segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

AINDA SOBRE BATERIAS, REDE ELÉTRICA E QUE TAIS...

O ÓTIMO É INIMIGO DO BOM.

Complementando o que vimos na sequência sobre baterias, conectar um carregador bivolt numa tomada de 110V ou 220V não aumenta nem reduz o tempo de recarga. Isso porque a tensão de saída independe da tensão de entrada, e a função do dispositivo em questão é basicamente transformar em corrente contínua (de aproximadamente 5V) a corrente alternada fornecida pela tomada.

Na corrente alternada, o valor máximo oscila em torno de um referencial (neutro). O potencial elétrico ao longo do ciclo parte de zero, cresce até o valor máximo, decresce até zero, e então o ciclo se reinicia (50 ou 60 vezes por segundo). Na parte negativa, não há necessariamente valores negativos, e sim a inversão do sentido da corrente. Sempre haverá um momento em que o valor será zero — quando então, se fôssemos rápidos o bastante, poderíamos colocar o dedo numa fase sem levar choque (sugiro não tentar). 

A instalação elétrica da maioria dos imóveis é “aterrada”, daí a importância de usarmos plugues e tomadas de três pontos. O aterramento é feito durante a construção do imóvel (embora também possa ser feito a qualquer tempo). Geralmente, isso consiste em introduzir no solo um conjunto de hastes metálicas que são ligadas fisicamente ao terceiro ponto (terra) das tomadas.

Em linhas gerais, as tomadas têm dois polos (fase + neutro nas monofásicas e fase + fase nas bifásicas). Se observarmos esses componentes com atenção, veremos que, para orientar a conexão dos fios, os orifícios são identificados como fase, neutro e terra. Segundo a norma ABNT 14136, o polo à esquerda é “neutro”, o polo à direita é “fase” e o central, “terra” (mais detalhes neste vídeo)

ObservaçãoO terceiro pino da tomada, conhecido como “terra”, é responsável por levar a energia excedente para o solo, desmagnetizando o aparelho e evitando acidentes ou problemas maiores. Como a rede elétrica não é estabilizada, fugas de tensão são comuns e a energia que escapa da tomada fica armazenada na carcaça metálica do dispositivo. Assim, alguém que encostar na geladeira ou no gabinete metálico do PC, p. ex., pode tomar um leve choque — sem mencionar que durante tempestades com raios os aparelhos podem ser submetidos a uma sobretensão e queimar. Com o terceiro pino, a energia extra é descarregada no solo, evitando danos aos componentes eletrônicos dos dispositivos. 

Embora fosse mais lógico adotar o padrão norte-americano, o Brasil pariu uma jabuticaba. Embora seja recomendável substituir todas as tomadas do imóvel, a maioria de nós recorre aos indefectíveis "adaptadores" — melhor isso do que remover o terceiro pino do plugue (como muita gente faz) ou recorrer a gambiarras como ligar polo terra da tomada a um cano metálico da rede hidráulica ou ao próprio polo neutro da rede elétrica, que é aterrado na estação geradora de energia.

A maioria dos aparelhos elétricos/eletroeletrônicos funcionam normalmente com a tomada invertida, conquanto isso implique o risco de choque elétrico. Mas é bom ter em mente que, numa rede devidamente aterrada, o terceiro pino não só protege os dispositivos como impede que o plugue seja conectado invertido. Demais disso, a corrente pode “escapar” dos condutores (fenômeno conhecido como "fuga de corrente"). Em não havendo aterramento (que funciona como uma "saída de emergência"), esse fenômeno pode causar danos aos aparelhos e/ou dar choque nos usuários, como era comum acontecer quanto a gente abria as geladeiras de antigamente.

Continua...