UM PILOTO SUPERIOR UTILIZA SEU JULGAMENTO SUPERIOR PARA EVITAR SITUAÇÕES QUE REQUEIRAM O USO DE SUA HABILIDADE SUPERIOR.
O ministro
das causas perdidas e dos tempos estranhos trocou a suprema toga pelo supremo pijama
em julho, mas sua poltrona no STF continua vaga. Davi Alcolumbre, presidente da CCJ do Senado, pretende empurrar com a barriga, até 2023, a sabatina do ex-ministro da Justiça e ex-AGU André Mendonça, indicado por Bolsonaro para o lugar de Marco Aurélio Mello.
"Tempos
estranhos", costumava dizer o primo de Collor em suas longas perorações, numa evidente paráfrase ao filósofo grego Platão.
Com efeito. Graças a gente como ele (falo de Mello, não de Platão), o criminoso de Garanhuns passou de
presidiário de Curitiba a ex-corrupto e pré-candidato a presidente do
Brasil das Maravilhas.
No Executivo, se uma moeda fosse cunhada para homenagear o atual presidente, ela teria o valor facial de R$ 3 e exibiria a efígie da Rainha de Copas de um lado e a do Chapeleiro Maluco do outro. No Congresso, a maioria dos 594 parlamentares produz leis como os açougueiros de Bismarck produziam salsichas, o que torna essa caterva tão inútil e ímproba quanto nossa hipotética moeda.
Fosse o Brasil um país sério e o König der Scheiße que ainda despacha no Planalto já teria sido defenestrado (e internado ou preso). Como o país não passa de uma banânia, o Napoleão de Hospício segue na Presidência, promovendo motociatas e fazendo pouco caso do povo e levando ao delírio a récua de muares que batem os cascos para tudo que ele fala, afirmando que suas opções são a reeleição, a morte ou a prisão (noves fora a primeira, qualquer uma das outras estaria de bom tamanho) e que nada está tão ruim que não possa piorar.
Na última sexta-feira, o capetão disse a apoiadores que o Brasil é um dos países cuja economia menos sofreu efeitos da pandemia. Na Europa, disse ele, há inflação e falta de alimentos. Esquece-se sua alteza que seus governados disputam ossos como cães vira-latas, queimam-se ao usar espiriteiras improvisadas e os que dependem do carro para trabalhar se veem obrigados a escolher entre encher o tanque ou levar comida para casa.
O país das maravilhas descrito por Bolsonaro não encontra fundamentos na realidade. Desmente-o,
por exemplo, a inflação galopante, que chegou a 10,16% em setembro — conforme
informou o IBGE horas antes das afirmações feitas no cercadinho do Alvorada — e
a alta dos preços, que é recorde no Brasil desde 1994. A fome também voltou a
ser parte da vida de 19 milhões de pessoas no país sob Bolsonaro,
segundo relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança
Alimentar e Nutricional.
Aos apoiadores, o presidente diz que a situação é reflexo do lockdown, relativizando sua responsabilidade na crise que o país vivencia. Nosso país está em franca recuperação, afirma ele, como se não houvesse mais de 14 milhões de desempregados. Para os que ainda têm empregos, o salário médio mensal encolheu 8,8% em apenas um ano, passando de R$ 2.750 em 2020 para R$ 2.508 em 2021.
A remuneração do presidente da Petrobras, general Luana e Silva, é de absurdos R$ 260.400,00, e o preço da gasolina no Brasil, 71,12% maior do que na Virgínia (EUA), onde o salário-mínimo é 11 vezes maior. Segundo a FGV, o percentual de famílias endividadas chega a 72,9%. Diante desse quadro, é um escárnio a Petrobras distribuir R$ 31,6 bilhões em dividendos a seus acionistas — dividendos esses originários dos lucros fabulosos gerados pela inescrupulosa isenção de tributos, principalmente na exportação do petróleo bruto.
As crises hídrica e energética que voltam a nos assombrar eram previsíveis e poderiam ter sido evitadas — ou pelo menos minimizadas — com planejamento responsável e investimento adequados. Mas Bolsonaro preferiu irrigar os bolsos dos militares com soldos polpudos, empurrar com a barriga a reforma administrativa e assistir impassível ao aumento do fundo eleitoral aprovado pelos congressistas fisiologistas, que queriam mais de R$ 7 bilhões para se esbaldar a custas dos contribuintes.
Bolsonaro culpa o ICMS (leia-se os
governadores) pela escalada do preço de combustíveis e GLP, como se a discrepância entre o real e o dólar não fosse patrocinada
por seu Posto Ipiranga — que se vendeu como um competente economista liberal,
mas, na prática, não passa de um pau mandado a serviço do despirocado despresidente da República.
O que tem
isso a ver com informática? Nada. Ou tudo, em considerando que a solução encontrada para contornar a crise energética é aumentar o valor da vergonhosa bandeira tarifária, repassando aos consumidores o ônus da incompetência desse governo de merda. Por conta disso, compartilho com vocês uma lista dos grandes vilões do
consumo energético. Se vocês utilizam alguns deles e acham que mantê-los ligados
diuturnamente não aumenta a conta de energia, talvez seja a hora de reverem seus conceitos.
1 — Os carregadores
de celulares não são vorazes consumidores de energia, mas passam a sê-lo
quando mantidos permanentemente plugados na tomada. O consumo médio de um
carregador é de 0,26W quando não está sendo usado e de 1W a 5W quando está
conectado ao aparelho, mesmo depois de a bateria ter sido totalmente
recarregada.
2 — Fornos
de micro-ondas costumam permanecer ligados à tomada porque a maioria de nós
tem preguiça de acertar o relógio. Mas mantê-los em stand-by permanente 3W/h.
Faça as contas.
3 — Desktops
e notebooks também integram essa seleta confraria. É certo que os smartphones os
substituem com vantagem na maioria das tarefas do dia a dia, mas é igualmente
certo que digitar textos longos num tecladinho virtual exibido numa telinha
sensível ao toque de pequenas dimensões é uma provação. Isso sem mencionar games,
edição de vídeo e outras tarefas que exigem mais poder de processamento e
espaço na memória RAM que a maioria dos diligentes telefoninhos costuma
oferecer. Assim, ligue o PC somente quando necessário — mantê-lo em stand-by
significa acrescer sua conta de energia em cerca de 20W/h se for um modelo de
mesa e 15W/h se for um portátil. Caso sua máquina demore a inicializar, utilize
a hibernação em vez do desligamento convencional. Isso não só economiza energia
como agiliza a reinicialização do sistema, que ressurge com todos os
aplicativos e janelas do jeito como se encontravam quando o aparelho foi posto
para "dormir".
4 — Telefones
fixos se tornaram uma espécie em extinção, mas muita gente ainda os utiliza e
não abre mão das facilidades providas pelos modelos sem fio. O problema é que
eles consomem cerca de 3W/h quando conectados à tomada, enquanto um aparelho
convencional, que custa bem mais barato, não impacta sua conta de luz.
5 — Televisores,
DVD Players, decodificadores de TV por assinatura e consoles de videogame
consomem entre 1 W/h e 3W/h se mantidos em stand-by, ao passo que aparelhos
de som impactam acrescem cerca de 15 W/h à sua conta de energia. Desligados
da tomada eles não só reduzem esse custo como ficam protegidos de distúrbios da
rede elétrica e sobretensões provocadas por raios durante os tradicionais (e atualmente
desejáveis) temporais de fim de tarde.
Falando em tempestades de verão, vale lembrar que a extensão
territorial e a localização geográfica fazem do Brasil o país com a maior incidência
de raios no mundo, chegando a registrar 70 milhões de descargas elétricas por
ano. Em 2020 foram contabilizados mais de 120 milhões de raios, um aumento de
51% em relação a 2019, quando foram observados 62 milhões deles. Apesar de as
chances de ser atingido por um raio serem desprezíveis, não se pode dizer o
mesmo sobre as consequência desse fenômeno nos aparelhos eletroeletrônicos. O
ideal é que cada residência disponha de um sistema de aterramento e de um DPS
— equipamento que identifica uma sobretensão na rede e a transfere
para o sistema de aterramento.
Observação: Os raios provocam surtos elétricos, ou seja, grandes aumentos de tensão que se propagam pela rede elétrica e podem torrar, literalmente, os frágeis componentes de aparelhos elétricos e eletroeletrônicos. Estabilizadores de tensão e nobreaks podem ajudar, mas o melhor a fazer durante um temporal com raios é desligar a chave geral do imóvel ou, no mínimo, desplugar os aparelhos da tomada puxando-os pela parte isolada (jamais pelo cabo). Convém também evitar tomar banho se o chuveiro for elétrico, usar o celular em vez do telefone fixo e manter distância de janelas e portas metálicas.
Amanhã eu conto o resto.