Após ganhar notoriedade expondo documentos secretos da NSA, Glenn Greenwald, o pasquineiro difamador, deixou o jornal The Guardian e passou ser bancado pelo francês de origem iraniana Pierre Omidyar, fundador do site de leilões eBay. Com fortuna avaliada em quase US$ 14 bilhões, o bilionário é fundador também da First Look Media — empresa-mãe do The Intercept — e do Press Freedom Defense.
Diferentemente de filantropos realmente engajados em causas humanitárias e à semelhança do húngaro George Soros — a encarnação do demônio para os antiglobalistas —, Omidyar “faz caridade” com uma desavergonhada pegada de ativismo político. Em 2017, quando doou US$ 100 milhões para combater fake news através do jornalismo investigativo, ele divulgou um comunicado em que se comprometia a aplacar o “déficit global de confiança” nas instituições. Dentre os eventos listados para fundamentar tal preocupação figuravam a eleição de Donald Trump e — vejam só — o impeachment da ex-presidanta Dilma Rousseff.
Defensores de Verdevaldo nas redes sociais tentaram lhe emprestar credibilidade alegando que ele teria sido agraciado com um Pulitzer — considerado o Oscar do Jornalismo — pela publicação dos documentos da NSA vazados por Edward Snowden. Na verdade, a equipe liderada por ele e Laura Poitras conquistou para o The Guardian US e para o The Washington Post o prêmio na categoria “Serviço Público” de 2014 — na qual o premiado é sempre o jornal que publicou a reportagem ou a série de reportagens. Ainda que assim não fosse, a lista de ganhadores do Pulitzer inclui Walter Duranty, que ocultou deliberadamente os crimes do stalinismo (incluindo o genocídio de ucranianos pela fome) e Janet Cooke, autora de uma reportagem inventada sobre uma criança de oito anos viciada em heroína, que teve de devolver o prêmio depois que a farsa foi descoberta (clique no site do Pulitzer para checar).
Quem tiver interesse em conhecer o verdadeiro estofo do caráter do manipulador do conta-gotas do Intercept encontrará mais informações na reportagem que Eric Wemple publicou em 27 de junho de 2013 no jornal The Washington Post. Dentre outras coisas, a matéria informa que “o escritório do cartório do condado de Nova York mostra que Glenn Greenwald tem US$ 126.000 em sentenças abertas e contra ele datando de 2000, incluindo US$ 21.000 do Departamento de Impostos do Estado e da Secretaria da Fazenda. Também fala de um penhor de US $ 85.000”.
Greenwald se envolveu com gente do submundo e do ramo da pornografia e se tornou inimigo de Peter Haas — dono de uma companhia de produtos pornográficos —, a quem chamou de little bitch (putinha) no Post. Ao se juntar a Edward Snowden — o ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA que tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global americano —, entrou para a lista negra do governo EUA e bateu de frente com Julian Assange, dono do WikiLeaks e de uma capivara que inclui processo por estupro na Suécia e quebra de acordo de liberdade sob fiança no Reino Unido.
Em 2013, quando David Miranda — ex-suplente de Jean Wyllys e marido de Glenn — foi detido no Aeroporto de Londres por violar o protocolo 7 do Ato Antiterrorismo, Dilma prestou mais um desserviço aos brasileiros abrindo as portas do país para a permanência legal do panfleteiro, como fez Lula antes dela ao acolher o mafioso assassino Cesare Battisti.
Se você ainda acha que o Intercept, seu editor e seus replicadores são paladinos da justiça, pense outra vez. Como Lula, essa caterva não passa de santos com pés de barro. Greenwald posa de quintessência da moralidade, mas nunca foi flor que se cheire. Um mês antes das eleições americanas de 2016, ele publicou no Intercept uma matéria intitulada “EXCLUSIVO: NOVO VAZAMENTO DE E-MAILS REVELA RELAÇÃO PRÓXIMA DA CAMPANHA DE CLINTON COM A IMPRENSA”, que expunha o conteúdo de mensagens trocadas entre a equipe da candidata democrata Hillary Clinton e jornalistas.
Ao divulgar as supostas conversas entre Moro e os procuradores da Lava-Jato, o blogueiro ignominioso não se importou com a forma como o material fora obtido nem com o óbvio direcionamento dos alvos: somente juízes e investigadores envolvidos em decisões desfavoráveis aos acusados pela Lava-Jato tiveram seus dados vazados. Ao ser perguntado sobre essa seletividade, o coveiro de reputações respondeu: “Qualquer sugestão de que eu me oponho à Lava-Jato é totalmente ridícula”. Seus métodos se encaixam naquilo que é conhecido como “jornalismo ativista”, “jornalismo de oposição” ou “jornalismo de choque”.
A prática usa as premissas que regem a profissão, como a preservação da fonte e a busca do interesse público, para atingir apenas rivais. Seu sobrenome até deu origem a um verbo em inglês: “greenwalding”. Em 2016, o termo entrou no site Urban Dictionary, em que os leitores elencam acepções para as palavras e votam nas melhores, sedo uma das mais populares “pinçar um conteúdo e tirá-lo do contexto com o objetivo de difamar alguém”.
Os alvos do “jornalista investigativo” e seu site panfletário são todos aqueles que, em sua visão de mundo, abusam de sua condição de poder. Trata-se de um grupo eclético, que inclui o Partido Democrata, as elites, o jornal The Washington Post, a Globo, os ricos (embora ele próprio seja financiado por um bilionário), o FBI, a CIA, Israel, o Reino Unido, o ex-procurador especial dos Estados Unidos Robert Mueller, a Lava-Jato (quando o alvo é o PT), e por aí segue a procissão.
O gosto pelo enfrentamento, destilado quase diariamente em sua conta do Twitter, aflorou ainda em 2005, quando Glenn passou a criticar a presença militar americana no Iraque. No ano seguinte, publicou o livro Como um patriota deveria atuar — o título fazia referência ao Patriot Act, criado pelo presidente George W. Bush como resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. A obra tornou-se um best-seller, e o sucesso editorial lhe abriu as portas para a autoria de colunas no site americano Salon e, mais adiante, no jornal inglês The Guardian.
Com Snowden e Assange, o paladino dos bocós forma um trio sempre disposto a defender Vladimir Putin. Dos três ativistas, Glenn é quem tem a língua mais afiada. Para cada abuso ou crime cometido a mando de Putin, ele cria uma história para relativizar o fato ou afirma que as evidências não são suficientes para culpar Moscou. Quando um ex-espião russo e sua filha foram envenenados com novichok na Inglaterra, disse que os cientistas britânicos mentiram quando afirmaram que a substância havia sido produzida na Rússia.
Além prestar vassalagem o ditador russo, Greenwald é simpatizante de grupos terroristas muçulmanos, como o Estado Islâmico, a Al-Qaeda, o Hamas e o Hezbollah, que considera como "as democracias do Oriente" — só para lembrar: em 1983, membros do Hezbollah explodiram dois caminhões-bomba no Líbano e mataram 307 militares que estavam no país como força de paz. Desses, 241 eram americanos. Mas o Brasil entrou em sua vida por questões pessoais: Em 2005, ele conheceu o marido David Miranda, então com 20 anos, que conquistou seus cinco minutos de fama ao ser interrogado durante nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, depois de ter sido pego transportando documentos de Snowden para Greenwald.
Em 2016, Miranda se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro; em 2018, tentou a Câmara dos Deputados, mas conseguiu apenas a primeira suplência da bancada do PSOL. Quando Jean Wyllys se autoexilou na Espanha, alegando ameaças de morte, o vice passou a titular, o que comprova mais uma vez quão bem servidos estamos de representantes no Congresso.
"Lutamos contra os governos mais poderosos do mundo e a CIA, a NSA, o Reino Unido… Estávamos sendo ameaçados o tempo todo”, disse Greenwald em entrevista ao site Agência Pública, dois dias depois da divulgação das mensagens roubadas do celular de Dallagnol. Na mesma entrevista, atacou veículos de imprensa brasileiros, afirmando que a “grande mídia” estava trabalhando para a Lava-Jato. No dia seguinte, a Globo emitiu um comunicado revelando que, apesar dos ataques, o panfleteiro havia proposto uma pareceria para divulgar as mensagens roubadas.
"Lutamos contra os governos mais poderosos do mundo e a CIA, a NSA, o Reino Unido… Estávamos sendo ameaçados o tempo todo”, disse Greenwald em entrevista ao site Agência Pública, dois dias depois da divulgação das mensagens roubadas do celular de Dallagnol. Na mesma entrevista, atacou veículos de imprensa brasileiros, afirmando que a “grande mídia” estava trabalhando para a Lava-Jato. No dia seguinte, a Globo emitiu um comunicado revelando que, apesar dos ataques, o panfleteiro havia proposto uma pareceria para divulgar as mensagens roubadas.
Glenn e a Globo já haviam trabalhado juntos em 2013, na publicação dos documentos de Snowden, mas o assassino de reputações se negou a dar informações sobre o conteúdo e a origem do material que dizia possuir. Em outras palavras, ele queria fechar a parceria sem que a emissora soubesse o que tinha em mãos, e por isso a conversa não foi adiante. Uma vez publicadas as matérias no Intercept, prossegue o comunicado da Globo, um representante do site ainda a procurou para oferecer uma entrevista. Também não deu certo. Na sequência, Glenn passou a atacar a Globo. “O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o caráter dele”, resume a nota.
O mundo dá muitas voltas. Seria justiça poética o casal 20 versão século XXI receber uma dose cavalar do próprio remédio, até porque a diferença entre o fármaco e o veneno está justamente na dosagem. E assim encerro mais este capítulo, aproveitando o ensejo para recomendar a leitura desta matéria, que detalha o imbróglio que descrevi. Se sobrar tempo, vale também assistir a este vídeo.
Continua...