segunda-feira, 22 de agosto de 2022

O IMPEACHMENT QUE NÃO HOUVE


A deposição da Dilma e a promoção do vice decorativo a titular nos pareceu o fim do jugo lulopetista. Depois de mais de 13 anos ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma destrambelhada, ter um presidente que não só sabia falar como até usava mesóclises foi um refrigério. Mas Joesley Batista transformou o vampiro do Jaburu num pato manco.

Como desgraça pouca é bobagem, a perspectiva da volta do o lulopetismo corrupto nos obrigou, dali a dois anos, a apoiar um candidato medíocre, com vocação para caudilho, que mais adiante se tornaria o pior mandatário da história desta republiqueta de bananas.
 
Lições que nos são ensinadas só são úteis quando as aprendemos. Em O Primo Basílio, o conselheiro Acácio pontuava regularmente que "o problema das consequência é que elas sempre vêm depois". E a "escolha" que fizemos nas eleições passadas — a única possível depois que a plebe ignara escalou os dois extremistas mais extremados do espectro político-ideológico para o segundo turno — continua produzindo consequências. Para espanto de ninguém, pois alçar mais um desequilibrado incompetente ao cargo mais importante do país não poderia resultar em outra coisa.   
 
Em maio de 2019, quando a reforma da Previdência patinava no Congresso e Bolsonaro acusava os deputados de trocar votos por cargos e verbas, a rejeição dos setores político e empresarial — e até de militares — ao governo ameaçou mergulhar o país numa crise institucional (a primeira de muitas, como se veria mais adiante). 
Um grupo de parlamentares chegou mesmo a desengavetar um projeto que previa a implantação do parlamentarismo — se aprovado, o presidente se tornaria uma figura meramente decorativa. 

Observação: Em entrevista a VEJA, o ministro Dias Toffoli disse que sua atuação foi fundamental para botar água nessa fervura. 

Lula, ao ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento à PF em 2016, ensinou que para matar uma jararaca é preciso golpeá-la na cabeça. Como não aprendemos a lição, o petralha passou míseros 580 dias na carceragem da PF, embora respondesse a 20 ações criminais e já tivesse sido condenado em duas, por uma dezena de magistrados, a mais de 26 anos de reclusão. 

Como esta banânia não é um país sério, o ex-presidiário foi convertido em "ex-corrupto", reinserido no tabuleiro da sucessão presidencial e — pasmem! — aparece como franco-favorito nas pesquisas de intenção de voto.
 
Como desgraça pouco é bobagem, Rodrigo Maia trancafiou na gaveta da presidência da Câmara cerca de 60 pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Segundo o nobre deputado, "havia erros, mas não crimes", na gestão do capetão. 
Arthur Lira, atual comandante da Casa do Povo, mantém a sete chaves mais de 140 pedidos — e o mesmo fim terão os que porventura forem protocolados até o final desta trágica gestão.
 
Continua...