Pesquisas do Datafolha sobre eleições presidenciais realizadas desde 1989 mostram que o candidato que liderava as enquetes a seis meses da votação venceu a disputa em quatro das oito eleições, e que houve mudança significativa no cenário entre abril e outubro nos anos de 1989, 1994, 2010 e 2018. O levantamento feito pelo portal Metrópoles analisou as pesquisas realizadas em abril e em 2018, 2014, 2010, 2006, 2002, 1998, 1994 e 1989.
Na primeira eleição direta pós-redemocratização, Collor, Lula e Brizola estavam tecnicamente empatados, com 14%, 13% e 12% das intenções, respectivamente. O pseudo caçador de marajás cresceu a partir de junho, mas não o bastante para liquidar a fatura no 1º turno. Em 1994, Lula tinha 42% das intenções de voto, ante 16% de Fernando Henrique, mas o tucano conseguiu virar o jogo e vencer no primeiro turno, com 54,24% dos votos válidos. Em 2010, Dilma contabilizava 28% das intenções de voto em um primeiro momento — 10 pontos percentuais atrás do principal adversário, o tucano José Serra, que tinha 38% —, mas acabou eleita em segundo turno, por 56,05% a 43,95%. Em 2018, as pesquisas apontavam uma tendência de alta de Bolsonaro, apesar de nem todas terem antecipado sua vitória em segundo turno.
Em 2018, antes do 1º turno, o "mito" mitômano amealhava 35% das intenções de voto e a marionete do pajé do PT, 22%. Eleito presidente e candidatíssimo a um segundo mandato desde o dia em que subiu a rampa do Palácio do Planalto, o ex-capitão que durante a campanha prometeu acabar com o instituto da reeleição passou a desacreditar as que dão conta de sua astronômica rejeição.
Como se sabe, as pesquisas eleitorais registram uma “fotografia do momento” e, num contexto mais amplo, apontam tendências. Em 2018, todos os institutos davam como favas contadas a eleição de Dilma para o Senado, mas ela ficou em quarto lugar. Lula, mesmo estando preso, tinha tudo para derrotar Bolsonaro por 171% dos votos válidos. Acabou que Haddad foi nomeado preposto do sentenciado e foi derrotado pelo Messias que não miracula, no 2º turno, com a maior diferença percentual em eleições presidenciais desde 2010. Só que deu no que deu.
Ciro Gomes diz que eleição filme e pesquisa é frame, já que os institutos capturam o "humor" do eleitorado naquele momento específico. Mas Bolsonaro, no melhor estilo de quem mata o mensageiro quando a notícia lhe desagrada, Bolsonaro só "acredita" nos resultados que o favorecem. Pelo visto, em breve não terá no que acreditar, pois todos os levantamentos realizados nos últimos meses dão conta de que o abismo que o separa do queridinho do eleitorado fica cada vez mais instransponível. Claro que as pessoas podem mudar de opinião na véspera e produzir uma virada no cenário, a exemplo do que ocorreu em 2014 — com a morte de Eduardo Campos — e em 2018 — com a facada em Bolsonaro. Como se diz no futebol, "treino é treino e jogo é jogo".
No último dia primeiro, com o apoio de todos os seus rivais, inclusive os petistas, Bolsonaro pode ter carimbado no Senado seu passaporte para o segundo turno ao obter dos senadores autorização para torrar mais de R$ 40 bilhões na compra da simpatia do eleitorado pobre. Nunca foi tão fácil reescrever a Constituição. Aprovou-se numa única noite, em dois turnos de votação, a emenda constitucional que rasga as leis eleitoral e de responsabilidade fiscal para permitir o aumento do Auxílio Brasil e do vale-gás, além de um voucher para caminhoneiros e taxistas abastecerem seus veículos.
Para justificar um novo destelhamento do teto de gastos, criou-se um hipotético "estado de emergência" provocado pela guerra na Ucrânia e seu impacto no preço dos combustíveis e na inflação. Mas Putin bombardeou a Ucrânia há cinco meses, a inflação na casa de dois dígitos há nove e Bolsonaro reclama dos preços dos combustíveis há três anos. No momento, há duas emergências reais: 1) A miséria e a fome provocadas pela inépcia de um governo incapaz de adotar providências adequadas nos momentos oportunos; 2) O desespero do comitê da reeleição para reverter as pesquisas que apontam a perspectiva de vitória de Lula no primeiro turno. Ao violar a legislação eleitoral e fiscal, os parlamentares como que autorizam o Executivo a jogar dinheiro público pela janela.
No auge da pandemia, a popularidade do mandatário de fancaria voou nas asas do auxílio emergencial. O comitê da reeleição conta com a repetição do fenômeno. Como ainda não inventaram uma maneira de revogar a lei da gravidade, a encrenca fiscal cairá na cabeça do próximo presidente e dos pobres que Bolsonaro e seus cúmplices fingem socorrer. Perto da superpedalada fiscal do "mito" dos descerebrados, a pedalada que levou ao impeachment de Dilma fica parecendo um velocípede.
Os benefícios valerão apenas até dezembro. A partir de janeiro, os efeitos do estelionato virão junto com a ruína de um governo com menos recursos, uma sociedade com mais necessidades e um Congresso ainda mais chantagista.
Triste Brasil.
Com Metrópoles e Josias de Souza
Na primeira eleição direta pós-redemocratização, Collor, Lula e Brizola estavam tecnicamente empatados, com 14%, 13% e 12% das intenções, respectivamente. O pseudo caçador de marajás cresceu a partir de junho, mas não o bastante para liquidar a fatura no 1º turno. Em 1994, Lula tinha 42% das intenções de voto, ante 16% de Fernando Henrique, mas o tucano conseguiu virar o jogo e vencer no primeiro turno, com 54,24% dos votos válidos. Em 2010, Dilma contabilizava 28% das intenções de voto em um primeiro momento — 10 pontos percentuais atrás do principal adversário, o tucano José Serra, que tinha 38% —, mas acabou eleita em segundo turno, por 56,05% a 43,95%. Em 2018, as pesquisas apontavam uma tendência de alta de Bolsonaro, apesar de nem todas terem antecipado sua vitória em segundo turno.
Em 2018, antes do 1º turno, o "mito" mitômano amealhava 35% das intenções de voto e a marionete do pajé do PT, 22%. Eleito presidente e candidatíssimo a um segundo mandato desde o dia em que subiu a rampa do Palácio do Planalto, o ex-capitão que durante a campanha prometeu acabar com o instituto da reeleição passou a desacreditar as que dão conta de sua astronômica rejeição.
Como se sabe, as pesquisas eleitorais registram uma “fotografia do momento” e, num contexto mais amplo, apontam tendências. Em 2018, todos os institutos davam como favas contadas a eleição de Dilma para o Senado, mas ela ficou em quarto lugar. Lula, mesmo estando preso, tinha tudo para derrotar Bolsonaro por 171% dos votos válidos. Acabou que Haddad foi nomeado preposto do sentenciado e foi derrotado pelo Messias que não miracula, no 2º turno, com a maior diferença percentual em eleições presidenciais desde 2010. Só que deu no que deu.
Ciro Gomes diz que eleição filme e pesquisa é frame, já que os institutos capturam o "humor" do eleitorado naquele momento específico. Mas Bolsonaro, no melhor estilo de quem mata o mensageiro quando a notícia lhe desagrada, Bolsonaro só "acredita" nos resultados que o favorecem. Pelo visto, em breve não terá no que acreditar, pois todos os levantamentos realizados nos últimos meses dão conta de que o abismo que o separa do queridinho do eleitorado fica cada vez mais instransponível. Claro que as pessoas podem mudar de opinião na véspera e produzir uma virada no cenário, a exemplo do que ocorreu em 2014 — com a morte de Eduardo Campos — e em 2018 — com a facada em Bolsonaro. Como se diz no futebol, "treino é treino e jogo é jogo".
No último dia primeiro, com o apoio de todos os seus rivais, inclusive os petistas, Bolsonaro pode ter carimbado no Senado seu passaporte para o segundo turno ao obter dos senadores autorização para torrar mais de R$ 40 bilhões na compra da simpatia do eleitorado pobre. Nunca foi tão fácil reescrever a Constituição. Aprovou-se numa única noite, em dois turnos de votação, a emenda constitucional que rasga as leis eleitoral e de responsabilidade fiscal para permitir o aumento do Auxílio Brasil e do vale-gás, além de um voucher para caminhoneiros e taxistas abastecerem seus veículos.
Para justificar um novo destelhamento do teto de gastos, criou-se um hipotético "estado de emergência" provocado pela guerra na Ucrânia e seu impacto no preço dos combustíveis e na inflação. Mas Putin bombardeou a Ucrânia há cinco meses, a inflação na casa de dois dígitos há nove e Bolsonaro reclama dos preços dos combustíveis há três anos. No momento, há duas emergências reais: 1) A miséria e a fome provocadas pela inépcia de um governo incapaz de adotar providências adequadas nos momentos oportunos; 2) O desespero do comitê da reeleição para reverter as pesquisas que apontam a perspectiva de vitória de Lula no primeiro turno. Ao violar a legislação eleitoral e fiscal, os parlamentares como que autorizam o Executivo a jogar dinheiro público pela janela.
No auge da pandemia, a popularidade do mandatário de fancaria voou nas asas do auxílio emergencial. O comitê da reeleição conta com a repetição do fenômeno. Como ainda não inventaram uma maneira de revogar a lei da gravidade, a encrenca fiscal cairá na cabeça do próximo presidente e dos pobres que Bolsonaro e seus cúmplices fingem socorrer. Perto da superpedalada fiscal do "mito" dos descerebrados, a pedalada que levou ao impeachment de Dilma fica parecendo um velocípede.
Os benefícios valerão apenas até dezembro. A partir de janeiro, os efeitos do estelionato virão junto com a ruína de um governo com menos recursos, uma sociedade com mais necessidades e um Congresso ainda mais chantagista.
Triste Brasil.
Com Metrópoles e Josias de Souza