terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

AINDA SOBRE BATERIAS, REDE ELÉTRICA E QUE TAIS — CHUVAS DE VERÃO

BASTA PRESTAR ATENÇÃO AO QUE AS PESSOAS FAZEM PARA NÃO SER ENGANDO PELO QUE ELAS DIZEM.

Vimos na postagem anterior que o terceiro pino dos plugues de três pontos, quando conectado a uma tomada aterrada, ajuda a prevenir danos causados por “fugas de corrente” e distúrbios da rede elétrica comuns durante temporais com raios. Em tese, quanto mais circuitos eletrônicos um aparelho tiver, maior será o risco de ele ser danificado, daí a importância de desconectar os cabos de alimentação das tomadas (puxando-os sempre pelos plugues) ou desligar a chave geral da caixa de força.  

Tempestades de verão costumam vir acompanhadas de descargas elétricas e ventos fortes. Além de alagamentos, quedas de árvore sobre os fios da rede elétrica e outros aborrecimentos, eles podem causar interrupções no fornecimento de energia e sobretensões com potencial para torrar (literalmente) a fiação dos imóveis e os aparelhos a ela conectados. Como os filtros de linha não filtram coisa nenhuma e  os estabilizadores de boa qualidade não garantem proteção satisfatória contra picos de tensão, eu recomendo o uso de um bom nobreak UPS

As fontes de alimentação dos PC são "bivolt", ou seja, capazes de operar entre 90 V e 240 V e, consequentemente, de suportar sobretensões de até 100% e subtensões de mais de 20% (quando ligadas a uma tomada de 127 V, evidentemente). Assim, a única vantagem do filtro de linha é facilitar a substituição do fusível (ou do próprio filtro), já que substituir os varistores internos da fonte dá bem mais trabalho.

Também chamados de relâmpagos ou coriscos, os raios resultam da perda de capacidade do ar de isolar cargas elétricas opostas que se acumulam no interior de nuvens como cumulonimbus. Uma única descarga pode atingir 1 bilhão de volts, 200 mil ampères e temperatura cinco vezes superior à da superfície do Sol. Já os trovões são fenômenos acústicos resultantes do aquecimento do ar pela corrente elétrica do raio, e podem chegar a 120 decibéis (o som mais alto que pode ser produzido não vai além de 194dB).

Costumamos dizer que os raios “caem”, mas eles também podem “subir” do solo em direção à nuvem, ocorrer dentro da nuvem ou passar de uma nuvem para outra. A quantidade de energia produzida por uma tempestade elétrica chega a superar a de uma bomba atômica — a diferença é que a bomba libera tudo de uma só vez, ao passo que a tempestade leva de muitos minutos a algumas horas.

Ao atingir a rede elétrica (direta ou indiretamente), o raio provoca sobretensões — elevações da tensão máxima permitida pela rede em 10% ou mais, por tempo igual ou superior a três ciclos (embora durem milésimos de segundo, elas podem facilmente elevar a tensão a 500V). Para proteger a instalação elétrica dos imóveis e os aparelhos a ela conectados, os quadros de força dispõem de fusíveis (que, como o nome sugere, se fundem) ou disjuntores (que se desarmam). Mas é recomendável desligar a chave geral em caso de tempestades severas, pois o desconforto temporário será menos impactante do que os aborrecimentos que a borrasca pode causar.

Na eventualidade de um apagão, o nobreak fornece energia por tempo suficiente para o usuário salvar seu trabalho, encerrar o Windows e desligar o computador — note que o religamento só deve ser feito depois que o fornecimento de energia for restabelecido e estabilizado

Apagões intermitentes, nos quais "a luz acaba, volta e torna a acabar sucessivas vezes", potencializam o risco de danos. Aliás, é justamente quando a energia retorna que ocorrem as quedas de fase (situação em que as lâmpadas acendem, mas ficam fraquinhas) e as sobretensões.

Continua...