quarta-feira, 22 de março de 2023

OSPÁLIA TUPINIQUIM (QUARTA PARTE)

Militares que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro serão julgados pelo STF. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, "a Justiça Militar julga crimes militares, e não crimes de militares". Até o final do mês passado, nenhum fardado havia sido incluído na lista de denunciados da PGR, a despeito de militantes civis e militares terem se lambuzado da mesma maneira na gosma do bolsonarismo. 
 
Embora Lula tenha prometido "desbolsonarizar o Planalto", a maioria dos militares foi absorvida em novas funções, como se nenhuma suspeita pairasse sobre eles. Inúmeras investigações sigilosas vêm sendo conduzidas pelo Exército sob a supervisão do Ministério Público Militar. Se haverá punições, só Deus sabe.

Lula cobrou de Haddad "criatividade" para arrumar as verbas. O ministro apresentou sua proposta de nova regra de controle dos gastos públicos, mas foi torpedeado pela banda "desenvolvimentista do PT", representada na sede do governo por Rui Costa.

Lula usou a "frente ampla" para se eleger. Compôs um ministério em que auxiliares precários, como o manga-larga Juscelino Filho, passam a sujo a Esplanada. Manteve o Centrão dentro do cofre. Envernizou o prestígio de Arthur Lira. Alegou que precisa do Centrão para aprovar as reformas. Quando Haddad apresenta a primeira reforma relevante, Lula submeter seu principal ministro a uma novidade culinária: a fritura por procuração. 

Haddad diz que vai zerar o déficit público até 2024. Para atingir essa meta sem travar os planos do chefe, seria precisa não só tirar coelhos da cartola, mas cartolas de dentro dos coelhos. Prestigiado pelo presidente, seria uma tarefa difícil; torpedeado pelo próprio partido, mais difícil ainda. Trabalhando com um olho nas contas e outro no companheiro Rui Costa, o ministro tomará lentamente o rumo do óleo quente.
 
Na Famiglia Bolsonaro, a vida pública se confunde frequentemente com a privada. A derrota do Messias fez com que viessem à tona as malfeitorias éticas da família — como as estripulias do filho Renan e os depósitos feitos na conta da então primeira-dama por Fabrício Queiroz —, e que Micheque, ora incluída na folha de pagamento do PL, descobrisse que não existem pecados originais no clã do marido. 
 
Com Josias de Souza.