domingo, 26 de fevereiro de 2023

DINHEIRO DE PINGA

 

A derrota de Bolsonaro gerou um racha entre os evangélicos. Enquanto alguns líderes de grandes igrejas se aproximam de Lula, um grupo de pastores defende uma intervenção militar e o retorno do Messias ao poder.
 
A informação mais precisa sobre o retorno do ex-mandatário ao Brasil foi dada pelo filho Flávio: "Pode ser amanhã, daqui seis meses, nunca." Mesmo estando fora do país desde 30 de dezembro, o capitão é lembrado constantemente em Brasília, sobretudo nos tribunais. Ele diz que voltará em março, para liderar a oposição, mas aliados e integrantes do Judiciário afirmam nos bastidores que algumas das ações que tramitam no TSE podem ser julgadas ainda neste semestre, e que o risco de inelegibilidade é real. O próprio Bolsonaro admitiu que tem medo de ser preso — com o fim do mandato e, consequentemente, a perda do foro privilegiado, vários processos desceram para a primeira instância.
 
Ao The Wall Street Journal, Bolsonaro disse que "perder é parte do processo" e que "não está dizendo que houve fraude, mas o processo foi enviesado" — o que o jornal descreveu como uma aparente tentativa de moderar as críticas ao sistema eleitoral brasileiro. Ele também negou qualquer participação nos atos terroristas de 8 de janeiro, argumentando que sequer estava no Brasil. Por outro lado, disse que se vê como "o líder nacional da direita" e que "não há ninguém mais apto a assumir o papel". 
 
A fuga do ex-sultão do bolsonaristão já custou aos cofres públicos a "bagatela" de R$ 795 mil. Além do custos da viagem, feita no avião presidencial, as diárias — remuneração extra para aos servidores que o acompanharam — e a hospedagem da comitiva custaram respectivamente R$ 150.129,56 e R$ 152.662,16. Só o ex-Bope Max Guilherme embolsou ao menos R$ 64.456,53 em diárias extras. Foram gastos ainda R$ 341.962,40 com locação de veículos e R$ 39.824 com a contratação de intérpretes.
 
Dois dias antes da viagem, Bolsonaro despachou para os EUA o Escalão Avançado e a equipe de apoio da presidência. Os gastos foram de R$ 94.141,79 de taxas aeroportuárias — apoio de solo e comissária aérea —, R$ 12.317,60 de seguros-viagem de servidores e R$ 3.432,20 de passagem aérea. 
 
Michelle Bolsonaro também viajou aos EUA, mas retornou ao Brasil em 26 de janeiro. Ao Correio Braziliense, ela desmentiu que o marido deve voltar ao país em breve, reconheceu a preocupação do "mito" com o inquérito sobre os atos terroristas (Bolsonaro é citado como um dos "mentores intelectuais" da tentativa de golpe de Estado e acusado de incitação ao crime). 

Na mesma entrevista, a ex-primeira-dama disse que o salário mensal de R$ 33,7 mil que vai receber para comandar o PL Mulher "não é tanto assim", e que, se viajar o país todo, "precisa ter condições". 
 
Considerando que Lula tenciona mandar Dilma para a China, com salário mensal de quase R$ 300 mil, o valor que o PL de Valdemar Costa Neto vai pagar a Micheque é "dinheiro de pinga".