segunda-feira, 6 de março de 2023

CARLO ROVELLI E A INEXISTÊNCIA DO TEMPO

O TEMPO NÃO PARA NO PORTO, NÃO APITA NA CURVA, NÃO ESPERA NINGUÉM. ATÉ PORQUE ELE SEQUER EXISTE!

 

Em 2020, num evento organizado pela revista New Scientist, o físico italiano Carlo Rovelli esticou uma corda de uma ponta a outra do palco, pendurou uma caneta no meio e disse: "É aqui que estamos; à direita fica o futuro e à esquerda, o passado. O tempo é uma sequência de momentos que podemos ordenar, que tem uma direção preferida e que podemos medir com relógios". E acrescentou em seguida: "Quase tudo que eu falei está errado. É como se eu dissesse que a Terra é plana"
 
Rovelli procura conciliar a mecânica quântica (que descreve o mundo microscópico e partículas menores que prótons e elétrons) com a relatividade geral (que trata dos corpos gigantescos do Universo, como estrelas e planetas), e é um dos fundadores da teoria da gravidade quântica em loop, também conhecida como teoria do loop, à luz da qual conceitos de tempo e espaço simplesmente não existem (para mais detalhes, assista a este vídeo e leia este artigo).


A relatividade geral e a mecânica quântica dizem coisas diferentes, mas ambas parecem estar certas. Rovelli explica que a natureza se comporta como um velho rabino que, consultado por dois homens para resolver uma disputa, deu razão a ambos, e quando sua mulher ponderou que os dois não poderiam ter razão ao mesmo tempo, disse que ela também estava certa.

Da busca pela conciliação surgiu a Teoria das Cordas, que podemos compreender melhor lembrando que tudo em que tocamos é feito de átomos, cujos núcleos são formados por prótons (partículas com carga elétrica positiva) e por nêutrons (partículas com carga nula). Essas partículas são compostas por quarks, em cujo interior ficam as cordas, que formam partículas diferentes conforme sua vibração.

Prótons e nêutrons têm massas semelhantes (porém não idênticas) e permanecem ligados graças à força nuclear. Ao contrário do que se imaginava, eles não são elementares; os prótons são formados por um quark down e dois quarks up, e os nêutrons, por dois quarks down e um up. O quark down é mais pesado que o up, daí o próton ser mais leve que o nêutron. 

Observação: Existem seis tipos diferentes de quarks: up, down, charm, strange, top e bottom. Cada tipo possui propriedades e comportamentos distintos. O quark up (u) e o quark down (d) são os mais comuns. A principal diferença entre eles é a carga elétrica: o quark up tem carga elétrica positiva de +2/3, ao passo que o quark down tem carga elétrica negativa de -1/3.


Os quarks também diferem em relação à estabilidade: o do tipo up é considerado estável e não pode se decair em outras partículas, enquanto o do tipo down pode se transformar em up por meio da emissão de um bóson W-, que é uma partícula mediadora da interação. Mas esses detalhes fogem aos propósitos desta abordagem.


Continua...