terça-feira, 31 de maio de 2022

A VOLTA DA FÊNIX MITOLÓGICA — MAS PODEM CHAMAR DE TERCEIRA VIA


Contam-se nos dedos os países desenvolvidos em que pessoas perdem suas vidas em decorrência de chuvas. Por aqui, só neste ano houve tragédias dessa natureza na Bahia, no Rio e em Pernambuco. Coisa de terceiro mundo? Não. De quinto. Dito isso, passo ao assunto do dia.

O saudoso maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, brasileiro até no nome, sabia das coisas. Atribui-se a ele a máxima segundo a qual o Brasil não é para principiantes. Prova disso é que, a menos de cinco meses do pleito presidencial, temos de um lado o ex-presidiário fantasiado de “ex-corrupto”, que quer voltar à cena do crime, e do outro um presidente investigado em seis inquéritos e alvo de quase 150 pedidos de impeachment, que move mundos e fundos (sobretudo fundos) para continuar na cena... digo, no cargo.

Por mal de nossos pecados, um desses pesadelos poderá se tornar realidade. Até porque, como bem disse Pelé, e Figueiredo depois dele, o brasileiro não está preparado para votar. Aliás, esta banânia só teria alguma chance de dar certo quando e se o povinho de merda que Deus colocou aqui compreendesse que políticos não devem ser endeusados, mas cobrados e trocados regularmente. 

Apesar de divergirem no percentual de preferência do eleitorado, todas as pesquisas apontam Lula e Bolsonaro como prováveis adversários no segundo turno. Algumas não descartam sequer a possibilidade de o petralha liquidar a fatura no dia 3 de outubro. 

Não sei até que ponto pesquisas feitas com tanta antecedência são confiáveis, mas acho que elas prestam um desserviço ao país ao estimularem ainda mais a polarização. Por outro lado, é nítido que o "esclarecidíssimo" eleitorado canarinho apagou da memória a roubalheira havida nos 13 anos e fumaça de gestões lulopetistas e a tragédia que se tornou o país sob o "mito" dos bolsomínions. Para piorar, nhô ruim e nhô pior vomitam falácias eleitoreiras em palanques antecipados sem que a pusilânime Justiça Eleitoral dê um pio. Mas nenhum dos dois apresenta um projeto de governo como manda o figurino. 

Observação: Desde o início do ano, o TSE recebeu 17 ações que apontam propaganda eleitoral antecipada na disputa presidencial, na disputa presidência, sendo 12 contra a campanha de Bolsonaro e 5 contra a de Lula, mas até o momento não houve qualquer punição efetiva.

Bolsonaro continua fazendo o que sempre fez desde o instante em que subiu a rampa do Palácio do Planalto: tudo, menos governar o país. Lula, recém conduzido ao tabuleiro da sucessão por uma suprema conspirata, quer reescrever a história distorcendo os fatos, a começar pela “inocência”que o STF não reconheceu. 

A decisão tomada por 8 a 3 pelas togas anulou os processos do tríplex, do sítio e outros dois envolvendo o Instituto Lula, mas não absolveu o camelô de empreiteiro, que percorre a conjuntura na esdrúxula condição de “ex-corrupto”, apesar de sua culpabilidade ter sido reconhecida em três instâncias no caso do tríplex do Guarujá (cuja sentença transitou em julgado) e duas no caso sítio de Atibaia.

A mítica terceira via — que já começava a duvidar da própria existência — ressurgiu timidamente depois que Sergio Moro e João Doria foram elididos da disputa. A bola da vez é a senadora Simone Tebet, já que Ciro Gomes encanta com sua grandiloquência, mas afugenta o eleitorado com a postura beligerante que já lhe garantiu três derrotas em três disputas presidenciais. A menos que o imprevisto tenha voto decisivo na assembleia dos acontecimentos, o cearense de Pindamonhangaba (SP) morrerá na praia pela quarta vez.

Embora ainda precise confirmar a consolidação da terceira via, crescer nas pesquisas e driblar eventuais traições dentro do próprio partido, Simone teve a pré-candidatura referendada por emedebistas dos principais estados do país. Mas nem Doria nem o senador Tasso Jereissati se empolgaram com a ideia de disputar a vice-presidência na chapa encabeçada por ela. Já Eduardo Leite — que foi derrotado nas conturbadas prévias tucanas — aceita ser coadjuvante. O problema é que a ala tucana liderada pelo deputado Aécio Neves entende que o PSDB deve encabeçar a chapa. Afinal, por que simplificar quando se pode complicar?

O senso comum recomenda não contar com o ovo na cloaca da galinha, mas a pesquisa Ipespe divulgada na última sexta-feira mostrou que o potencial de voto em Simone Tebet aumentou 11% em uma semana. Ele agora é de 28%. Além dos 5% que disseram ao instituto que votariam nela com certeza, há outros 23% que poderiam votar. Há sete dias, os números eram 3% e 14%.