Candidato à Presidência, Bolsonaro posava de ex-militar probo, de origem humilde, que defendia a família e comia pão com Leite Moça no café da manhã trajando uma patética camiseta pirata do Palmeiras e calçando chinelos Rider. Eleito, fingiu ser avesso ao uso de cartões corporativos, mas abasteceu a cozinha palaciana com camarões eviscerados, bacalhau dessalgado, filé-mignon, picanha, paçoca, castanha de caju, lasanha, iogurte, pipoca de micro-ondas e bolacha recheada, além, é claro, de muito Leite Moça — em 2019 foram compradas 15 caixas em abril, 30 em outubro e 20 em dezembro.
Ao longo da tenebrosa gestão do capetão, cartões corporativos bancaram viagens de lazer da então primeira dama, diárias de hotel para zero dois "trabalhar" em home office, combustível, alimentação e hospedagens nas famigeradas motociatas e outras despesas que tais. Para evitar que esse descalabro se prolongasse por mais quatro anos, os brasileiros reconduziram ao Planalto o dublê de ex-presidente e ex-presidiário que, a pretexto da destruição promovida pelo seu antecessor no Alvorada, se hospedou com a nova primeira-dama na suíte presidencial do hotel Meliá. No dia 18 de janeiro, as diárias já somavam mais de R$ 216 mil, e outros R$ 379.428 foram gastos na compra de mobília para a residência oficial da Presidência. De acordo com o Blog Vozes, só em janeiro o petista torrou R$ 500 mil em diárias e passagens de seguranças e assessores.
Observação: Até o final do mês, Lula completará 18 dos 120 dias iniciais de seu mandato no exterior, com quatro viagens, seis países e quase duas voltas ao mundo — um recorde desde a redemocratização. Sua viagem à China me trouxe à memória uma inspiradíssima manchete que o Planeta Diário publicou em 1988: DEPOIS DA CHINA, SARNEY IRÁ À MERDA.
Em vez de cuidar do próprio quintal, o descondenado-em-chefe — sabe-se lá se por ingenuidade ou megalomania — insiste em meter o nariz onde não é chamado, como fez ao se posicionar a favor da Rússia na guerra contra a Ucrânia. A obsessão de se tornar um líder internacional sem resolver as questões internas do país que governa é antiga, e foi estimulada por Barack Obama, que o classificou como "o cara" num evento internacional. Mas não demorou para que o presidente norte-americano se arrependesse: em entrevista a Pedro Bial, ele fez comentários negativos sobre Lula e relembrou que não tinha conhecimento das denúncias de corrupção quando fez o elogio.
Em Lisboa, o primeiro-casal tupiniquim se hospedou no Hotel Tivoli, que fica na área mais valorizada da capital portuguesa e é cercado por lojas de luxo, como Cartier, Gucci e Louis Vuitton. As diárias chegam a custar € 4.000 (cerca de R$ 22.000 na cotação atual), e a suíte presidencial, de 270 m², dispõe de closet, salas de estar e jantar, cozinha, banheiro com walk-in shower e banheira, além de dar acesso a mordomias exclusivas.
Na sexta 21, Janja foi vista fazendo compras na loja da grife italiana Zegna, especializada em roupas masculinas. Indagada se havia comprado um presente para o marido, ela não respondeu, mas a chuva de críticas levou-a a postar no Twitter uma foto de Lula usando sua nova gravata de € 170 (cerca de mil reais pelo câmbio atual).
Como bem disse J.R. Guzzo — que, neste caso específico, está coberto de razão —, trata-se de uma cena de deslumbramento hipócrita, brega e explícito. Num país de miseráveis (são 120 milhões de pessoas passando fome, segundo fontes do próprio governo), não faz o menor sentido torrar centenas de milhares de reais com mobília, diárias em hotéis caríssimos e outras frescuras.
Desde que foi tirado da prisão por decreto do STF, safando-se da pena que cumpria por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula se convenceu de que é Deus. Hoje, transformado em presidente do Brasil, acha que é Deus elevado ao cubo, e vem dando sinais evidentes — e cada vez mais frequentes — de que deixou de perceber a existência de qualquer relação entre o que faz e o que seria a sua obrigação mínima de fazer como homem público.
Sem uma base consolidada, o presidente de turno vem sendo pressionado pela oposição, que já oficializou 7 pedidos de impeachment, 120 ações na PGR e quase 20 pedidos de informações no Congresso. E a situação deve piorar agora que a CPMI dos atos antidemocráticos for instalada (isso agora são favas contadas). Mesmo que ainda não haja condições políticas para se avançar com um pedido de impeachment, já se fala à boca pequena que, se continuar por esse caminho, Lula não durará muito tempo no cargo — ou, na pior das hipóteses, terminará o terceiro mandato regurgitando demagogia sobre escombros.
Desde que foi tirado da prisão por decreto do STF, safando-se da pena que cumpria por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula se convenceu de que é Deus. Hoje, transformado em presidente do Brasil, acha que é Deus elevado ao cubo, e vem dando sinais evidentes — e cada vez mais frequentes — de que deixou de perceber a existência de qualquer relação entre o que faz e o que seria a sua obrigação mínima de fazer como homem público.
Sem uma base consolidada, o presidente de turno vem sendo pressionado pela oposição, que já oficializou 7 pedidos de impeachment, 120 ações na PGR e quase 20 pedidos de informações no Congresso. E a situação deve piorar agora que a CPMI dos atos antidemocráticos for instalada (isso agora são favas contadas). Mesmo que ainda não haja condições políticas para se avançar com um pedido de impeachment, já se fala à boca pequena que, se continuar por esse caminho, Lula não durará muito tempo no cargo — ou, na pior das hipóteses, terminará o terceiro mandato regurgitando demagogia sobre escombros.
Triste Brasil.