O PT foi criado (1980) com a promessa de fazer política sem roubar nem deixar roubar. Depois de três tentativas malogradas, Lula se elegeu presidente (2002) e, a despeito do mensalão, conquistou seu segundo mandato (2006) e vendeu como "gerentona" uma incompetente de quatro costados, que se elegeu (2010), "fez o diabo" para se reeleger (2014) e acabou penabundada (2016).
Depois que a denúncia de Joesley Batista rebaixou a "ponte para o futuro" de Temer ao status de pinguela (2017), os brasileiros, cansados de tanta safardanice (mas sempre vocacionados a fazer as piores escolhas), elegeram um dublê de mau militar e parlamentar medíocre (2018), cuja passagem pelo Planalto foi ainda pior que a da gerentona de araque.
Depois que a denúncia de Joesley Batista rebaixou a "ponte para o futuro" de Temer ao status de pinguela (2017), os brasileiros, cansados de tanta safardanice (mas sempre vocacionados a fazer as piores escolhas), elegeram um dublê de mau militar e parlamentar medíocre (2018), cuja passagem pelo Planalto foi ainda pior que a da gerentona de araque.
Assim, conchavou-se a soltura do presidiário mais famoso do Brasil, que, descondenado e reabilitado politicamente, derrotou a versão tropical de "Murf the Surf" (2022) e conquistou um terceiro mandato presidencial — fato inédito nesta republiqueta de bananas. Mas a versão 3.0 da gestão do petista começou a fazer água durante a transição, e a situação não melhorou nos últimos três meses.
Os presentinhos milionários são mais mais uma prova de que Bolsonaro, filhos e agregados fizeram do Estado um parque de diversões. Além das antológicas rachadinhas, houve casos de prevaricação, pagamento a pastores aliados em barras de ouro, conspirações milicianas e toda sorte de maracutaias nada republicanas. Não fosse o Brasil uma republiqueta bananeira, essa seleta confraria estaria na cadeia.
O penúltimo capítulo da novela "Muamba das Arábias" revelou que o Verdugo do Planalto guardou consigo um terceiro pacote de joias. De acordo com o Estadão, tratava-se de um caixa contendo uma caneta da marca Chopard, um relógio Rolex, um par de abotoaduras, um anel e uma "masbaha" — espécie de rosário árabe —, tudo de ouro branco e cravejado com brilhantes (o valor total da prenda é estimado em R$ 500 mil).
Juntamente com esse "pacote", o então mandatário recebeu dois frascos de essências, dez garrafas de azeite de oliva extra virgem, seis sacos de café árabe e duas embalagens contendo tâmaras. Ao contrário das joias, que deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio do Estado brasileiro, mas não foram, o capitão desdenhou dos perecíveis, que foram submetidos ao mais alto rigor do processo de vistoria (costuma ser praxe presidentes da República não consumirem itens como alimentos, devido ao risco de contaminação).
Observação: "Ninguém ganha dezenas de milhões de reais em prendas a troco de nada", disse Fernando Haddad. Mas talvez não tenha sido "a troco de nada": um mês após a comitiva de Bolsonaro retornar do Oriente Médio, a Refinaria Landulpho Alves foi vendida para o fundo financeiro de Abu Dhabi por menos da metade do valor de mercado.
Bolsonaro perdeu parte de seu capital político, mas será uma pedra no sapato do atual governo. Até porque a base de apoio de Lula não é suficiente para aprovar medidas que dependem de reforma constitucional, embora o petista venha distribuindo cargos e verbas como se não houvesse amanhã.
Como presidente de honra do partido comandado pelo mensaleiro e ex-presidiário Valdemar Costa Neto, Bolsonaro receberá R$ 39.293 — valor que, somado às pensões como militar e deputado, elevará sua renda mensal a R$ 86,5 mil. Isso sem falar nos R$ 33 mil que a ex-primeira-dama Micheque embolsará para posar de presidente do PL Mulher.
Resta saber como esse capítulo da história do Brasil terminará. Faço votos de que não acabe em pizza, como acabaram os 26 processos criminais movidos contra a autoproclamada alma viva mais honesta do Brasil, que foram anulados pelo STF.
Triste Brasil.