Lula reclamou de ainda não ter se mudado para a residência oficial da Presidência. "Eu estou morando no hotel. Eu sou um sem-casa, um sem-palácio. Faz mais de 45 dias que estou num hotel, esperando que a gente consiga liberar o Alvorada porque o cidadão que estava morando lá não tinha nenhuma disposição e intenção de cuidar daquilo. Nem cama a gente encontrou no quarto presidencial", afirmou ele, esquecendo de dizer (ou lembrando de não mencionar) que sua estada na melhor suíte presidencial do hotel de luxo Meliá (até o dia 18 de janeiro, pois as despesas continuam correndo) nos custou a "bagatela" de R$ 216 mil.
Impostos estão embutidos em tudo que a gente paga. Em alguns casos, o molho sai mais caro que o peixe (a alíquota que incide sobre o preço de uma garrafa de cachaça é de 81%). Quem tem emprego trabalha cinco meses por ano para pagar tributos municipais, estaduais e federais, mas mesmo aqueles que foram privados do salário continuam submetidos à escorchante carga tributária nesta Belíndia — neologismo que o economista Edmar Bacha criou em alusão ao padrão belga da qualidade de vida dos ricos em contraposição à miséria indiana que assola os pobres.
No último dia do primeiro mês de 2023, o impostômetro já passava da marca dos R$ 300 bilhões. Em tese, essa dinheirama deveria retornar para os "contribuintes" na forma de serviços de qualidade (como educação, saúde e segurança) e bancar o custeio da máquina pública. Mas os trilhões que não são usados para saciar o apetite pantagruélico de um Estado apinhado de sevandijas escoam pelo ralo da corrupção.
Muitos brasileiros não sabem de onde vão tirar dinheiro para pagar IPTU, IPVA, material escolar, plano de saúde, aluguel, taxas condominiais, luz, água, gás, fatura do cartão de crédito e outras despesas que tais. Para eles, é aviltante ouvir Lula reclamar de um pacote all inclusive no melhor hotel do DF.
Como se vê, o problema não é falta de casa, teto ou palácio. O problema é falta de vergonha na cara.