Já tive vergonha de ser brasileiro, passei a ter nojo
quando Lula e PT tomaram o poder e agora já não sei como nominar minha repulsa
ao desgoverno que aí está (para o qual contribuí, juntamente com outros 57 milhões de brasileiros, por absoluta falta de
alternativa). Antes da pandemia, eu achava que a saída era o aeroporto; hoje,
nem isso. A uma, porque Bolsonaro nos transformou em
párias; a duas, porque já não resta muito para onde correr.
A melhor guerra é a que não acontece. No caso do leste europeu, existe a possibilidade de uma solução diplomática ser alcançada, mas nada leva a crer que Putin esteja propenso a fazer concessões — pelo contrário, esse сукин сын só vai sossegar quando e se anexar a Ucrânia ou, na melhor das hipóteses, substituir Volodymyr Zelenski por um fantoche pró-Rússia. Mas faltou combinar com os russos, digo, com os ucranianos.
Segundo o ESTADÃO, o envolvimento direto — e militar — de outras grandes potências no conflito ainda não é uma realidade. A própria China, tida e havida como a mais poderosa aliada de Moscou e que havia prometido uma “cooperação sem limites” com a Rússia às vésperas da invasão, parece tentar se distanciar do confronto. Mas Putin soou alarmes ao colocar suas forças de dissuasão nuclear em alerta máximo. Para ele, é preciso vencer essa guerra para impor limites ao ocidente. Isso nos leva a 3 considerações:
1 — A sobrevivência da Rússia está consignada à sobrevivência de Putin (como a do PT à de Lula, mas isso é outra conversa);
2 — Quanto mais tempo essa guerra durar, maior será o risco de ela se alastrar mundo afora;
3 — Cachorro raivoso não se prende na corrente, sacrifica-se.
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Dizia o Barão de Itararé, um dos pais do humorismo nacional, que político brasileiro é um sujeito que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas. A julgar pelos primeiros movimentos, os candidatos que ocupam o topo das pesquisas presidenciais vão à sucessão de 2022 dispostos a demonstrar que o impossível é apenas uma palavra que contém o possível dentro de si.
Na campanha de 2018, Bolsonaro cogitou
compor uma chapa com o então senador Magno Malta, do PL.
Dono da legenda, o ex-presidiário do mensalão Valdemar Costa Neto preferiu
entregar o seu tempo de TV à coligação de Geraldo Alckmin.
Exagerando na teatralidade, Bolsonaro agradeceu ao então rival
tucano por ter abrigado em sua coligação a fina flor do centrão: "Obrigado,
Alckmin, por ter unido a escória da política brasileira."
Embora dispusesse de vasta vitrine televisiva, Alckmin não
decolou. No desespero, autorizou que fosse levada ao ar uma mensagem
sincericida. Dizia o comercial: "Pra vencer o PT e a sua turma no
segundo turno, o candidato é Geraldo Alckmin, mesmo que você não simpatize
tanto com ele." O que a mensagem dizia, com outras palavras, era mais
ou menos o seguinte: "Se você detesta o PT e quer evitar a vitória de
Fernando Haddad, outro poste do preso Lula, vote em Alckmin, mesmo que o
considere uma porcaria".
Hoje, Bolsonaro está de volta ao colo
do Centrão, amancebado com o PL do
ex-presidiário Valdemar Costa Neto, da quadrilha do Mensalão,
e articula com o PP de Ciro Nogueira e Arthur
Lira, estrelas do Petrolão, a indicação do vice de sua futura
chapa.
Lula, por seu turno, deve ter como parceiro de chapa
ninguém menos que... Alckmin! Num balé em que sujos se
misturam a mal lavados, quem olha de longe fica com dificuldade para distinguir
quem é quem. Prevalece a impressão de que em política nada se cria,
nada se transforma, tudo se corrompe.
Antes de concluir esta postagem, volto rapidamente ao que
dizia sobre a relevância do vice nas eleições presidenciais, dada a
possibilidade nada remota de o mandato do titular ser abreviado e o vice
assumir o posto.
O primeiro caso, tão antigo quanto nossa república, se deu
quando Floriano
Peixoto, vice de Deodoro
da Fonseca, assumiu a Presidência com a “renúncia” do titular. Depois
desse, houve mais sete casos — Nilo Peçanha; Delfim Moreira; Café
Filho; João Goulart; José Sarney; Itamar Franco; e Michel
Temer.
Vice de Dilma em 2010 e 2014, Temer deu
maior peso à candidatura do “poste” de Lula nos Estados e no Congresso,
mas se tornou o mentor intelectual, articulador e principal beneficiário do
impeachment da titular.
O empresário mineiro José Alencar, vice de Lula em
2002 e 2006, foi um dos avalistas do petista junto à classe empresarial,
mas não chegou a assumir a Presidência.
O general Hamilton Mourão jamais conspirou
contra o capetão — embora não lhe faltassem motivos, já que Bolsonaro balança,
mas não cai, desde o início de seu nefasto governo.
Não fossem os vices, outros sucessores e outras formas de
sucessão haveria. E aqui chegamos a um ponto de relevância para um debate sobre
a real necessidade dessa figura nos tempos atuais. Para o reserva é ótimo:
rende palácio à beira do lago, mordomias e, em caso de infortúnio do titular,
até a Presidência. Mas para o país inexiste demonstração de que essa peça não
se presta a mera decoração — quando não à conspiração.