domingo, 18 de dezembro de 2022

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO: VANDALISMO, TERRORISMO E TRANSIÇÃO

 

Por ocasião de sua diplomação, o enviado pela Divina Providência para acabar com a fome, presentear a imensidão de desvalidos com três refeições por dia e multiplicar a fortuna dos milionários referiu-se à tragédia eleita em 2018 como "pequeno monstro", "aberração", "fruto da "antipolítica". Disse ainda que não dá para entender "como e de onde" esse sujeito surgiu. Mas ele sabe que a eleição de Bolsonaro deveu-se sobretudo ao antipetismo, da mesma forma que seu terceiro mandato é uma consequência do antibolsonarismo.

 

Em que pese a acirrada concorrência, Bolsonaro conseguiu ser o pior mandatário desde Tomé de Souza. Isso explica — ao menos em parte — o fato de Lula ter sido tirado da prisão após cumprir míseros 580 dias da pena de mais 25 anos a que fora condenado por uma dúzia de magistrados, em três instâncias do Judiciário, em dois dos 26 processos que ele colecionou desde que deixou a Presidência. 

 

Os últimos quatro anos foram uma temporada inolvidável de poder nas mãos de um insano, e as consequências, visíveis e inevitáveis, estão postas. A poucas semanas da transferência da faixa — cerimônia da qual Bolsonaro dificilmente participará —, não há como pagar pensionistas da Previdência nem recursos para a Saúde ou para as universidades públicas. O pendura junto a organismos multilaterais, dos quais o Brasil participa como ativo interlocutor, supera os R$ 5 bilhões. Falta dinheiro até para o cafezinho (já frio). 

 

O conjunto da obra bolsonarista é calamitoso. Para além da esbórnia fiscal praticada nos últimos meses — com vistas a uma reeleição que não veio —, a falência é gerencial, moral e social. Numa das poucas aparições públicas que fez desde a derrota nas urnas, Bolsonaro deu a exata dimensão de seu despreparo para o cargo, vertendo lágrimas numa cerimônia militar — não em consideração às vítimas de seus equívocos ou como sinal de comiseração ou de arrependimento pelos malfeitos praticados, mas por seu próprio destino e pela constatação de que seu intento tresloucado de promover um golpe para se perpetuar no cargo malogrou.


ObservaçãoNo Morning Show da Jovem Pan da última quarta-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro se referiu à posse de Lula como "eventual" e "hipotética", evidenciando que o furdunço ocorrido na noite da diplomação de Deimos e Phobos não passou de preâmbulo da batalha campal que pode acontecer em 1º de janeiro de 2023.

 

O presidente não chorou durante a pandemia, quando a morte de brasileiros virou uma constante. Ali, ele exibia uma macheza insensível, reclamando de todos — "vamos deixar de frescura, de mimimi, vão ficar chorando até quando?" —, num egoísmo abjeto que jamais abandonou. As dificuldades impostas a um País que viveu atormentado por incitações ao caos, pelas “motociatas” sem sentido e pelas gambiarras gerenciais do alto comando estão cobrando um alto preço. 


A tortura administrativa do único chefe do Executivo federal que não conseguiu se reeleger desde a redemocratização está com os dias contados, mas o horror de sua deplorável passagem pelo Planalto não cabe em lágrimas de crocodilo.

 

Triste Brasil.