segunda-feira, 31 de julho de 2023

NÃO ESTAMOS SÓS...

O ASPECTO MAIS TRISTE DA VIDA ATUAL É QUE A CIÊNCIA ALCANÇA O CONHECIMENTO MAIS RAPIDAMENTE DO QUE A SOCIEDADE ALCANÇA A SABEDORIA.

 


Aos poucos, o bolsonarismo radical descobre da pior maneira que existe cadeia no mundo da Terra plana. Dias atrás, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços dos bolsonaristas que hostilizaram Alexandre de Moraes. Na sequência, foi detido o golpista Diego Ventura, um dos líderes do acampamento de porta de quartel que desaguou no 8 de janeiro. Os nomes dos ex-fugitivos são sugestivos. Depois de Ventura, sinônimo de sorte, vem Frutuozo, que, não fosse pela grafia com "z", poderia dar melhores frutos. Mesmo em cana, o exibicionista profissional continua com os pés plantados na realidade paralela do "mito" e dá desinformação como a bananeira dá bananas. Ainda não notou que a esperança no inelegível é a última que mata.


O governo americano vem tratado avistamentos de OVNIs como "fenômenos anômalos não identificados" e atribuindo a maioria dos incidentes a balões, drones, pássaros, eventos climáticos ou detritos transportados pelo ar, como sacolas plásticas. Na quarta-feira 26, a Câmara dos Deputados daquele país convocou uma audiência histórica sobre UFOs. Foi reconhecimento mais sério de que os avistamentos misteriosos merecem atenção nos níveis mais altos do governo. 

 

Na audiência, três testemunhas relataram seus encontros com objetos que desafiavam a física e contaram sobre pilotos com medo de falar, material biológico recuperado de embarcações e supostas retaliações contra denunciantes. Todos reconheceram que os fenômenos anômalos eram uma ameaça potencial à segurança nacional. O ex-piloto aposentado da Marinha Ryan Graves, que agora dirige o grupo Americans for Safe Aerospace, disse que "se os OVNIs são drones estrangeiros, é um problema de segurança nacional urgente; se for outra coisa, é uma questão para a ciência; em ambos os casos, objetos não identificados são uma preocupação para a segurança de voo".

 

David Fravor, comandante aposentado da Marinha dos EUA, e David Grusch, ex-oficial de inteligência da USAF, também testemunharam. "A tecnologia com a qual nos deparamos era muito superior a qualquer coisa que nós tínhamos", disse Fravor, referindo-se a um episódio que testemunhou em 2004. "Durante o exercício de minhas funções oficiais, fui informado sobre um programa de várias décadas para recuperar restos de acidentes envolvendo OVNIs e realizar engenharia reversa", disse Grusch.


Pressionado a fornecer detalhes durante a audiência, Grusch reiterou várias vezes que não poderia fazê-lo num ambiente público devido à classificação sigilosa das informações, mas afirmou que o governo está ocultando dados não apenas do público, mas também do Congresso, e que entrevistou pessoas com conhecimento direto sobre naves extraterrestres. Perguntado pela deputada republicana Nancy Mace se materiais 'biológicos' foram recuperados pelo governo em possíveis destroços de naves supostamente alienígenas, ele respondeu que sim, e disse ainda que, de acordo a avaliação de pessoas com conhecimento direto sobre o programa com quem conversou, esses materiais eram 'não-humanos' (mas deixou claro que ele próprio jamais viu um corpo alienígena).

 

Para o deputado republicano Tim Burchett, que pressionou pela realização da audiência, trata-se de uma questão de transparência do governo. "Não estamos trazendo homenzinhos verdes ou discos voadores para a audiência… Vamos apenas chegar aos fatos, descobrir o que está encoberto." Nenhum funcionário do governo americano testemunhou nessa audiência. 


Em abril, Sean Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios do Pentágono, disse a um subcomitê do Senado que o governo estava rastreando 650 casos potenciais de fenômenos aéreos não identificados, mas que seu escritório não encontrou 'nenhuma evidência confiável' de objetos que desafiam as leis conhecidas da física. 

 

Na avaliação do democrata Robert Garcia, os OVNIs, seja qual for sua origem, podem representar uma séria ameaça para as aeronaves militares e civis. Seu colega Jared Moskowitz salientou a importância de o Congresso atuar de maneira bipartidária para pressionar por mais transparência do governo, e o republicano Eric Burlison disse achar difícil acreditar que seres capazes de viajar bilhões de quilômetros para chegar até nós seriam 'incompetentes' a ponto de cair na Terra, e que algum dos OVNIs poderia pertencer a programas de agências secretas que outras entidades governamentais haviam ocultado. 

 

Em 2017, a questão dos OVNIs veio à tona quando o jornal The New York Times noticiou a existência de um programa secreto do Pentágono para investigar esses fenômenos — apoiado pelo ex-líder da maioria no Senado, Harry Reid, eleito pelo estado de Nevada, onde fica a Área 51. Depois que o Times e uma organização chamada To The Stars Academy Of Arts & Science publicaram três vídeos mostrando encontros inexplicáveis com objetos voadores supostamente alienígenas, os militares passaram a reconhecer esses encontros, mas se recusaram a especular sobre suas origens. 


Investigar UAPs (de Unidentified Aerial Phenomenon) tornou-se uma rara questão bipartidária que o governo dos EUA começou a levar a sério nos últimos anos. Em 2022, o Comitê de Inteligência da Câmara realizou uma audiência sobre o programa secreto do Pentágono. Em junho, a NASA fez uma audiência pública sobre o assunto e instou a abordagem científica mais rigorosa para esclarecer a origem de centenas de avistamentos misteriosos. 


O Pentágono também passou a prestar especial atenção ao tema após uma série de avistamentos inexplicáveis por parte de pilotos da Marinha e da Força Aérea. Os ex-presidentes Barack Obama (democrata) e Donald Trump (republicano) abordaram o tema em entrevistas públicas, e o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, disse que "existem fenômenos aéreos inexplicáveis que foram citados e relatados por pilotos da Marinha e da Força Aérea, e não temos respostas sobre o que eles são."

 

A audiência do último dia 26 não chegou a qualquer conclusão mais séria, nem a uma confirmação de vida alienígena. Mas a atenção que as testemunhas receberam do Congresso foi notável.