quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

PONTOS A PONDERAR...


Quatro anos sob o comando de um sociopata fizeram a volta de Ali-Babá e seus 37 ministros parecer um refrigério, mas convém lembrar que o impeachment de Dilma e a ascensão de Michel Temer pareciam ser uma lufada de ar fresco numa catacumba, e deu no que deu. 
 
Após 13 anos e fumaça ouvindo garranchos verbais de um apedeuta e frases desconexas de uma destrambelhada, ter no Planalto alguém que não só sabia falar como até usava mesóclises pareceu ser o melhor dos mundos, mas o "ministério de notáveis" — que faria Temer entrar para a história como "o cara que recolocou o Brasil nos eixos" — não passava de uma confraria de corruptos. 

Depois que sua conversa de alcova com certo moedor de carne bilionário veio a público, Temer passou ser lembrado pela célebre frase "tem de manter isso, viu?". O prosaico procurador-geral Rodrigo Janot ofereceu duas denúncias contra ele, que, auxiliado pela tropa de choque capitaneada Carlos Marun, montou sua tenda de mascate libanês na porta da Câmara e passou a oferecer cargos e verbas em troca de votos.

Observação: Mais ou menos como Lula fez durante o impeachment de Dilma, com a diferença de que o Vampiro do Jaburu aliciou carpideiras em número suficiente para entoar a marcha fúnebre enquanto as denúncias eram sepultadas.
 
Temer concluiu seu mandato tampão aos trancos e barrancos e passou a faixa para o estrupício que o antipetismo e a facada desfechada por um aloprado ajudaram a eleger em 2018 — e que fez da Presidência uma Disneylândia particular, e do mandato, o palanque para sua interminável campanha pela reeleição. 

Observação: Por alguma razão incerta e não sabida, ¼ do eleitorado tupiniquim se declara bolsonarista e aplaude o "mito", que, emulando o último presidente-general da ditadura (aquele que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo), deixou o país para não ter de transferir a faixa presidencial ao ex-presidiário que o derrotou nas urnas. 
 
Evitar a reeleição de Bolsonaro era fundamental, mas a volta de Lula et caterva era opcional. Faltou combinar com a récua de muares travestidos de "eleitores" sempre prontos a fazer as piores escolhas. Prova disso é que o presidente empossado no último domingo foi alvo de 26 ações criminais, condenado em duas, tirado da cadeia por togados camarada e guindado ao Planalto pela terceira vez em duas décadas. Detalhe: de seus 37 ministros, pelo menos 19 são investigações na Justiça. 
 
O terceiro mandato de Lula será a 12ª tentativa de renascimento do Brasil em seis décadas de história republicana, anotou Josias de Souza em sua coluna no UOL. Fracassos anteriores deixaram ensinamentos e aproximaram o país de resoluções relevantes, mas o desastre Bolsonaro serviu apenas para demonstrar o que não deve ser tentado nunca mais. 
 
Continua...