sábado, 11 de junho de 2022

LUCIANO BIVAR E SEU SOLDADO




Luciano Bivar lançou sua pré-candidatura à Presidência pelo União Brasil, mas concorrer a sério não é o propósito do cacique do partido que hoje conta com o maior volume de recursos públicos (mais de R$ 900 milhões) para financiar campanhas e o que mais lhe aprouver fazer com essa dinheirama. Sua ideia é outra, num plano de três etapas.

A primeira, já cumprida, era tirar Sérgio Moro do jogo depois de tirá-lo do Podemos, favorecendo tanto a Bolsonaro quanto a Lula. A segunda é criar um biombo para que os correligionários fiquem livres em suas regiões para não apoiar explicitamente a nenhum dos dois e para se aliar a um ou a outro conforme os interesses locais. A terceira, mas não menos importante, é investir o ervanário na eleição de volumosa bancada de deputados federais que, quanto maior for, mais dinheiro público receberá para as próximas eleições e mais poder terá sobre o presidente a ser eleito em outubro.

Moro tinha uma biografia respeitável, estabilidade no emprego, um olho na suprema toga e outro no trono do Planalto, uma mulher chamada Rosângela e a vida a lhe sorrir. Hoje, moído politicamente, precisa levar flores diariamente para a esposa — a única coisa que lhe restou depois que o TRE melou sua transferência de domicílio eleitoral para São Paulo. obrigando-o a retornar ao Paraná. 

Moro iniciou seu périplo pelos nove círculos do inferno ao trocar a estabilidade da magistratura pela subordinação a Bolsonaro. Fritado pelo capitão, deixou o Ministério da Justiça fazendo pose de terceira via. Tostado pelo STF, migrou para a condição de antifenômeno eleitoral. Esvaziado pelo Podemos, transferiu-se para o UB e aceitou abrir mão de sua pretensão presidencial. No Paraná, além de encostar seu projeto num palanque bolsonarista, teria de medir forças com o ex-aliado Álvaro Dias pela única vaga de senador à disposição. Seu partido prefere que dispute uma cadeira na Câmara, mas aí ele precisaria roubar votos do amigo Deltan Dallagnol.

Tomado pelas sentenças que proferiu como juiz, Moro achava que a política era a segunda profissão mais antiga do mundo. Como político, vai descobrindo da pior maneira possível que ela é muito parecida com a primeira. Se existisse um troféu para premiar o fiasco de 2022, Moro seria um candidato imbatível. Infelizmente.

Com Josias de Souza