sexta-feira, 12 de novembro de 2021

AINDA SOBRE RELÓGIOS, PULSEIRAS E QUE TAIS - NONA PARTE

O PRINCÍPIO DA DEMOCRACIA É DAR E RECEBER; DAR UM E RECEBER DEZ.

A pluralidade de funções dos relógios digitais levou os fabricantes a incrementar os modelos analógicos, que, para além do calendário (simples ou duplo), passaram a incluir fases da lua, taquímetro e cronógrafo, entre outras papagaiadas.

O cronógrafo é um mecanismo destinado a medir a passagem do tempo durante períodos curtos, ao passo que o taquímetro (ou escala taquimétrica) serve para informar, em tempo real, a velocidade aproximada que um veículo leva para percorrer determinada distância. Já o cronômetro é um instrumento mais sofisticado, largamente utilizado em competições esportivas devido a sua capacidade de registrar frações temporais com uma precisão de milésimos de segundo — para ser considerado "cronômetro", o dispositivo precisa ser certificado pelo Controle Officiel Suisse des Chronomètres ou organização similar.

Nos cronógrafos analógicos mais simples, a contagem de tempo fica a cargo do ponteiro dos segundos; nos mais sofisticados, ela é registrada em pequenos mostradores independentes que podem ou não funcionar como acumuladores — ou seja, memorizar quantos minutos e/ou horas transcorreram desde o momento em que o mecanismo foi acionado.

Nas modelos com calendário, um mostrador adicional indica se a hora exibida no display principal se refere ao período diurno ou noturno — isso é importante quando acertamos o relógio, visto que uma volta completa a mais (ou a menos) do ponteiro das horas faz com que o calendário mude a data no meio do dia ao invés de no meio da noite.

Observação: Nos relógios digitais, é possível escolher entre os formatos 12h ou 24h; no primeiro caso, as abreviaturas AM (de ante meridiem) ou PM (de post meridiem) indicam se se o horário exibido no display se refere ao período diurno ou noturno.

Os ponteirinhos do cronógrafo costumam ficar desalinhados depois que a bateria é trocada, e relojoeiros de fancaria não procedem ao devido ajuste, talvez por acharem o cronógrafo tão inútil quanto tetas em um touro. Mas o que esperar de profissionais que acertam a hora e deixam o calendário configurado para mudar a data ao meio-dia? Achar que vão se preocupar em sincronizar o ponteiro dos segundos com o dos minutos?

Para mim, quando é meio-dia ou meia-noite, os três ponteiros principais do relógio devem apontar para o centro do marcador das 12 horas. Fazer esse ajuste requer paciência em relógios de boa estirpe e é virtualmente impossível em modelos baratos, nos quais o ponteiro dos minutos muda de posição quando pressionamos a coroa após acertarmos a hora. Caso você valorize esse detalhe (muitos acham frescura, mas até aí morreu o Neves):

1) Puxe a coroa para a posição de ajuste do horário no exato instante quem que o ponteiro dos segundos estiver apontando para o marcador das 12 horas;

2) Com o movimento do relógio suspenso, posicione o ponteiro dos minutos um minuto adiantado em relação à hora marcada no relógio que você estiver usando como referência (do smartphone ou do PC, por exemplo).

3) Quando o relógio-paradigma marcar precisamente o horário ajustado — por exemplo, 03h 49min 00s, como no Omega Seamaster que ilustra esta postagem (os destaques salientam que o ponteiro dos segundos está na marca das 12 horas e o dos minutos, uma casa antes da marca das 10 horas) — empurre gentilmente a coroa contra a caixa (e atarraxe-a se o modelo for de rosca).

Com a coroa de volta à posição de marcha, acompanhe o movimento do ponteiro dos segundos até que ele complete uma volta. Se você notar que a sincronização não ficou perfeita, repita o processo — o segredo está em pressionar a coroa contra a caixa sem que um movimento indesejado do ponteiro dos minutos, por menor que seja, comprometa a exatidão do ajuste.

Relógios analógicos sem cronógrafo têm apenas dois ou três ponteiros: um, menor, que marca as horas; outro, maior, que marca os minutos; e um terceiro, que, se existir, é mais fino e dá uma volta completa pelo mostrador enquanto o ponteiro dos minutos avança uma casa. Note que o ponteiro dos minutos não avança de casa em casa a cada 60 segundos, mas dá um “pulinho” de 5 em 5 segundos (ou a cada 10 ou 12 segundos, dependendo da configuração escolhida pelo fabricante).

Nos modelos com cronógrafo — ou na maioria deles — a contagem do tempo é comandada por meio de dois botõezinhos posicionados acima e abaixo da coroa. Via de regra, o superior dá início à cronometragem e a interrompe quando é pressionado pela segunda vez, e o inferior “zera” os contadores, ou seja, faz com que os ponteirinhos retornem à posição de stand-by. Como eu mencionei, esse sincronismo fica prejudicado quando a bateria é trocada. Felizmente, trata-se de um problema fácil de resolver, como veremos no próximo capítulo.