sábado, 16 de abril de 2022

LULA “PAZ E AMOR” DE MAU HUMOR

 


Discursando para uma malta de convertidos, Lula defendeu mudanças na legislação para que gestantes possam fazer aborto “sem ter vergonha”. Não cabe aqui discutir o mérito, mas apenas ponderar que a questão deveria ser largamente debatida no Congresso e que o discurso causou estranheza porque o petista vinha adotando um tom mais moderado, quiçá para amealhar votos de eleitores cristãos desavisados.


Dias depois, em entrevista a uma rádio cearense, o petralha afirmou ser contra o aborto, mas ponderou que é preciso transformar essa questão numa questão de saúde pública”.Para além de defender o aborto, Lula sugeriu que militantes e sindicalistas mapeassem as residências dos deputados federais em cada região e realizassem manifestações em frente à casa dos parlamentares para fazer pressão sobre o Congresso e “tirar a tranquilidade” dos congressistas


Como nos ensinou a inolvidável Dilma, cria e sucessora do picareta dos picaretas, “depois que a pasta de dentes sai do dentifrício ela dificilmente volta pra dentro do dentifrício”. Ao incitar a patuleia contra adversários políticos, o ex-presidiário rasga a narrativa falaciosa com a qual tenta convencer o eleitorado de que ele é um democrata e defende as instituições. 


Proferida por Bolsonaro — que, na definição lapidar do senador Omar Aziz, “por onde passa vai lançando fezes” —, o pronunciamento de Lula teria sido qualificado como o que de fato é: assédio moral e incentivo à invasão da privacidade garantida pela Constituição. Mas o PT trabalhou os meios de comunicação e logrou êxito em enfatizar a declaração sobre o aborto. 


Boa de jogo, a caterva lulopetista fez do limão a limonada; ruim de bola, os mitomaníacos meteram os cascos traseiros pelos dianteiros os incentivar uma reação “na base da bala”.  Mas nada muda o fato de que incentivar o cerco às famílias dos deputados reaviva a imagem do Lula raivoso que perdeu três eleições presidenciais, e joga mais lenha na fogueira do antipetismo — o que seria ótimo se a “terceira via” já estivesse consolidada; no atual cenário, porém, tudo que prejudica eleitoralmente o molusco eneadáctilo favorece o devoto da cloroquina.

 

Outra declaração no mínimo desastrosa foi atribuir a Deus a colocação de Gleisi Hoffmann na direção da legenda — aliás, na mesma entrevista o abantesma vermelho defendeu um projeto envolvendo a regulamentação da imprensa e das redes sociais que restringe ainda mais a liberdade de expressão se comparado ao que apresentou no final de seu segundo mandato. Mas repugnante mesmo foi a postura do ex-tucano e agora vassalo petista Geraldo Alckmin. 


Em plena Quinta-Feira da Paixão, durante um comício para sindicalistas, o picolé de chuchu, já com a voz roufenha, berrou a plenos pulmões que Lula é a maior liderança popular do país. “A luta sindical deu ao Brasil o maior líder popular deste país. Lula, Lula, viva Lula, viva os trabalhadores do Brasil”. E dizer que eu votei nesse sujeito!


O PT se acostumou a ser o campeão de votos no Nordeste em todas as eleições desde 2002 — até com o poste Fernando Haddad, em 2018. Segundo reportagem da revista eletrônica Crusoé, mesmo com Lula de volta ao páreo o partido tem encontrado dificuldades tanto nas negociações dos palanques estaduais quanto para encontrar candidatos capazes de atuar como puxadores de votos. Há ainda casos em que os acordos fechados pelo PT com donos de extensas fichas corridas e figuras controversas da política nacional podem custar a Lula votos preciosos em alguns estados. 


Seria uma ótima notícia se tudo que prejudica Lula eleitoralmente não favorecesse o projeto de poder de Bolsonaro


Triste Brasil!