segunda-feira, 8 de novembro de 2021

AINDA SOBRE RELÓGIOS, PULSEIRAS E QUE TAIS — QUINTA PARTE

ESCOLHA UM MEDO POR DIA E MOSTRE QUEM É MAIS FORTE.

A onipresença do smartphone dispensa o uso do relógio de pulso, mas há quem não abra mão desse adereço, seja devido ao fascínio que exercem modelos da Rolex, Hublot, Patek Philippe e outros ícones da alta relojoaria suíça, seja por pura ostentação. Afinal, andar por aí com um acessório que chega a custar tanto quanto uma Ferrari no braço não é para qualquer um.

Mas até uma Ferrari precisa de manutenção, e não é recomendável levá-la a uma "boca de porco", ainda que seja apenas para trocar os 16 litros de óleo que lubrificam seu propulsor de 12 cilindros. Guardadas as devidas proporções, o mesmo se aplica a um Rolex Submariner, p. ex., ainda que seja para fazer um simples polimento na pulseira.

Concessionárias de veículos e representantes da alta relojoaria cobram até pelo ar que a gente respira em suas dependências. O diabo é que a popularização do mecanismo a quartzo condenou ao ostracismo os "relojoeiros de bairro das antigas", deixando-nos à mercê de "trocadores de bateria" e "ajustadores de pulseira" — que nem isso fazem direito: palavra de quem já perdeu um relógio devido ao vazamento da bateria marca barbante que me foi vendida a preço de original.

Observação: Quem estima seus relógios deve levá-los a profissionais responsáveis, que disponham de ferramental apropriado, trabalhem com componentes de boa qualidade e sejam cuidadosos o bastante para trocar a bateria sem arranhar a proteção do mostrador ou a tampa da caixa do relógio. Que substituam — ou ao menos lubrifiquem — o anel de vedação (o-ring), de modo a preservar a impermeabilidade da caixa. Que acertem o horário e a data antes de nos entregar o relógio e, em se tratando de um cronógrafo, que sincronizem todos os ponteiros (voltaremos a essa questão mais adiante).

O que chamamos vulgarmente de “vidro do relógio" é na verdade uma proteção do mostrador, feita de acrílico, cristal mineral ou safira. 

O acrílico é largamente usado em relógios infantis ou de entrada de linha, seja por ser a opção mais barata, seja por não quebrar facilmente, embora seja suscetível a arranhões (nada que um bom polimento não resolva). 

Relógios de "preço intermediário" (como os modelos básicos da Seiko, Orient, Citizen etc.) trazem lentes de cristal mineral, difíceis de riscar, mas impossíveis de polir e fáceis de quebrar. Já os modelos de grife utilizam o coríndon.

Também conhecido como "safira", o coríndon é quase tão duro quanto o diamante — em tese, só diamante risca safira. Mas não é inquebrável.

Lentes lapidadas, facetadas ou abauladas agregam chame os relógios (vide figura que ilustra esta postagem). Mas, se for preciso substituí-las, devemos procurar uma autorizada da marca, já que um serviço porco certamente comprometerá a vedação da caixa e a durabilidade do relógio.

Continua...