domingo, 11 de junho de 2023

E LÁ NO FUNDO AZUL DA NOITE NA FLORESTA...

A SUPREMA ARTE DA GUERRA É DERROTAR O INIMIGO SEM LUTAR 

Saci-Pererê é descrito como um negrinho perneta, de meio metro de altura, que saltita pela floresta vestindo uma touca vermelha e fumando cachimbo. Entre outras travessuras, ele embaraça a crina dos cavalos, queima a comida no fogão, apaga velas e lamparinas e faz objetos desaparecerem. 


Quando o Saci passa, redemoinhos levantam folhas, poeira e sujeira, e seu assovio estridente desorienta os viajantes. Para apanhá-lo é preciso lançar um tipo de peneira no meio do redemoinho, retirar sua touca — sem a qual ele perde os poderes  e aprisioná-lo em uma garrafa com uma cruz desenhada nela. Solta nas matas, essa criatura vive até 77 anos, ao final dos quais se transforma num cogumelo venenoso.

 
A lenda do Curupira remonta ao século XVI. 
O nome, oriundo do tupi, significa algo como "corpo de menino". A primeira menção a essa entidade foi feita pelo padre José de Anchieta, em 1560. Outros relatos remetem ao jesuíta português Fernão Cardim (1584), ao padre Simão de Vasconcelos (1663) e ao padre João Daniel (1797). Os silvícolas descrevem esse guardião das matas como um anão de cabelos vermelhos, que gosta de cachaça e de fumo e que tem os calcanhares virados para a frente (para que suas pegadas confundam os caçadores). Sua presença é denunciada por um assovio contínuo. Para se proteger, quem encontrá-lo na floresta deve dar um nó num pedaço de cipó. 

 

Reza a lenda que a Mãe d’Água — ou Yara, ou ainda Uiara, que significam "aquela que mora nas águas" — era a filha de um pajé e se destacava dos demais membros da tribo por sua coragem e beleza. Movidos pelo ciúme, seus irmãos decidiram matá-la, mas ela se antecipou, matou-os e fugiu para as matas. Quando a encontrou, o pajé a atirou na confluência dos rios Negro e Solimões, mas os peixes trouxeram seu corpo de volta à superfície e a luz da lua cheia a transformou numa sereia de cabelos longos e olhos verdes, cuja beleza enfeitiça os homens e os atrai para a morte (os que sobrevivem acabam loucos, a menos que sejam curados por um pajé ou uma benzedeira).