Todos têm direito às próprias opiniões, mas não aos próprios fatos. O formato da Terra e a existência da gravidade, por exemplo, pertencem ao mundo dos fatos, mas são contestados por apedeutas que encerram discussões dizendo: "é a minha opinião".
O Pew Research Center pediu a 5 mil americanos que lessem dez frases simples e dissessem quais eram afirmações factuais e quais eram opiniões. Somente 35% dos entrevistados conseguiram identificar as frases opinativas e 26% apontaram corretamente as factuais Se fosse feita no Brasil, essa pesquisa poderia ter um resultado ainda pior, pois somos um dos três países mais ignorantes do mundo.
A despeito de décadas de exploração espacial, milhões de emparvecidos negam a alunissagem da Apollo 11 e dizem que a Terra é plana e sustentada por elefantes. A Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul condecorou "pesquisadores terraplanistas" que concluíram que nosso planeta não é geoide, mas, sim, convexo. Só falta agora esses iluminados descobrirem (e serem homenageados pela descoberta) que a merda fede. Mas não se pode perder de vista o fato de que nossos políticos são eleitos por gente que nem sempre consegue distinguir fatos de opiniões (para dizer o mínimo).
Achar tocar "Stairway to Heaven" de trás para a frente revela uma mensagem satânica, que o mundo é governado por reptilianos (ou pelos Illuminati) e outras bobagens que tais é coisa de napoleões de hospício, mas que só faz estragos na imagem que as pessoas mais esclarecidas têm sobre esses lunáticos. Por outro lado, apoiar o movimento antivacina, que foi liderado pelo pior presidente desde a redemocratização desta banânia, é algo muito mais grave.
No artigo "Obscurantismo do Século XXI", a revista Superinteressante relembra que no século XIX, quando não existiam vacinas nem antibióticos, cerca de 30% das crianças morriam antes de completar cinco anos, e que em 2015 a média mundial caiu para 4,3% e a do Brasil, para 1,7%. Curiosamente, nesse mesmo ano o SUS gastou US$ 17,3 bilhões em homeopatia, aromaterapia, cromoterapia, bioenergética e outros tratamentos sem nenhuma evidência de eficácia.
Bolsonaro e a sumidade que ele nomeou ministro da Saúde no auge da pandemia de Covid) foram apontados por conceituados imunologistas, epidemiologistas e "outros istas" como responsáveis pela morte de mais de meio milhão de pessoas), mas certo ministro do STF (que foi reprovado duas vezes em concursos para juiz de direito em São Paulo, mas ganhou a toga em retribuição aos bons serviços prestados a Lula e ao PT) mandou arquivar pedidos de investigação que a CPI do Genocídio apresentou contra o mito dos apatetados e seus acólitos.
Continua...