Em casa onde falta pão, todos gritam e ninguém tem razão. E com o trigo pela hora da morte, até o pãozinho anda em falta na mesa dos brasileiros.
Seja por conta da fome, seja por mera ignorância, o eleitor brasileiro age como o sujeito que vai a uma lanchonete, vê que as únicas opções do cardápio são merda à parmegiana e bosta à moda da casa e fica em dúvida sobre o que pedir, quando a decisão racional seria mudar de botequim.
Segundo o Datafolha, Lula tem 48% das intenções de voto e Bolsonaro, 27%. A pesquisa revela ainda que 56% dos entrevistados acham que as intenções golpistas do mandatário deveriam ser levadas a sério pelas instituições. A Folha procurou o senador Rodrigo Pacheco, o ministro Luiz Fux e procurador-geral Augusto Aras, mas nenhum deles se dispôs a comentar.
Observação: Depois de dar uma canetada para salvar Fernando Francischini, o supremo togado Nunes Marques, que é 10% de Bolsonaro no STF, salvou mais um deputado federal bolsonarista — Valdevan Noventa, do PL —, que teve seu mandato cassado pelo TSE. É o "SUPREMO VALE-TUDO", que rasga todas as decisões judiciais para beneficiar o bando de cá ou o bando de lá. As urnas já foram fraudadas antes mesmo de serem abertas.
Sobre pesquisas de intenções de voto, será mesmo que dois mil e poucos entrevistados representem 150 milhões de eleitores? Caso representem, o que explica as discrepâncias nos resultados? Não sei se faz sentido atribuí-las a diferenças de metodologias, ou ao enunciado das perguntas e a ordem em que elas são apresentadas. Ou mesmo ao estado de espírito dos entrevistados no momento da abordagem.
Às vésperas do pleito de 2018, a maioria das pesquisa dava de barato a vitória de Haddad para a Presidência e a de Dilma para o Senado. E deu no que deu. A seis meses da primeira eleição direta pós-redemocratização, Collor, Lula e Brizola estavam tecnicamente empatados (média de 13%). Collor derrotou Lula no segundo turno por 53,03% a 46,97% dos votos válidos. Em maio de 1994, Lula tinha 46% das intenções de voto e FHC, 16%. O tucano venceu no primeiro turno por 54,24% a 27,07%.
Em 1998, 2002 e 2006, o candidato que estava na frente em maio venceu o pleito (FHC em 1998, no primeiro turno, e Lula em 2002 e 2006, ambas as vezes no segundo turno). Em maio de 2010, Serra estava 10 pontos percentuais à frente de Dilma, mas foi derrotado, no segundo turno, por 56,05% a 43,95%. Em 2014, a bruxa má começou com 38% (mais que o dobro de Aécio, que tinha 16%), mas a diferença foi diminuindo e ela acabou derrotando o tucano (no segundo turno, por 51,64% a 48,36%).
Ciro Gomes (que caminha para a quarta derrota) ensina que eleição é filme, pesquisa é frame. Mas a verdade é uma só: quem quer saber ao certo o resultado do jogo deve aguardar o apito final.