Perde-se uma eleição por diversas razões. A principal é a falta de votos, e as demais não vêm ao caso.
Depois de anos de desconversa, o dublê de ex-presidente e ex-presidiário se viu forçado pela conjuntura a admitir uma obviedade: houve desvios durante os governos petistas. Em entrevista à CNN, reconheceu os desvios na Petrobras, enalteceu medidas de controle adotadas nas administrações petistas e apontou as perversões da gestão Bolsonaro. Só não explicou como fará, caso retorne ao Planalto, para evitar que a roubalheira se repita.
Lula reiterou que acabará com o orçamento secreto — versão institucional do mensalão e do petrolão. Como fazer? "Política é a arte de conversar", disse. "Você conversa com quem está na cadeira, eleito como deputado, como senador, goste ou não goste. Você conversa com quem tem poder de decisão." (Hoje, "poder" é apenas um outro nome para Centrão).
Perguntou-se a Lula se sabia do loteamento político na Petrobras. E ele: Isso "acontece na democracia de qualquer país do mundo". Declarou que, eleito, os partidos que integram sua coligação "vão ter direito de indicar" pessoas para postos na engrenagem federal. Insistiu: "Isso faz parte da democracia." Disse a certa altura: "As pessoas que eu indiquei para a Petrobras eram pessoas com mais de 30 anos [na empresa]. Não era um corpo estranho."
Observação: Chama-se Paulo Roberto Costa (ou chamava-se, melhor dizendo, pois morreu há poucas semanas) o primeiro delator da roubalheira na Petrobras. Lula o chamava de "Paulinho". Em depoimento, Paulinho declarou ter trabalhado por 27 anos na estatal "sem nenhuma mácula". De repente, foi indicado para a diretoria de Abastecimento pelo PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira, os reis do orçamento secreto da era Bolsonaro. Foi a partir do apadrinhamento político que Paulinho meteu-se em corrupção. Disse que passou a operar segundo a regra da oração de São Francisco: "É dando que se recebe".
Ao confundir o aparelhamento que levou ao assalto com "coisa da democracia", Lula revela que nada aprendeu. Ou nada esqueceu. Repetindo os métodos, chegará aos mesmos resultados. Nesse jogo, dão as cartas personagens como Lira, Nogueira e Valdemar Costa Neto — ex-sócios do petrolão ou do mensalão, que agora mamam nas tetas no orçamento secreto e são a favor de tudo ou contra qualquer outra coisa, desde que possam plantar bananeira dentro dos cofres estatais.
Depois de anos de desconversa, o dublê de ex-presidente e ex-presidiário se viu forçado pela conjuntura a admitir uma obviedade: houve desvios durante os governos petistas. Em entrevista à CNN, reconheceu os desvios na Petrobras, enalteceu medidas de controle adotadas nas administrações petistas e apontou as perversões da gestão Bolsonaro. Só não explicou como fará, caso retorne ao Planalto, para evitar que a roubalheira se repita.
Lula reiterou que acabará com o orçamento secreto — versão institucional do mensalão e do petrolão. Como fazer? "Política é a arte de conversar", disse. "Você conversa com quem está na cadeira, eleito como deputado, como senador, goste ou não goste. Você conversa com quem tem poder de decisão." (Hoje, "poder" é apenas um outro nome para Centrão).
Perguntou-se a Lula se sabia do loteamento político na Petrobras. E ele: Isso "acontece na democracia de qualquer país do mundo". Declarou que, eleito, os partidos que integram sua coligação "vão ter direito de indicar" pessoas para postos na engrenagem federal. Insistiu: "Isso faz parte da democracia." Disse a certa altura: "As pessoas que eu indiquei para a Petrobras eram pessoas com mais de 30 anos [na empresa]. Não era um corpo estranho."
Observação: Chama-se Paulo Roberto Costa (ou chamava-se, melhor dizendo, pois morreu há poucas semanas) o primeiro delator da roubalheira na Petrobras. Lula o chamava de "Paulinho". Em depoimento, Paulinho declarou ter trabalhado por 27 anos na estatal "sem nenhuma mácula". De repente, foi indicado para a diretoria de Abastecimento pelo PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira, os reis do orçamento secreto da era Bolsonaro. Foi a partir do apadrinhamento político que Paulinho meteu-se em corrupção. Disse que passou a operar segundo a regra da oração de São Francisco: "É dando que se recebe".
Ao confundir o aparelhamento que levou ao assalto com "coisa da democracia", Lula revela que nada aprendeu. Ou nada esqueceu. Repetindo os métodos, chegará aos mesmos resultados. Nesse jogo, dão as cartas personagens como Lira, Nogueira e Valdemar Costa Neto — ex-sócios do petrolão ou do mensalão, que agora mamam nas tetas no orçamento secreto e são a favor de tudo ou contra qualquer outra coisa, desde que possam plantar bananeira dentro dos cofres estatais.
Observação: Antes de iniciar a entrevista, William Waack lamentou a ausência de Bolsonaro — o único que não deu retorno às várias tentativas da emissora de agendar data e horário para que o candidato à reeleição apresentasse suas propostas de governo. Curiosamente, o presidente aceitou o convite do SBT para participar do quadro "Candidatos com Ratinho".
Em 2018, cavalgando um PSL nanico, Bolsonaro chegou ao Planalto numa campanha que declarou à Justiça Eleitoral gastos de míseros R$ 2,5 milhões. Hoje, reclama da penúria milionária, enquanto disputa o caixa do PL com uma legião de candidatos ao Legislativo.
A título de contextualização, Bolsonaro percorreu três décadas de vida pública a bordo de 9 partidos, todos do Centrão. Em 2019, devido a divergências sobre a distribuição das verbas milionárias dos fundos partidário e eleitoral, deixou o laranjal do PSL e tentou fundar o "Aliança pelo Brasil". Como não conseguiu reunir nem a metade das assinaturas necessárias, flertou com o PTB, o PRTB, o Patriota e o PP e finalmente se amancebou com o PL.
Em 2018, cavalgando um PSL nanico, Bolsonaro chegou ao Planalto numa campanha que declarou à Justiça Eleitoral gastos de míseros R$ 2,5 milhões. Hoje, reclama da penúria milionária, enquanto disputa o caixa do PL com uma legião de candidatos ao Legislativo.
A título de contextualização, Bolsonaro percorreu três décadas de vida pública a bordo de 9 partidos, todos do Centrão. Em 2019, devido a divergências sobre a distribuição das verbas milionárias dos fundos partidário e eleitoral, deixou o laranjal do PSL e tentou fundar o "Aliança pelo Brasil". Como não conseguiu reunir nem a metade das assinaturas necessárias, flertou com o PTB, o PRTB, o Patriota e o PP e finalmente se amancebou com o PL.
O enlace com o mensaleiro e ex-presidiário Costa Neto aconteceu após um namoro turbulento, com direito a "intensa troca de mensagens" do mais alto nível — como "vá para a puta que pariu" e “vão tomar no cu você e seus filhos”. Mas, no discurso proferido durante a cerimônia de filiação, Bolsonaro disse sentir-se em casa.
Observação: Na convenção partidária de 2018, o general-menestrel e futuro chefe do GSI cantarolou uma paródia do samba Reunião de Bacana e acrescentou: "Querem reunir todos aqueles que precisam escapar das barras da lei num só núcleo. Daí criou-se o Centrão. O centrão é a materialização da impunidade". Como se vê, o mundo gira e a Lusitana roda.
O PL de Costa Neto distribuiu a seus candidatos notáveis R$ 312 milhões em verbas públicas. Entre os presidenciáveis, Bolsonaro é um dos que mais arrecadaram doações de pessoas físicas — cerca de R$ 11 milhões até agora. Ainda assim, seu primogênito e articulador de campanha leva os lábios ao trombone para alardear que as doações "estão sendo realizadas de forma muito lenta" (e pede aos eleitores doações por Pix). Em outras palavras, o candidato que posou de antissistema e se jactou da campanha barata em 2018 agora atribui (por antecipação e pela boca do senador das rachadinha) sua possível derrota nas urnas a uma suposta falta de dinheiro.
Observação: O próprio Costa Neto também reclamou da hipotética pindaíba, mas é bom lembrar que sua prioridade não é reeleger Bolsonaro, e sim aumentar a bancada do PL na Câmara, de maneira a arrancar mais dinheiro dos cofres públicos a partir da próxima legislatura.
O senador das rachadinhas não notou, mas o principal problema da campanha do pai não é pecuniário. Nenhuma campanha à reeleição será rica o suficiente para comprar um passado de realizações para um administrador que não tem o que mostrar.
Com Josias de Souza
O PL de Costa Neto distribuiu a seus candidatos notáveis R$ 312 milhões em verbas públicas. Entre os presidenciáveis, Bolsonaro é um dos que mais arrecadaram doações de pessoas físicas — cerca de R$ 11 milhões até agora. Ainda assim, seu primogênito e articulador de campanha leva os lábios ao trombone para alardear que as doações "estão sendo realizadas de forma muito lenta" (e pede aos eleitores doações por Pix). Em outras palavras, o candidato que posou de antissistema e se jactou da campanha barata em 2018 agora atribui (por antecipação e pela boca do senador das rachadinha) sua possível derrota nas urnas a uma suposta falta de dinheiro.
Observação: O próprio Costa Neto também reclamou da hipotética pindaíba, mas é bom lembrar que sua prioridade não é reeleger Bolsonaro, e sim aumentar a bancada do PL na Câmara, de maneira a arrancar mais dinheiro dos cofres públicos a partir da próxima legislatura.
O senador das rachadinhas não notou, mas o principal problema da campanha do pai não é pecuniário. Nenhuma campanha à reeleição será rica o suficiente para comprar um passado de realizações para um administrador que não tem o que mostrar.
Com Josias de Souza