domingo, 5 de junho de 2022

A VOLTA DA FÊNIX MITOLÓGICA — MAS PODEM CHAMAR DE TERCEIRA VIA (PARTE IV)

 

Enquanto a patuleia aposta na vitória de Lula no primeiro turno (com 171% dos votos), os bolsomínions se preparem para comemorar a reeleição do “mito” no segundo (ou na mão grande). Mas treino é treino, jogo é jogo e torcida é um caso à parte. 

 

O ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado vem fazendo das tripas coração esconder a roubalheira cometida em prol de seu espúrio projeto de poder. Nega tudo que sua cara de pau permite negar e diz que “não sabia” quando é emparedado por fatos incontestáveis. Entre mentiras e desculpas esfarrapadas, aciona o aciona o TSE contra Deltan Dallagnol e manda seus esbirros processarem o ex-juiz Sergio Moro.

 

Lava-Jato começou em 2014 como uma operação contra doleiros, e foi encerrada em 3 de fevereiro de 2021, quando a PGR, já sob Bolsonaro, incorporou as investigações ao Gaeco. Nesse entretempo, suas 79 fases renderam 195 denúncias, que resultaram em 244 ações penais, 1.921 buscas e apreensões, 349 prisões preventivas e 211 prisões temporárias. Ao todo 981 pessoas foram denunciadas. Dois ex-presidentes (Lula e Temer), políticos de diversos partidos e empresários de expressão foram parar na cadeia. 

 

Esses objetivos só foram alcançados graças aos acordos de delação premiada — que por um lado ofereceram redução de penas para quem colaborou, mas por outro garantiram que a investigação avançasse mais rapidamente. Vale lembrar que os chamados crimes de colarinho branco não deixam rastros físicos, e nesse contexto os depoimentos ganham peso. Foram os 278 acordos de colaboração e de leniência que propiciaram a devolução de R$ 22 bilhões. A Petrobras já recuperou R$ 5,3 bilhões (o TCU estima que o prejuízo total alcançou R$ 29 bilhões desde 2002). 

 

Cumpre relembrar (pela enésima vez) que Lula não foi inocentado. A teratológica decisão do ministro Fachin, chancelada em plenário por 8 votos a 3, anulou os processos do tríplex, do sítio, e outros que envolviam o Instituto Lula, mas não absolveu o camelô de empreiteiro. Em tese, as ações deveriam ser reiniciadas do zero em Brasília, mas a prescrição e a morosidade do Judiciário exigiriam que o palanque ambulante renascesse sete vezes para ser novamente julgado, condenado e preso — e até onde se sabe as sete vidas atribuídas aos gatos não se estendem a gatunos.

 

Lula percorre a conjuntura na esdrúxula condição de “ex-corrupto”, mas mente quando diz que foi absolvido. Até porque sua culpabilidade foi reconhecida por três instâncias, no caso do tríplex (que transitou em julgado), e por duas, no caso sítio.