Em visita às obras do Complexo Petroquímico do Rio
de Janeiro, o então presidente Lula iniciou seu discurso
dizendo: “Quero começar cumprimentando o companheiro Sérgio
Cabral” (...)“Nosso companheiro Pezão” (...)“O ministro Edison Lobão”
(...)“O nosso querido Paulo Roberto Costa, presidente em exercício da
Petrobras” (...) “Nosso companheiro Sergio Machado, presidente da Transpetro”.
Em seguida, Lula explicou os motivos daquele evento: “Eu
sei que tem algumas pessoas que estão perguntando ‘por que o Lula já
visitou pela terceira vez o Comperj, se ainda a obra não está sendo
construída, está na fase da terraplanagem?’ A primeira coisa que tem que
compreender é que eu adotei como filosofia de vida aquela de que ‘é o olho do
dono que engorda os porcos’. Então, eu tenho que estar presente sempre, para
saber se as coisas que nós decidimos estão funcionando”.
Cinco anos depois, as obras no Comperj continuavam
paradas, mas a filosofia de vida do pulha funcionou: os porcos engordaram um
bocado.
Depois de falar sobre seus porcos, Lula reconheceu
que sabia da roubalheira em Abreu e Lima, mas que, segundo ele, a
picaretagem precisava prosseguir: “Se a gente não fica esperto, a obra da
refinaria de Pernambuco estaria parada. Porque se levantou suspeita de
sobrepreço em algumas obras. E foi para a comissão do Congresso, a comissão do
Congresso colocou no anexo VI, e eu vetei, porque senão teria que ter mandado
embora 27 mil trabalhadores”.
O petralha esclareceu ainda que para engordar seus
porcos a ração teria de ser fornecida pela própria Petrobras: “O
companheiro Paulo Roberto Costa sabe, a Dilma, como presidenta
do conselho administrativo da Petrobras, sabe, o ministro Lobão, de Minas e
Energia, também sabe que, há cinco anos atrás (sic), se dependesse
da vontade da Petrobras, não teria nenhuma refinaria no Brasil”.
Até o presidente boliviano Hugo Chávez, outro
porco do chiqueiro de Lula, entrou na história: “Numa
visita de trabalho do presidente Chávez, consegui a parceria para
a PDVSA se associar à Petrobras. Levamos três anos para construir
essa parceria, porque a Petrobras e a PDVSA são duas grandes
empresas, e duas moças bonitas no mesmo baile, elas sofrem uma concorrência
natural entre elas, e nós demoramos muito para construir a engenharia do acordo
que, graças a Deus, está pronto e está andando”.
A essa altura, Lula introduziu o único
assunto que realmente lhe interessava: “São bilhões de dólares, de
investimentos. Se a gente for medir só o que a gente está fazendo, a gente vai
ultrapassar os US$ 60 bilhões em refinaria neste país”. E
apresentou seus cúmplices: “Aqui tem muitos empresários do setor da
construção civil”.
O então juiz Sergio Moro poderia ter usado esse
discurso como prova na Lava-Jato, pois a parlapatice
evidenciava que o concupiscente sempre esteve no topo da cadeia de
comando do Petrolão e que sua atuação em favor das empreiteiras foi
crucial para garantir a sobrevivência do partido no poder e lhe
proporcionar benefícios pessoais. Mas tudo isso se foi quando o
vento mudou e o criminoso duplamente condenado e réu em outros 18 processos passou
à condição de “ex-corrupto” e pré-candidato ao terceiro mandato
presidencial, enquanto o ex-juiz Sergio Moro, graças à Vaza-Jato de Verdevaldo
das Couves, passou de “herói do povo brasileiro” a juiz parcial.
A patuleia ignara que defende Lula com
fidelidade canina se recusa a ver os fatos como eles são e acha que as leis só
se aplicam a seu amado líder quando não o desfavorecem, ignorando solenemente
(ou refutando ferozmente) o fato de o argamandel garanhuense ser useiro e
vezeiro em relembrar a infância pobre nos confins de Pernambuco, onde comia
feijão e farinha, ter deixado a Presidência na condição de multimilionário.
Na lista de bens entregue à Justiça, o patrimônio do petralha
era de quase R$ 12 milhões, mas a PF e o MPF apontaram
evidências de que o valor seria bem maior. Além do tríplex no Guarujá e do
sítio em Atibaia, ficaram de fora um terreno em São Paulo, uma cobertura em São
Bernardo do Campo e dezenas de milhões de reais que foram
repassados ao ex-presidente, em espécie ou por meio de reformas em imóveis e
palestras no exterior.
Só a Odebrecht e da OAS lhe teriam pagos, respectivamente, R$ 33,8 milhões e R$ 7,8 milhões. Isso sem mencionar os R$ 16 milhões oriundos de outras empreiteiras. Incluída a propina repassada para o caixa 2 do PT, o valor destinado pelas empresas a Lula e seu espúrio partido chegava a R$ 370 milhões (os pagamentos foram descritos em vários inquéritos, em depoimento de delatores e na denúncia do chamado “quadrilhão do PT”).