O mundo é regido por uma lei de permanência. Apesar de estar sempre morrendo, a vida está sempre renascendo. A dissolução apenas dá à luz novos modos de organização, e uma morte é a mãe de mil vidas. Cada hora, como vem, não passa de uma prova do quão efêmero (apesar de seguro e certo) é o todo. É como uma imagem refletida nas águas, que permanece a mesma apesar de o rio continuar fluindo. O sol se põe, mas nasce de novo. O dia é engolido pela noite escura e volta a brotar dela, tão novo como se nunca tivesse sido extinto. A primavera se transforma em verão, atravessa o outono, vira inverno, e então retorna em grande estilo, triunfando sobre a sepultura, apesar de seguir a passos apressados e firmes em direção à morte desde o início dos tempos. Lamentamos os desabrochares de setembro porque as flores vão secar e morrer, mas sabemos que setembro, um dia, vai se vingar de junho com a revolução daquele ciclo solene que nunca para, e que nos ensina em nosso ápice de esperança a sermos sempre sóbrios, e, na profundeza da desolação, a nunca nos desesperarmos.
Até segunda, se Deus quiser.