A trajetória de Sergio Moro na política foi um desastre. O herói nacional promovido a superministro bateu de frente com o presidente (que queria tudo, mesmo combater a corrupção), foi sabotado pelo Legislativo, desancado por uma suprema conspirata, menosprezado pelo Podemos e traído pelo União Brasil e transformado em réu numa ação popular movida por deputados esquerdopatas. Mas o processo de reversão das conquistas da Lava-Jato não terminou com a anulação das condenações dos corruptos e aprovação de leis que dificultam o combate à corrupção.
Existe um acordo tácito entre os que mandam nesta banânia no sentido de desmoralizar, humilhar e punir aqueles que ousaram desmascarar os esquemas orquestrados pelo PT et caterva. O país da piada pronta bateu o próprio recorde quando o juiz da 2.ª Vara Federal Cível de Brasília aceitou a denúncia ajuizada contra Moro por deputados petistas. Além ser questionável do ponto de vista processual, a peça é um exemplo perfeito da inversão de valores promovida pelo revanchismo petista contra a Lava-Jato e aqueles que a conduziram no Judiciário e no Ministério Público.
Sérgio Moro foi engolido pelo establishment. O material obtido criminosamente por um um bando de hackers e vazado seletivamente por um suspeitíssimo blogueiro ianque deveria ter ido parar na lata do lixo, mas foi usado numa suprema conspirata para sepultar a condenação em segunda instância, tirar Lula do xadrez em Curitiba e reinseri-lo no xadrez da sucessão presidencial.
Achava-se que a pá de cal seria a decretação da parcialidade de Moro na condução dos processos contra o chefe da ORCRIM, mas tudo indica que esse despudorado folhetim terá novos capítulos. Já tem chicaneiro estrelado sustentando que, com os processos arquivados e Moro considerado parcial, corruptos e corruptores que pagaram multas e/ou devolveram parte do butim têm direito a reembolso.
Para ter noção da situação surreal, apenas um gerente da Petrobras, Pedro Barusco, devolveu R$ 182 milhões desviados no esquema montado pelo governo petista. A Lava-Jato conseguiu devolver aos cofres públicos um total de R$ 25 bilhões, de acordo com o Ministério Público do Paraná, por meio de acordos de leniência, delação premiada e repatriação. Desses, R$ 6 bilhões foram encaminhados à Petrobras, e o restante, aos cofres da União. A devolução do dinheiro da corrupção é um fato incontestável. De onde ele surgiu? Caiu do céu sem que houvesse culpados?
Triste Brasil.