Ainda sobre a farra com dinheiro do contribuinte (não existe isso de dinheiro público), o deputado alagoano Arthur Lira, alçado à presidência da Casa do Povo (pausa para as gargalhadas) graças a Bolsonaro e seu vergonhoso Orçamento Secreto e candidatíssimo a um segundo mandato, contemplou seus pares com diversas benesses.
Graças a sua singela penada, o auxílio moradia dos parlamentares que não moram em imóveis funcionais subiu para até R$ 8.401 por mês, as despesas com combustível passaram de R$ 6 mil para R$ 9.392 mensais e o "cotão" — usado para bancar passagens aéreas, aluguel de escritório de apoio nos estados, alimentação e aluguel de veículos, entre outros "benefícios" — de R$ 30.788,66 a R$ 36.852,46 (chegando a R$ 51.406,33 no estado de Roraima). Mas não é só.
Sai governo, entra governo, as moscas mudam, mas a merda continua a mesma. Na reestreia de Lula, vários ministros da Esplanada usaram jatinhos da FAB como "Uber Aéreo" em finais de semana, ainda que não houvesse agenda oficial que justificasse a requisição. Mário Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Margareth Menezes (Cultura), Fernando Haddad (Fazenda), Jader Filho (Cidades), Flávio Dino (Justiça) Nísia Trindade (Saúde) decolaram em diferentes aeronaves oficiais rumo a seus respectivos estados. Todos levaram de três a nove caroneiros e alegaram motivos de Segurança para o uso dos jatinhos da FAB.
Os voos da FAB para autoridades são regulados pelo Grupo de Transporte Especial. O GTE 1 transporta o presidente e o vice-presidente da República (em dois aviões grandes). O GTE 2 transporta ministros, os presidentes da Câmara, Senado e STF e os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica em aparelhos Legacy 135, Embraer 145, Phenom 300 e Learjet. O GTE 3 conta com helicópteros — que também transportam o presidente e o vice.
Os ministros podem utilizar jatinhos em agendas oficiais ou por motivos de serviço, emergência médica segurança, mas vale lembrar que uma hora/voo nessas aeronaves custa cerca de R$ 15 mil aos contribuintes (os voos podem ser consultados por qualquer cidadão em https://www.fab.mil.br/voos).
Viagens de ministros, em jatinhos da FAB, do DF para suas cidades de origem foram liberadas pelo Decreto 4.244/2002. Durante as gestões petistas, suas excelências marcavam compromissos oficiais e políticos em seus redutos eleitorais nos finais de semana para "legitimar" a mordomia. Entre 2008 e 2009, quando era ministro das Relações Institucionais, o atual ministro da Defesa fez 71 deslocamentos em aeronaves da Força Aérea; entre 2010 e 2011, o então ministro da Educação Fernando Haddad fez 130, 46 das quais para São Paulo — "e um direito meu ir para casa", disse ele em 2012.
O decreto 8.432/15, baixado durante a segunda gestão de Dilma, vetou o uso de aeronaves da FAB em deslocamentos de ministros de Estado para seus domicílios. Em janeiro de 2020, o Decreto 10.267 baixado pelo então presidente Jair Bolsonaro manteve a proibição, mas deixou brechas que permitiam as viagens "por motivos de segurança". Não obstante, ministros do grupo político do "mito" dos apatetados deram um jeitinho de viajar a seus estados de origem em finais de semana e/ou retornar ao DF na segunda-feira em aeronaves da FAB, evitando, assim, a execração pública que seria inevitável se recorressem a voos comerciais.
E viva o povo brasileiro.
