sexta-feira, 20 de maio de 2022

QUER CONHECER O CARÁTER DE UMA PESSOA? DÊ-LHE O PODER! (QUARTA PARTE)



Lula é uma caricatura de si mesmo, uma foto amarelada que insiste em permanecer pendurada na parede do PT, até porque ele e seu espúrio partido são uma coisa só. De acordo com as pesquisas, o ex-presidiário já ganhou (com 171% dos votos) e se prepara alegremente para voltar à cena do crime.

Bolsonaro, que atacou duramente o Centrão durante a campanha e prometeu sepultar a “velha política” do “toma lá, dá cá”, passou por nove partidos, todos do Centrão. Entre 2019 e 2020, tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas não conseguiu reunir o número mínimo de assinaturas e acabou se amancebando com o PL. Na cerimônia de filiação à sigla presidida pelo do ex-mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto, disse que “estava se sentindo em casa”. Mas vamos por partes, que a desgraça vem de longe.

Bolsonaro iniciou sua trajetória militar em 1973, na Escola de Cadetes de Campinas (SP). No ano seguinte, ingressou na AMAN, onde cumpriu o curso básico de paraquedismo do Exército e foi promovido a aspirante a oficial de artilharia. Em 1986, protestou contra os baixo soldo dos militares num artigo publicado pela revista Veja, que lhe rendeu 15 dias na prisão. Em 1987, Veja denunciou seu plano de explodir bombas em instalações militares como forma de pressionar o comando por melhores salários e condições. Ele e seu comparsa, o também capitão Fábio Passos da Silva, foram condenados por unanimidade. O STM os absolveu por 9 votos a 4, mas suas carreiras militares acabaram ali. 

Desfardado e travestido de defensor dos interesses corporativistas dos fardados, Bolsonaro conquistou uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Dois anos depois, elegeu-se deputado federal. Ao longo de 7 mandatos, aprovou 2 projetos e colecionou mais de 30 processos. Em 2018, graças a uma improvável conjunção de fatores, foi despachado para o Palácio do Planalto, onde permanece até hoje graças à leniência do Legislativo e do Judiciário.

Para se escudar de mais de 140 pedidos de impeachment — um recorde, considerando o escore de seus predecessores (Collor, 29; Itamar, 4, FHC, 24; Lula, 37; Dilma, 68; e Temer, 31) —, o ex-capitão usou o "orçamento secreto" para ter um cúmplice na presidência da Câmara; para se imunizar contra investigações por crimes comuns, nomeou esbirro procurador-geral (ao arrepio da lista tríplice do MPF) e o mantém na rédea curta mediante a promessa de guindá-lo ao STF.

Observação: Em 1993, o ex-presidente-general Ernesto Geisel se referiu ao então capitão como “um caso completamente fora do normal, inclusive mau militar”. A quem interessar possa, a carreira militar do “mito” é narrada em detalhes no livro “O Cadete e o Capitão: A Vida de Jair Bolsonaro no Quartel” (Todavia), publicado em 2019 pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho.

A carreira política se confunde com a vida pessoal do mau militar e parlamentar medíocre. Sua primeira esposa, Rogéria Bolsonaro, foi eleita vereadora no Rio de Janeiro em 1996. Em 2000, durante a separação do casal, ela concorreu à reeleição e foi derrotada pelo filho 02 — que se tornou o vereador eleito mais jovem da História do país. 

Os filhos 01 e 03 também seguiram os passos do pai na política: Flávio, o devoto das rachadinhas foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro em 2002 (e reeleito três vezes antes de conquistar uma vaga Senado Federal). Eduardo, o fritador de hambúrguer que quase virou embaixador, foi eleito deputado estadual por São Paulo em 2014 e reeleito em 2018. 

Observação: Afora o célebre caso de Zero Um e as rachadinhas, a PF e o Ministério Público apuram suspeitas contra Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Renan Bolsonaro por tráfico de influência, contratação de funcionários fantasmas e envolvimento na organização de manifestações que pediram o fechamento de instituições como o Congresso e o Supremo. Tutti buona gente!


Abro um parêntese para dizer que a decisão do TJ-RJ que fez de 01 o mais novo "inocente entre aspas" (mais detalhes na próxima postagem) foi "mais do que justa", sobretudo num país democrático onde uma decisão estrambótica chancelada em supremo plenário por 8 votos a 3 transformou um ex-presidente presidiário em "ex-corrupto" e apto a voltar à cena do crime. 

Isso me faz lembrar de uma anedota dos tempos da ditadura, segundo a qual o general-presidente da vez, em visita oficial à Bolívia, mal disfarçou o riso quando lhe foi apresentado o ministro da Marinha do país vizinho... e foi prontamente lembrado de que seu colega boliviano não riu quando, em vista ao Brasil, lhe foi apresentado o ministro da Justiça tupiniquim.

Continua...