segunda-feira, 23 de maio de 2022

SOBRE CELULARES, BATERIAS E NOMOFOBIA

CASAR SIGNIFICA TROCAR 50% DE DIREITOS POR 100% DE OBRIGAÇÕES.

 

O neologismo “nomofobia” (de no-mobile + fobos) foi cunhado para designar a ansiedade patológica que acomete algumas pessoas quando se veem privadas de usar seus smartphones. Aliás, nada resume melhor o relacionamento dos nomofóbicos com a bateria do celular do que o aplicativo Die With Me, que só pode ser usado quando a reserva de energia atinge 5%. 


Cerca de 10% dos brasileiros padecem de nomofobia, o que não é pouco se considerarmos que há um ano atrás a 32ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia já contabilizava 440 milhões de dispositivos digitais portáteis (notebooks) e ultraportáteis (smartphones e tablets) em uso no país. 

 

À medida que os celulares foram ficando mais versáteis, as pessoas passaram a dar mais importância autonomia e a vida útil da bateria. Mas nem mesmo as poderosas baterias de 6.000 mAh desobrigam os heavy users de fazer um “pit stop” entre as recargas completas. 


Embora seja tecnicamente possível aumentar a capacidade das baterias, o problema está em fazê-lo sem impactar o tamanho do componente e o custo de fabricação. A bateria que equipa um Tesla Model 3 é de 62.000 Wh, ao passo que a de um iPhone 11 Pro Max é de 15,04 Wh (ou 3.969 mAh). Mas as diferenças de tamanho e de peso são igualmente significativas. Assim, a alternativa encontrada pelos fabricantes de smartphones foi criar sistemas de “carregamento rápido” (mais detalhes nesta postagem) e recorrer a softwares destinados a otimizar o consumo de energia. 

 

A potência de um carregador convencional é de 5 a 10 watts, enquanto a de um carregador rápido chega a ser 8 vezes maior (os Galaxy Note 10 vêm acompanhado de um carregador de 25 watts). O impacto do carregamento rápido na vida útil das baterias causa divergências entre os especialistas; há quem diga que não há prejuízo algum para o componente se o carregador for original ou de marca e modelo homologados pelo fabricante do aparelho.

 

Fato é que o processo de recarga gera calor (daí ser recomendável tirar o celular da capa e realizar o procedimento em local ventilado), e que tanto o calor quanto o estresse aumentam quando o nível de carga atinge 80%. Para evitar danos, o carregamento rápido desacelera depois que o nível da bateria atinge de 50% a 70% (o que pode levar de 10 a 30 minutos, conforme o aparelho). Modelos da Samsung utilizam carregadores de 45 Watts, que restabelecem 70% da carga em cerca de meia hora — mesmo tempo que, segundo a Apple, a bateria do iPhone 11 Pro leva para atingir 50%.

 

A possibilidade de danos existe, mas é mínima. Primeiro, porque o gerenciamento da bateria monitora a recarga e reduz a potência na fase final (é por isso que os últimos 10% parecem demorar uma eternidade). Segundo, porque o sistema é projetado para interromper o fornecimento de energia quando a bateria está 100% carregada. Mas, de novo, isso se aplica a baterias e carregadores originais e modelos homologados pelo fabricante do aparelho. 


Da feita que a Lei de Murphy ainda não foi revogada, convém evitar que o nível de carga fique abaixo de 20% durante o uso e supere 80% durante a recarga, mesmo que isso signifique renunciar a uma horinha a mais de WhatsApp que você teria se não observasse esses limites (para mais ou para menos).