curiosidade, no apagar das luzes de 2016 as aéreas alteraram as regras que versam sobre a franquia de bagagens e limitaram a 10 kg o peso das malas/mochilas que poderiam ser levadas na cabine sem custo adicional. Na época, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas estimava reduções entre 7% e 30% no valor dos bilhetes como resultado da cobrança pelas bagagens despachadas. Como isto aqui é Brasil, não houve redução alguma.  

A exemplo do cheque especial, o rotativo do cartão é uma modalidade de crédito emergencial, mas que muitas pessoas utilizam para não ficar inadimplente quando não têm como quitar o total da fatura na data do vencimento. O diabo é que efetuar o pagamento mínimo e rolar o restante da dívida é o caminho mais curto para o abismo financeiro.

Parcelar as compras no cartão de crédito só é interessante se e quando essa possiblidade é oferecida pela loja, já que no "preço à vista em "x" parcelas sem juros" os juros e demais custos financeiros estão embutidos no preço à vista. Assim, não deixe de negociar um desconto para pagamento à vista — se a loja negar, sugiro dividir o valor da compra no maior número possível de parcelas (desde que não haja acréscimos). Mas fique esperto: segundo o Código de Defesa do Consumidor, pagamentos efetuados com cartão de crédito em uma única parcela são considerados pagamentos à vista.

Observação: Médicos, dentistas e outros profissionais liberais chegam a dar descontos de até 10% se o pagamento é feito em dinheiro vivo (desde que o cliente abra mão do recibo, mas isso é outra conversa). Hipermercados e grandes magazines costumam tratar ampliar o número de parcelas ou oferecer outras vantagens quando o consumidor utiliza o cartão da própria loja — caso do Extra, Carrefour, Magalu, etc., o que, em determinadas situações, pode ser compensador.

O resto fica para o próximo capítulo.